Especialista diz que diálogo é forma de prevenir abuso sexual infantil
Especialista diz que diálogo é forma de prevenir abuso sexual infantil
Dia de Enfrentamento à Exploração Sexual é lembrado nesta quinta.
Publicado em 18/05/2023 - 08:32 Por Bruna Sanielle – Repórter da TV Brasil – Brasília
A cada hora
três crianças são abusadas no Brasil. Cinquenta e um por cento das vítimas têm
de 1 a 5 anos de idade. Os dados são da Campanha Maio Laranja, que visa a
conscientizar sobre o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A
violência, em geral, é cometida por alguém próximo da vítima e quase sempre
dentro de casa.
O Dia
Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes, celebrado nesta quinta-feira (18), busca sensibilizar a sociedade
sobre a necessidade de enfrentar essa violência em todos os seus níveis. A data
foi instituída em memória da menina Araceli Crespo, que tinha 8 anos quando foi
sequestrada, violentada e assassinada no Espírito Santo. Em 2023, o crime
completa 50 anos.
De acordo
com a psicóloga Amanda Pinheiro Said, da Secretaria de Saúde do Distrito
Federal, o abuso sexual de crianças e adolescentes é um tema complexo,
sobretudo por envolver pessoas conhecidas da família. “São o que a gente chama
de abusos intrafamiliares. São pessoas da família ou pessoas conhecidas, que
ainda que não tenham vínculo consanguíneo, são muito íntimos. Às vezes, tios de
consideração, vizinhos, amigos próximos. É por isso que a maior parte dessas
violências ocorre dentro do ambiente doméstico. É uma das partes mais difíceis
quando falamos dessa violência”.
Alerta
Anualmente,
500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil. Somente
7,5% dos casos são denunciados, o que indica que os números podem ser maiores.
Para identificar quem está sofrendo os abusos, é preciso ficar atento aos
sinais. Entre eles, estão mudanças de comportamento, comportamentos infantis
repentinos, silêncio predominante, mudanças súbitas de hábitos, queda no
rendimento escolar, traumatismos físicos e comportamentos sexuais.
“Dependendo
do gênero da criança, a forma de expressar esses sinais também muda. Então,
para meninas, são mais comuns os transtornos alimentares, o choro frequente, o
humor deprimido. No caso dos meninos, aparece a agressividade, a raiva”,
explica Amanda. Ela alerta ainda para a importância da atenção aos
comportamentos da criança em todos os ambientes em que ela transita. Seja em
casa, na escola ou na casa de parentes.
Conselho
Tutelar
Quando
crianças são vítimas de qualquer tipo de abuso ou têm seus direitos violados, o
Conselho Tutelar é acionado. É o órgão que fiscaliza e aplica as medidas de
proteção previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Conselheiros e
conselheiras estão sempre em contato com as escolas, com os pais e com toda a
comunidade para ajudar a identificar casos de violência e garantir a segurança
das vítimas.
De acordo
com Gustavo Henrique Camargos, presidente da Associação de Conselheiros
Tutelares do Distrito Federal, cabe ao conselho receber os dados de abuso e
auxiliar o Poder Executivo na tomada de providências e no direcionamento de
recursos para combater o problema.
“Essa é uma
atribuição legal que vem junto com o Estatuto da Criança e do Adolescente: assessorar
o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária. Então, eu
identifico os casos de violação, compilo esses dados para o governo [saber]
onde tem que investir o dinheiro para superação das situações de violação de
direito em torno da criança e do adolescente”.
Diálogo
Amanda Said
ressalta a importância do diálogo com o menor de idade como mecanismo de
prevenção do abuso. “Não só os familiares, mas também as escolas, onde as
crianças passam tanto tempo, é preciso ser falado, por exemplo, sobre o corpo
da criança e do adolescente, as questões do cuidado, quem pode tocar, quem não
pode. Tem várias formas de abordar isso, dependendo da faixa etária da
criança”.
“A gente
pode trabalhar a questão da autopreservação das crianças e adolescentes, para
eles entenderem que o corpo é deles e ninguém pode tocar sem que autorizem. E
que há alguns toques que são estranhos, perigosos, e ninguém pode fazer essa
abordagem, nem mesmo os pais. Então, quando abordamos a educação sexual, a
gente fala sobre uma forma de prevenção que deve começar assim que a criança
nasce”, afirma.
Edição:
Graça Adjuto