Ex-premiê paquistanês é preso dentro da Suprema Corte, e apoiadores tomam as ruas em protesto
Ex-premiê paquistanês é preso dentro da Suprema Corte, e apoiadores tomam as ruas em protesto
Imran Khan, opositor ao governo atual, responde a mais de cem processos por corrupção e pode ser impedido de concorrer às eleições no fim do ano. Manifestantes queimaram viaturas policiais em protesto.
Por g1 09/05/2023 10h12 - Atualizado há um minuto
O
ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan foi preso nesta terça-feira (9)
acusado de corrupção. A prisão desatou uma onda de protestos violentos contra a
polícia nas ruas de Islamabad por parte de apoiadores do ex-premiê.
Khan foi
preso dentro da Suprema Corte de Islamabad, onde trabalhava atualmente. Ele
trava uma forte disputa política com o atual governo do país desde que deixou o
poder, em 2022.
O ex-premiê
responde a mais de cem processos por corrupção em seu governo, e a polícia já
havia tentado prendê-lo antes em sua casa, mas, em todas as vezes, enfrentou
forte resistência de manifestantes e abortou as missões.
Desta vez,
policiais armados entraram no prédio da Suprema Corte e carregaram Khan até uma
viatura policial, já sob protestos de apoiadores.
Imran Khan foi deposto do poder por votação parlamentar em abril de 2022, por conta das denúncias por corrupção. Ele cumpriu quatro dos cinco anos de mandato, seguindo uma tendência no Paquistão, onde, nas últimas décadas, nenhum primeiro-ministro conseguiu concluir seu mandato no tempo normal.
Na maioria
dos processos que responde, Khan, caso condenado, pode ser impedido de ocupar
cargos públicos, com uma eleição nacional marcada para novembro.
O ministro
do Interior do Paquistão, Rana Sanaullah, disse a repórteres que Khan foi preso
pelo Escritório Nacional de Responsabilidade (NAB, na sigla em inglês) depois
de não comparecer perante o órgão “apesar dos avisos”.
O partido do
ex-líder do país, o Tehreek-e-Insaf, convocou manifestações por todo o país, e
apoiadores saíram às ruas enfurecidos. Na capital, viaturas e camburões da
polícia foram queimados.
“Povo
do Paquistão, esta é a hora de salvar seu país. Você não terá outra
oportunidade”, escreveu o partido no Twitter.
A prisão
ocorre em um momento em que os paquistaneses estão sofrendo com a pior crise
econômica em décadas, com inflação alta recorde e crescimento anêmico.
Um pacote de
resgate do Fundo Monetário Internacional foi adiado por meses, embora as
reservas cambiais mal sejam suficientes para cobrir as importações de um mês.
As disputas políticas são comuns no Paquistão, onde nenhum primeiro-ministro cumpriu um mandato completo e onde os militares governaram por quase metade da história do país.