Exército abre inquérito para investigar 4 militares por possíveis crimes na elaboração de carta golpista em 2022
Exército abre inquérito para investigar 4 militares por possíveis crimes na elaboração de carta golpista em 2022
Exército realizou sindicância para investigar participação de militares e concluiu que quatro deles podem ter cometido crime. Outros 26 receberam punições administrativas em razão da carta.
Por Vladimir Netto, Kellen Barreto, TV Globo — Brasília
O Exército
Brasileiro abriu nesta terça-feira (27)um Inquérito Policial Militar (IPM) para
investigar quatro militares por possíveis crimes relacionados à elaboração da
“Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do
Exército Brasileiro”. Essa carta, segundo investigações da Polícia
Federal, foi utilizada como instrumento de pressão ao então comandante do
Exército, General Freire Gomes, para que ele aderisse a um golpe de Estado em
2022.
Os quatro
militares que serão investigados pelos possíveis crimes são:
– Os
coroneis Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura (ambos
da ativa)
– E os
coroneis Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo Cardoso (os
dois da reserva).
– Agora, o
Exército tem 30 dias prorrogáveis por mais 30 para concluir o inquérito.
De acordo
com o Exército, a decisão de abrir o inquérito ocorreu após uma sindicância,
aberta por determinação do comandante do Exército, general Tomás Paiva. A
sindicância investigou a participação de 37 militares na produção, assinatura
ou disseminação da carta.
Desses, 26
foram punidos com base no Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), incluindo
12 coronéis, 9 tenentes-coronéis, 1 major, 3 tenentes e 1 sargento.
A
sindicância concluiu que havia indícios de crime na confecção da carta, o que
levou o comandante do Exército, general Tomás Paiva, a determinar a instauração
do inquérito sobre os quatro coroneis para aprofundar as investigações.
Os quatro
militares inicialmente citados no IPM já haviam sido ouvidos durante a
sindicância.
Histórico do caso
A Polícia
Federal investiga atos de caráter golpista realizados no Brasil após as
eleições de 2022, quando aliados e simpatizantes do candidato derrotado, o
ex-presidente Jair Bolsonaro, buscaram alternativas ilegais para mantê-lo no
poder.
A carta
golpista entregue ao comando do Exército foi encontrada no celular do
tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid. Os
investigadores suspeitam que o documento tenha sido produzido em uma reunião de
militares em novembro de 2022.
Em
depoimento à PF no início de março, o general Freire Gomes, então comandante do
Exército confirmou que tomou conhecimento da carta através do setor de
Comunicação Social do Exército na époica.
Ao ser
questionado sobre se o documento foi elaborado para pressioná-lo a aderir ao
golpe de Estado, Freire Gomes respondeu afirmativamente, destacando que ordenou
investigações em todos os comandos de área para identificar os envolvidos e
adotar as medidas necessárias.
O ex-comandante enfatizou que considera inapropriada a participação política de oficiais da ativa das Forças Armadas, como ocorreu com o documento em questão. Para a PF, a carta é um elemento central nas investigações sobre o envolvimento de militares em uma tentativa de golpe contra o governo democrático.