Falha em equipamento de usina contribuiu para apagão, revela NOS
Falha em equipamento de usina contribuiu para apagão, revela NOS
Blecaute deixou cerca de 29 milhões de pessoas sem energia no dia 15.
Publicado em 29/08/2023 - 13:36 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O
diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos
Ciocchi, disse, nesta terça-feira (29), que o sistema de proteção de uma usina
demorou mais tempo que o previsto para entrar em ação, gerando uma sobrecarga
que causou o apagão energético do último dia 15.
“Esta
avaliação só foi possível graças às informações que os agentes [do setor
elétrico] nos passaram, mostrando o tempo que o aparelho [um regulador de
tensão] de uma usina demorou a entrar em ação”, revelou Ciocchi na abertura da
reunião conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Minas
e Energia da Câmara dos Deputados.
Segundo o
diretor-geral do ONS – entidade privada responsável por coordenar e controlar a
operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no
Sistema Interligado Nacional – o equipamento em questão deveria ter demorado 15
milissegundos para entrar em ação, conforme previsto nos projetos habilitados
pelos agentes econômicos, mas demorou entre 80 milissegundos e 100
milissegundos.
Ainda de
acordo com Ciocchi, ao tentar reconstituir, em simuladores, os fatos que
antecederam o apagão do último dia 15, os especialistas do setor não conseguiam
obter o desligamento das fontes geradoras usando o tempo de resposta indicado
nos projetos. Só ao receber “a pista” de que o equipamento de uma usina pode
ter demorado além do tempo previsto para entrar em ação, os técnicos conseguiram
reproduzir o evento.
“A grande
pista, já discutida com técnicos, engenheiros e com vários experts do setor, é
que aí está a causa de uma série de outros eventos, de aberturas de linhas, que
levaram a esta desconexão que atingiu praticamente todo o Brasil”, acrescentou
o diretor-geral do ONS.
Ciochi
reforçou que, conforme divulgado anteriormente, o chamado “evento zero” que
contribuiu para que o apagão acontecesse foi o desligamento da linha de
transmissão 500kV Quixadá-Fortaleza. Segundo as autoridades do setor, isso
ocorreu milissegundos antes da pane momentânea no sistema, por “atuação
indevida” dos mecanismos de proteção do Sistema Interligado.
“Repetindo o
que falamos à época, isso não foi a causa do fenômeno, pois o sistema
brasileiro tem suas redundâncias [proteções em sequência] e é projetado para
resistir a uma perda simples desta natureza”, comentou Ciochi, voltando a
classificar a ocorrência do dia 15 como um “fenômeno completamente inusitado”.
O apagão
energético deixou cerca de 29 milhões de brasileiros sem energia em quase todo
o país, com exceção do estado de Roraima, cujo sistema não está ligado ao do
resto do país. A interrupção do fornecimento de energia elétrica, que começou
por volta das 8h30 (horário de Brasília) do dia 15, afetou as regiões do país
de forma diferente.
Nas regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste, de acordo com Ciochi, o serviço foi restabelecido
quase que integralmente em menos de uma hora. Já na Região Nordeste, a
recuperação demorou mais. Foram necessárias três horas para restabelecer apenas
70% da carga afetada. O impacto foi ainda maior na Região Norte. “Foi
praticamente um blecaute total e a recuperação enfrentou algumas dificuldades.
Ainda assim, às 15h49, mais de 90% da carga estava recuperada”, apontou o
diretor-geral do ONS, admitindo que, em termos nacionais, o apagão foi “de
grandes proporções”.
O
detalhamento das causas e responsabilidades pelo apagão constarão de um
relatório consolidado que o ONS divulgará nas próximas semanas.
Edição: Juliana Andrade