“Falta muito para se fazer”, diz Lula ao abrir reunião ministerial
"Falta muito para se fazer", diz Lula ao abrir reunião ministerial
Para o presidente, país foi “abandonado” pelo governo anterior.
Publicado por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva coordenou, nesta segunda-feira (18), a primeira
reunião ministerial de 2024 e disse que “ainda falta muito para se fazer”
no Brasil. Para Lula, o país foi “totalmente abandonado” pelo governo anterior
e esteve muito próximo de sofrer um golpe de Estado.
“A gente
ainda tem muito para fazer, em todas as áreas. E muito não é nada estranho, é tudo
aquilo que nós nos comprometemos a fazer durante a disputa eleitoral. Já
gastamos um ano e três meses do nosso mandato e vocês percebem quão pouco nós
fizemos e ao mesmo tempo quão muito nós fizemos. Eu duvido que alguém
conseguisse fazer se não fosse o esforço individual de cada um de vocês”, disse
Lula a seus ministros durante a abertura da reunião transmitida pelas redes
sociais e pelo Canal Gov.
O presidente
teceu críticas ao governo anterior. Para ele, seu antecessor, Jair Bolsonaro,
se preocupou em “estimular o ódio entre as pessoas”, em vez de pensar em
políticas sociais.
No encontro
no Palácio do Planalto, Lula citou que muitos ministérios estavam com defasagem
de servidores e que ainda não foi possível suprir toda a demanda de concursos
públicos. Segundo ele, a maioria das pastas não tinha políticas públicas com
interesse de inclusão social e outras haviam sido completamente encerradas,
como o Ministério da Cultura.
“Então, todo mundo aqui tem ciência dos
escombros que receberam quando nós tomamos posse”, disse Lula, citando ações
realizadas deste o início do mandato, como a recuperação dos programas Farmácia
Popular, Mais Médicos, Bolsa Família, programas educacionais, a redução do
desemprego e a retomada da política externa, com a abertura de 98 novos
mercados para produtos agrícolas brasileiros.
Golpe de Estado
O presidente
comentou também a divulgação dos depoimentos dos ex-comandantes das Forças
Armadas à Polícia Federal (PF). Na sua avaliação, o Brasil “correu sério risco”
de entrar em um novo período antidemocrático a partir da tentativa de golpe de
Estado no dia 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram
depredadas, em Brasília.
“Se, há três
meses, quando a gente falava em golpe parecia apenas insinuação, hoje temos
certeza que esse país correu sério risco de ter um golpe em função das eleições
de 2022”, disse Lula, exaltando ainda a recusa de comandantes das Forças Armadas
em aderir ao plano golpista.
Segundo
depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) pelos ex-comandantes do Exército, Marco
Antonio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior,
Bolsonaro estava no centro das conspirações de uma ruptura democrática.
Para Lula,
agora é o momento de fortalecer a democracia. “O povo foi mais sábio, mais
corajoso, e nós estamos aqui com a incumbência de fazer uma coisa muito
importante, que não é só resolver o problema da economia, da saúde, do
transporte, da agricultura, nós temos que resolver uma coisa muito mais séria
que é a consolidação do processo democrático desse país. A democracia passa a
ser uma coisa fundamental na nossa vida”, disse.
Segundo
Lula, apenas o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não estava
presente na reunião desta segunda-feira pois está em viagem ao Oriente Médio.
“Ele foi visitar a situação na Palestina, a Cisjordânia, e foi visitar outros
países também e levar um recado, uma mensagem dos brasileiros para lá”,
explicou Lula, em citação aos esforços do Brasil para resolução do conflito
entre Israel e o grupo palestino Hamas, na Faixa de Gaza.
Após a fala
inicial do presidente, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, apresentou um
balanço de ações do governo federal. Na sequência, a transmissão foi encerrada
e a reunião seguiu de forma privada.
Edição:
Maria Claudia e Marcelo Brandão