Famílias e empresas pagaram juros mais altos em 2022, diz BC
Famílias e empresas pagaram juros mais altos em 2022, diz BC
BC divulga estatísticas monetárias e de crédito de dezembro de 2022.
Publicado em 27/01/2023 - 11:01 Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil - Brasília
As famílias
e as empresas pagaram taxas de juros mais altas em dezembro do ano passado,
segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas hoje (27) pelo Banco
Central (BC). A taxa média de juros para pessoas físicas no crédito livre
chegou a 55,8% ao ano, elevação de 10,8 pontos percentuais (p.p.) no ano, com
destaque para o aumento em crédito pessoal consignado (+5,1 p.p.).
Nas
contratações com empresas, a taxa livre cresceu 3,4 ponto percentual ao ano,
alcançando 23,1% ao ano. O destaque ficou para as elevações em capital de giro
de longo prazo (+2,9 p.p.) e desconto de duplicatas e recebíveis (+4 p.p.). Com
isso, a taxa média de juros das concessões de crédito livre teve alta de 8,2
p.p. nos últimos 12 meses e chegou a 42% ao ano em dezembro.
No crédito
livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e
definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado, que
tem regras definidas pelo governo, é destinado basicamente aos setores
habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
Segundo o
BC, em 2022, o crédito livre às famílias atingiu R$1,8 trilhão, o que
significou crescimento de 17% no ano, após variação de 23% em 2021.
“Destaca-se a expansão das modalidades crédito pessoal não consignado; crédito consignado para servidores públicos, para aposentados e pensionistas do INSS; aquisição de veículos; e cartão de crédito. Em dezembro, houve expansão de 0,2%, com destaque para consignado de servidores públicos, aquisição de veículos e cartão à vista. Destaca-se ainda o efeito sazonal da redução em modalidades como cheque especial e cartão rotativo”, disse o BC.
Já o crédito
livre para empresas alcançou R$1,4 trilhão no ano passado, expansão de 9,9% no
ano, desacelerando da variação de 17,4% em 2021. Neste período, destacam-se os
crescimentos nas modalidades de duplicatas e outros recebíveis, aquisição de
veículos e capital de giro com prazo superior a 365 dias.
As reduções
na modalidade de capital de giro até 365 dias, repasse externo e antecipação de
faturas de cartão também apresentaram destaque. Em dezembro houve expansão de
2,7% no crédito livre a empresas, em especial para desconto de duplicatas e
recebíveis.
Em 2022, o
crédito direcionado atingiu R$ 2,2 trilhões, elevação de 14,3% no ano,
acelerando após crescimento de 10,9% em 2021. As pessoas jurídicas apresentaram
expansão de 8,1% no ano (após retração de 0,3% em 2021), enquanto as famílias
cresceram 17,9% (após alta de 18,5% no ano anterior). No mês, o crédito
direcionado variou 1,3%, com crescimento de 0,9% para empresas e 1,6% para
famílias.
Inadimplência
e endividamento
A
inadimplência do crédito geral situou-se em 3% em dezembro, aumento de 0,7 p.p.
em relação ao final de 2021. No crédito livre, esse indicador aumentou 1,1 p.p.
em 2022, encerrando o ano em 4,2%, enquanto nas operações direcionadas houve
estabilidade em 2022, finalizando em 1,2%.
O
endividamento das famílias com operações de crédito do Sistema Financeiro
Nacional (SFN) alcançou 49,5% em dezembro, com queda de 0,2 p.p. no mês e
elevação de 0,3 p.p. em doze meses. O comprometimento de renda aumentou 0,2
p.p. no mês e 1,8 p.p. em doze meses, situando-se em 28,2%.
Crédito
ampliado ao setor não financeiro
Em 2022, o
saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$ 14,8 trilhões, o
que representa 150,1% do Produto Interno Bruto (PIB), aumento de 8,5% no ano,
ante 13,9% em 2021, destacando-se os crescimentos dos empréstimos do sistema
financeiro nacional, 14,2%, e dos títulos públicos, 14,1%.
No mês de
dezembro, o crédito ampliado ao setor não financeiro cresceu 0,6%, com os
empréstimos e financiamentos e os títulos públicos variando 1,3% e 0,4%,
respectivamente.
ICC
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, atingiu 21,4% a.a. em dezembro, caindo 0,2 p.p. no mês e elevando-se 3,1 p.p. no ano. No crédito livre não rotativo, o ICC situou-se em 28,2% a.a., permanecendo estável em dezembro e aumentando 3,8 p.p. em 2022. O spread geral do ICC retraiu 0,3 p.p. no mês, e teve uma elevação interanual de 1,4 p.p.
A taxa média
de juros das contratações finalizou o ano de 2022 em 29,9% a.a., elevação de
5,6 p.p. após aumento de 6 p.p. em 2021. O spread geral das taxas de juros das
concessões situou-se em 19 p.p., variação de 3,3 p.p. em 2022 após elevação de
1,4 p.p. em 2021. No mês, os indicadores variaram -1,1 p.p. e -1,3 p.p.,
respectivamente.
Edição: Denise Griesinger