Fãs homenageiam Gal em velório: ‘Representa história na vida da gente’

Fãs homenageiam Gal em velório: 'Representa história na vida da gente'

Na fila à espera para se despedir da artista, público citou legado de Gal e cantou músicas preferidas; Cantora, uma das maiores do Brasil, morreu nesta quarta-feira, em SP

Por Paola Patriarca, g1 SP — São Paulo 11/11/2022 09h10  Atualizado há 55 minutos

À espera para se despedir da cantora Gal Costa, fãs de diversas regiões do país prestavam as últimas homenagens, cantavam hits e narravam sobre a relação afetiva criada com a artista por meio da música.

Aberto ao público, o velório ocorre a partir das 9h, no Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na Zona Sul da capital paulista.

 

Denise Matosinho foi a primeira a chegar. “Desde jovem sou apaixonada por ela. Quando soube da morte, foi um choque. Chuva de prata me marca. Fiz questão de vir ao velório. Não imaginava ser a primeira da fila”.

Fãs aguardam para se despedir de Gal Costa em frente à Alesp, nesta sexta (11) — Foto: Luiz Franco/g1
Fãs de Gal prestam homenagem no velório da cantora — Foto: Luiz Franco/g1

Pesquisador sobre Gal Costa, Renato Contente, foi o segundo a chegar. “Fiquei desnorteado. Entrei em choque. Sou fã há 11 anos e fiz um livro sobre ela na ditadura. Já entrevistei ela algumas vezes, encontrei como fã, era parte da minha vida”.

Carlos Alberto Schitini, de 52 anos, pegou ônibus e metrô bem cedo, para chegar duas horas antes do começo da cerimônia.

“Comecei na infância a gostar das músicas. O Brasil teve uma grande perda. Ela vai ser uma rainha. Ela vai ser uma estrela. Vai deixar um legado. Tenho todos os álbuns. Estava em casa quando soube. A gente está aqui só de passagem cumprindo uma missão. Enquanto vivemos aqui, temos que ter união e conservar amizades. Ela fez tudo isso. A Festa do interior é a música que me marcou por ser alegre e que a gente gosta de dançar”. 

Fã de Gal Costa com cartaz em homenagem à cantora — Foto: Luiz Franco/g1

Rosilda Silva Santos também encarou jornada no transporte público para se despedir da artista. Ela conta que sonhava em ir ao show de Gal ainda esse ano.

“O último show não tinha mais ingresso, aí pensei que ia no próximo, mas não vai ter o próximo. Até agora é um pesadelo. Legado deles. Acompanho desde de sempre. Desde os 10 anos. Moro em São Paulo e sou baiana. Gosto de todos. Mas a música chuva de prata me deixa bem. Representa história na vida da gente. Festa do interior também.”

Gal morreu aos 77 anos, em São Paulo, na quarta-feira (9). Ela havia cancelado alguns shows, após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita.

Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945 em Salvador e foi a voz de clássicos da MPB como “Baby”, “Meu nome é Gal”, “Chuva de Prata”, “Meu bem, meu mal”, “Pérola Negra” e “Barato total”.

Foram 57 anos de carreira, iniciada em 1965, quando a cantora apresentou músicas inéditas de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Ela ainda era Maria da Graça quando lançou “Eu vim da Bahia”, samba de Gil sobre a origem da cantora e do compositor.

Três anos depois, veio outro clássico: “Baby”, de Caetano Veloso. A canção foi feita para Maria Bethânia, mas Gal a lançou em disco e a projetou no álbum-manifesto da Tropicália. “Divino maravilhoso” (de Gil e Caetano) foi outra da fase tropicalista.

 

 

 

 

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