Fazenda diz que não vê aumento do imposto de importação para compras internacionais no ‘horizonte próximo’
Fazenda diz que não vê aumento do imposto de importação para compras internacionais no 'horizonte próximo'
Neste mês, governo informou que avalia a cobrança de um imposto de importação a partir do patamar de 20%. De janeiro a julho de 2023, as remessas enviadas ao país totalizaram cerca de 123 milhões de volumes, segundo a Receita.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse nesta
quarta-feira (20) que a pasta não vê no “horizonte próximo” a
possibilidade de aumento da alíquota do imposto de importação para as empresas
que aderirem ao programa Remessa Conforme, da Receita Federal. Hoje, a taxa é
zero para compras online de até US$ 50.
“A
gente só vai fazer revisão quando tivermos todas as informações, que dialogue
com as empresas, dialogue com o varejo, bata os números, e veja se de fato está
havendo falta de isonomia tributária. O Ministério da Fazenda quer que haja
concorrência”, disse.
O ‘e-commerce’ veio e veio para ficar. O lojista brasileiro tem seu lugar e sua pauta. Tem de haver o equilíbrio disso. Não pode haver predação entre um e outro”, declarou Durigan.
A declaração
foi dada durante participação em evento do Instituto Brasileiro de Ensino,
Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), sobre “Tributação do Comércio Eletrônico
Transfronteiriço e Justiça Tributária”.
No início
deste mês, Durigan afirmou que o governo federal avalia a cobrança de um
imposto de importação, a partir do patamar de 20%, no processo de regularização
das encomendas vindas do exterior. A esse valor, vai se somar o ICMS estadual,
que foi fixado em 17%.
Naquele
momento, o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) afirmou que o patamar
mínimo de 20% para o imposto de importação prejudica empresas brasileiras na competição
com as estrangeiras.
“O
patamar mínimo de 20% é muito aquém da necessidade para se ter uma competição
isonômica, portanto, não aceitável. Basta ver o estudo do IDV/IBPT, no qual a
carga tributária efetiva média é de 85%. Caso ocorra a implantação da alíquota
de 20%, a destruição de empresas e empregos continuará, em especial nas médias
e pequenas”, afirmou a entidade, por meio de nota.
Novas regras de comércio eletrônico
No início de
agosto, entraram em vigor novas regras para compras internacionais de até US$
50. A mudança atinge apenas as compras feitas pela internet, por pessoas
físicas no Brasil, em empresas fora do país.
Veja as
normas:
– As regras
atuais, com isenção de imposto de importação de 60% para remessas entre pessoas
físicas, continuam.
– Com a
publicação do novo normativo pela Receita Federal, as empresas de comércio
eletrônico poderão aderir a um programa de conformidade, que será opcional.
-As empresas que aderirem ao programa da
Receita terão o benefício de isenção do imposto de importação para compras de
até US$ 50, que, sem a adesão, só existem para remessas de pessoa física para
pessoa física.
– Para
compras acima de US$ 50, não muda nada nos tributos federais. Com isso, segue
em vigor a tributação de 60% do imposto de importação.
– A
declaração de importação e o eventual pagamento dos tributos acontecerá antes
da chegada da mercadoria.
– O vendedor
é obrigado a informar ao consumidor a procedência dos produtos e o valor total
da mercadoria (com inclusão dos tributos federais e estaduais).
– A portaria
da Receita Federal não trata das regras de tributos estaduais, que são de
competência de cada unidade da federação.
Em junho, os
estados definiram por unanimidade, adotar uma alíquota de 17% de Imposto sobre
a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para as compras feitas em
plataformas online de varejistas internacionais.
Aumento de declarações
No fim de
agosto, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmou que há
“ilegalidade grande” nas remessas de empresas de comércio eletrônico
de outros países ao Brasil, e prometeu tentar resolver o problema até o fim do
ano.
Nesta quarta-feira
(20), Dario Durigan explicou que as empresas que não aderirem ao programa
Remessa Conforme, para regularizar as encomendas do exterior, serão taxadas em
60% com o imposto de importação.
“Quem
não aderir, vai ser cobrado. E nos casos de burla à legislação, vai ter outra
consequência, podendo em casos mais graves ter consequência criminal. Aqui está
sendo feito um processo com diálogo. Em último caso, não se quer trazer nenhum
tipo de ônus ou tributação além do que os consumidores devam pagar”, acrescentou
o secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
Na semana
passada, a Receita Federal informou que a Shein foi certificada para participar
do Programa Remessa Conforme. Com isso, o programa passou a reunir 67% do
volume de remessas enviadas ao país.
De acordo
com a Receita Federal, de janeiro a julho de 2023, as remessas enviadas ao país
totalizaram cerca de 123 milhões de volumes. Desse total, cerca de 83 milhões
de volumes chegaram ao país através de operadores de transporte que prestam
serviços às empresas já certificadas.