Fiocruz identifica subvariante BA.5.3.1 do coronavírus no Amazonas
Fiocruz identifica subvariante BA.5.3.1 do coronavírus no Amazonas
Virologista diz que não houve aumento de casos graves
Publicado em 09/11/2022 - 19:39 Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Enquanto
autoridades de saúde do Rio de Janeiro veem uma possível associação entre o
aumento de casos de covid-19 entre cariocas e a subvariante BQ.1 do
coronavírus, no Amazonas, a alta nas infecções, até o momento, está relacionada
à subvariante BA.5.3.1, outra mutação genética do coronavírus SARS-CoV-2.
A conclusão
é do virologista Felipe Naveca, coordenador do Núcleo de Vigilância de Vírus
Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados do Instituto Leônidas & Maria
Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Em investigação realizada em amostras colhidas
até 21 de outubro, a subvariante BA.5.3.1 mostrou predomínio de 94%, enquanto
só um caso da BQ.1 foi encontrado.
Durante a
primeira quinzena de outubro, o estado do Amazonas registrava uma média de
novos casos diários de covid-19 próxima a 30. Após crescimento de mais de seis
vezes na quinzena seguinte, o estado entrou em novembro perto dos 200 casos
diários, chegando a 7 de novembro, último dia disponível no painel de dados da
Fiocruz, com 144 infecções diárias na média móvel.
“Como
estamos vendo, existe um aumento de casos no Amazonas recentemente, que não
está associado, até o momento, com o avanço da BQ.1 e, sim, à sublinhagem BA.5.3.1”,
afirmou o pesquisador, que também liderou o trabalho de identificação da
variante Gamma no Amazonas no fim de 2020, meses antes de ela se espalhar e
causar o colapso dos sistemas de saúde no momento mais crítico da pandemia, em
2021.
Naveca
explicou que o monitoramento da subvariante BQ.1 tem sido recomendado
globalmente porque ela está relacionada ao aumento das infecções nos Estados
Unidos e na Europa e destacou que, apesar de as duas subvariantes da Ômicron
estarem associadas a cenários de alta nos casos de covid-19, o mesmo não pode
ser dito sobre internações e mortes.
“O que
temos é um aumento de casos, mas não um aumento de casos graves. Essa é a
informação mais importante no momento. Precisamos continuar monitorando para
ver como vai se comportar a curva de casos nas próximas semanas, mas,
felizmente não temos aumento de casos graves. Isso mostra que a imunidade
adquirida pela população, principalmente por meio da vacinação, continua nos
protegendo. Por isso, é fundamental que aqueles que ainda não tomaram a segunda
dose de reforço procurem um posto de vacinação”.
No caso do
Amazonas, por exemplo, enquanto as novas infecções aumentaram mais do que seis
vezes na segunda quinzena de outubro, os óbitos caíram. Segundo o painel de
dados da Fiocruz, o estado confirmou três mortes por covid-19 entre 1 e 7 de
novembro.
No processo
de replicação viral, os vírus produzem mutações genéticas que geram
subvariantes e variantes frequentemente, o que permite que continuem a circular
e, algumas vezes, até mesmo infectar pessoas que já têm anticorpos contra eles.
Naveca explicou que seu grupo de pesquisa pedirá ao comitê responsável da
Organização Mundial de Saúde que reclassifique a BA.5.3.1 com uma designação
própria, diferente da linhagem BA, em função das mutações encontradas em sua
estrutura genética.
Edição:
Maria Claudia