Foragidos de presídio em Mossoró são denunciados por rebelião no Acre que terminou com cinco mortos
Foragidos de presídio em Mossoró são denunciados por rebelião no Acre que terminou com cinco mortos
Ao todo, Gaeco denunciou 13 presos que participaram da rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, que ocorreu em julho do ano passado e terminou com cinco mortos.
Por Aline Nascimento, g1 AC — Rio Branco
Rogério da
Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33 anos, foragidos da
Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, estão entre os 13
denunciados pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) à Justiça pela rebelião no
Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, que terminou com
cinco presos mortos, três deles decaptados.
O Grupo
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ofereceu deúncia ao
Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) pelos crimes de participação e promoção de
organização criminosa armada. Parte dos denunciados, incluindo Deibson Nascimento
e Rogério Mendonça, foram transferidos em setembro do ano passado para o
presídio federal de Mossoró.
Os dois fugiram da unidade prissional, na região Oeste do Rio Grande do Norte, no dia 14 de fevereiro. Esta foi a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, que conta com cinco presídios de segurança máxima. Na segunda-feira (4), as buscas entraram no 20º dia e se concentram, desde o início, nas áreas rurais das cidades de Mossoró e Baraúna, que são ligadas pela RN-015, onde fica o presídio.
A rebelião
em Rio Branco durou mais de mais 24 horas e teve fim no dia 27 de julho. Com pausa,
a negociação com os presos que mantinham um policial penal refém durou cerca de
16 horas. Cinco presos, membros de uma facção rival aos rebelados, foram mortos
no conflito. Destes, três tiveram a cabeça arrancada.
O policial
penal Janilson da Silva Ferreira atingido foi atingido com um tiro no olho e
faz campanha para tratamento fora do estado para recuperar a visão.
A Secretaria
de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) tratou o caso como uma tentativa de
fuga com tomada de reféns. Porém, foi levantada a hipótese de uma facção ter
arquitetado a rebelião para matar membros de um grupo rival.
Promoção da facção
O g1
conversou com o promotor de Justiça Ildon Maximiano, do Gaeco. Ele explicou que
a denúncia do MP-AC trata especificamente sobre atribuição e atuação dos
denunciados dentro da organização criminosa e de que forma contribuíram para a
rebelião.
“Então,
observando sobre esse aspecto, como é um ato de promoção da organização
criminosa, a ação em si, como ato a todas as ações desse entorno, foram atos de
promoção da organização criminosa, decidimos já oferecer a denúncia por causa
dessa atuação.
Segundo a
apuração do MP-AC, a rebelião começou a ser planejada quando alguns presos
foram transferidos para o pavilhão 01 da unidade prisional semanas antes. A
informação consta nos relatórios técnicos que consta nos autos.
Com a
transferência, os relatórios destacam que os presos começaram a arquitetar a
libertação de líderes da organização criminosa de dentro das celas. A ideia,
segundo a investigação, além de demonstrar força e poder para os rivais, era
conseguir fugir do presídio de segurança máxima do estado.
“Uma
demonstração de coerção social, a medida em que você, como organização
criminosa, consegue se evadir ou subjugar, imaginando que eles conseguissem
isso, o presídio de segurança máximo do estado, claro que isso passaria uma
mensagem de força à sociedade. Isso influência diretamente na sensação de insegurança”,
afirmou o promotor.
Sobre a
participação de Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, Maximiano explicou que
os dois participaram diretamente na execução da rebelião, enfrentamento aos
policiais penais, a captura de reféns e a execução dos rivais.
“Tudo
isso é certo que eles participaram. E também, óbvio, fizeram tudo como meio de
promoção, atuação e afirmação da organização criminosa, o Comando Vermelho,
desde a organização à luta, para o alcance da hegemonia criminosa a esta
rebelião, que tinha tanto por fim a facilitação pessoal para cada um deles com
a liberdade e também, por evidente, o alcance dessa desejada hegemonia
criminosa que eles buscam”, pontuou.
Transferência
Em setembro
de 2023, um avião da Polícia Federal chegou na capital acreana para fazer o
transporte de 14 detentos envolvidos na rebelião. Os transferidos foram:
Railan Silva
dos Santos
Selmir da
Silva almeida
Cleydvar
Alves de Oliveira
Manoel
Moreira da Silva
Deibson
Cabral Nascimento
Francisco
Altevir da silva
Bertônio da
Silva Lessa
James
Oliveira Bezerra
Rogério da Silva
Mendonça
Paulo
Roberto Araújo Campelo
Cleber da
Silva Borges
José Ribamar
Alves de Souza Filho
Rosenato da
Silva Araújo
Gelcimar
Pinto de Macedo
Sem confirmar o nome dos denunciados, o promotor Ildon Maximiano confirmou apenas que parte dos transferidos estão na lista do MP-AC. “Parte da transferência deles para o presídio federal foi um meio de punição e de isolamento também dessas lideranças. Isso já era buscado e, de qualquer forma, já foram tomadas medidas para que o estava ao nosso alcance fosse feito. Outras medidas são tomadas conforme os levantamentos que se fazem, até porque se busca o máximo de identificação possível dos agentes que atuam na empreita criminosa”, concluiu.