Ginástica rítmica do Brasil vive melhor fase da história e tem chance de pódio olímpico
Ginástica rítmica do Brasil vive melhor fase da história e tem chance de pódio olímpico
Conjunto está entre os melhores do mundo, mas tem pelo menos nove países na briga pelo pódio olímpico; atletas do individual brilham, mas precisam melhorar para pensar na medalha em Paris.
Por Guilherme Costa — São Paulo 25/04/2023 08h00 - Atualizado há uma hora
A ginástica
rítmica brasileira vive um boom desde o ano passado. Semana pós semana, os
resultados vão aparecendo e logo chegam as perguntas: “E aí, vamos ter
medalha olímpica?” ou “Quais as nossas chances em Paris?”. Antes
da resposta, cabe duas ponderações.
A primeira:
o momento do Brasil é histórico. A equipe brasileira conquistou uma medalha de
bronze na primeira etapa da Copa do Mundo de 2023 e está na briga pelo pódio
das principais competições. As atletas do individual, principalmente Barbara
Domingos e a jovem Maria Eduarda Alexandre, têm conquistado excelentes
resultados nas etapas da Copa do Mundo e isso tem que ser muito comemorado.
A segunda
ponderação: há apenas duas medalhas em jogo nas Olimpíadas na ginástica
rítimica: por equipes, na soma das duas apresentações – mista e cinco bolas -,
e no individual geral, que soma as notas dos quatro aparelhos – fita, arco,
bola e maças. Portanto, o funil nas Olimpíadas é muito grande.
Começando
pelo conjunto brasileiro, que teve uma certa tradição no começo do século,
atingiu duas finais olímpicas em 2000 e 2004, mas jamais brigou diretamente
pela medalha. Na época, a equipe empolgava mais a plateia, com músicas animadas
e apresentações artísticas, do que os juízes. Agora, a impressão artística
ganhou muito destaque no somatório das notas, o que elevou o Brasil ao patamar
de brigar por medalhas.
No
Campeonato Mundial do ano passado, o time foi quinto colocado na soma das duas
apresentações. Na primeira etapa da Copa do Mundo de 2023, na Grécia, a seleção
conseguiu um bronze. Na etapa seguinte, o time sofreu com algumas lesões e
cometeu erros graves para quem quer brigar pelo pódio.
No momento,
Rússia e Belarus, duas das principais potências do mundo na modalidade, estão
proibidas de competir, o que abre espaço para novas seleções. Mas ainda sim tem
várias seleções nessa briga pelo pódio no conjunto: Bulgária, Israel e Itália
podem pintar como favoritas, mas a China conseguiu lindíssimas apresentações
nas duas últimas etapas da Copa (levou os dois ouros), a França entrou
definitivamente na briga, a Espanha não foi bem esse ano ainda, mas é atual
medalhista de bronze no Mundial. Mais por fora na disputa estão Alemanha e
México.
Ou seja, são
pelo menos nove países, tirando Rússia e Belarus, na briga pelo pódio do
Campeonato Mundial desse ano e, claro, das Olimpíadas de 2024. O Brasil tem
chance? Claro que sim. Mas, no momento, não é favorito. Seria candidato ao
pódio. Mas, fazendo uma série limpa, sem erros graves, o time briga muito forte
pela medalha.
No
individual, o Brasil teve grandes resultados nas últimas semanas. Bárbara
Domingos foi bronze na fita em etapa da Copa do Mundo e ouro no Grand Prix da
França, enquanto Maria Eduarda, de só 15 anos, foi finalista do arco em duas
etapas da Copa do Mundo. Feitos históricos e impressionantes, mas que ainda não
colocam o Brasil na briga por medalhas olímpicas. Ainda.
Conforme
dito acima, a única medalha em jogo nas Olimpíadas é o individual geral, que
soma os quatro aparelhos. Bárbara está muito bem na fita, uma das melhores do
mundo, mas quando as pontuações da bola, arco e principalmente maças chegam,
ela cai na classificação. Na última Copa do Mundo, por exemplo, foi oitava. O
que, por si só, é um feito histórico.
Conseguir a
vaga olímpica via Campeonato Mundial parece ser bem provável para Bárbara, já
que são 14 em jogo. Mas para brigar por medalhas no individual geral, precisa
passar, pelo menos, dos 31,000 nos outros três aparelhos, algo que Babi ainda
não faz com frequência.
Maria
Eduarda tem conseguido resultados impressionantes no arco, com duas finais em
Copas do Mundo. Pela idade, só 15 anos, o feito é ainda mais relevante. Mas
ainda tem errado nos outros aparelhos, e a disputa pela vaga olímpica é um
pouco mais complicada.
Mas, ainda
esse ano, dois eventos serão muito importantes: o Campeonato Mundial e os Jogos
Pan-Americanos, ambos com distribuição de medalhas por aparelhos. Ou seja,
Barbara tem chances reais de pódio no Mundial na fita e, por que não, Duda não
pode surpreender no arco. Já no Pan, o país tem tudo para fazer um festival de
medalhas, podendo levar até quatro ouros somente no individual.
Resumindo: é bem possível que o Brasil termine com uma medalha individual em Campeonatos Mundiais e até quatro ouros nos Jogos Pan-Americanos. Mas o sonho do pódio olímpico (ainda) é distante. Quando o assunto é o conjunto, o Brasil tem totais chances de medalha no Mundial, é favorito no Pan e pode sim brigar pelo pódio olímpico.