Governo anuncia corte de impostos para reduzir, em até 10,79%, preço de carros de até R$ 120 mil
Governo anuncia corte de impostos para reduzir, em até 10,79%, preço de carros de até R$ 120 mil
Desconto no preço final levará em conta preço atual, emissão de poluentes e percentual de peças nacionais. Anfavea prevê que veículos novos possam voltar a custar menos de R$ 60 mil.
Por Alexandro Martello e Paloma Rodrigues, g1 e TV Globo — Brasília 25/05/2023 12h16 - Atualizado há 25 segundos
O governo
federal anunciou nesta quinta-feira (25) que vai reduzir impostos com o
objetivo de reduzir o preço final dos carros populares em até 10,79%. A medida
valerá para veículos com valor final de até R$ 120 mil.
As medidas,
segundo o setor automotivo, podem fazer com que os carros populares novos
voltem a custar menos de R$ 60 mil (veja abaixo).
Segundo o
vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio
e Serviços, Geraldo Alckmin, o abatimento no preço final poderá ser ainda
maior: o governo estuda permitir a venda direta dos carros a pessoas físicas.
Hoje, a
venda direta é realizada apenas para CNPJs. A modalidade é utilizada por
locadoras e empresas de frete, por exemplo, por não incluir custos de logística
e o lucro das concessionárias, por exemplo.
Segundo
Alckmin, o desconto tributário vai variar de 1,5% a 10,79%, com base em três
fatores:
– o valor
atual do veículo: quanto mais barato o carro, maior será o desconto tributário;
– a emissão
de poluentes: quanto mais limpo for o motor e o processo produtivo, maior o
desconto;
– a cadeia
de produção: quanto maior o percentual de peças e acessórios produzidos no
Brasil, maior o desconto.
As ações
foram anunciadas após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de Alckmin
e de representantes da equipe econômica com entidades do setor automotivo no
Palácio do Planalto.
Segundo
Alckmin, “quanto menor o carro, mais acessível, maior será o
desconto”.
“A
proposta de estímulo é transitória, anticíclica, para esse momento de muita
ociosidade na indústria. […] Hoje, o carro mais barato é quase R$ 70
mil”, declarou o vice-presidente, que é também ministro de
Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços.
O Ministério
da Fazenda terá um prazo de 15 dias para adequar a decisão às regras fiscais –
ou seja, calcular a perda de arrecadação e dizer qual será a compensação no
orçamento.
Passado esse
prazo, segundo Alckmin, o governo editará uma medida provisória e um decreto
para regulamentar o tema.
Carros
abaixo de R$ 60 mil, prevê Anfavea
O presidente
da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
Márcio de Lima Leite, afirma que o pacote torna “muito possível” que
carros novos voltem a custar abaixo de R$ 60 mil nas concessionárias.
“O
preço, cada montadora tem sua politica. Mas pelos números apresentados é muito
possível termos preços abaixo de R$ 60 mil. Com essas reduções tributárias em
discussão e um esforço conjunto de todo setor, é bem possível que tenhamos. Mas
isso é uma questão de cada montadora, de cada fabricante”, declarou.
Estímulo
à indústria
Já o pacote
de estímulo à indústria geral inclui:
– a adoção
da taxa referencial (TR) como taxa de juros para projetos de pesquisa e
inovação – o que deve baratear os esforços da indústria nessas áreas;
– R$ 4
bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (BNDES)
para financiamentos em dólar voltados a empresas que trabalham com exportação –
o financiamento em dólar, segundo Alckmin, serve como uma proteção cambial.
O pacote de
medidas para tentar baratear o carro “popular” foi coordenado por
Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
e Serviços.
Atualmente
no Brasil, o preço de partida do carro zero, sem contar com as medidas
anunciadas nesta quinta-feira, é de cerca de R$ 68 mil, mais de 50 salários
mínimos (que está em R$ 1.320,00).
A intenção
de baratear os veículos foi manifestada publicamente pelo presidente Lula
durante discurso no dia 4 de maio. Na ocasião, ele disse que carro de “R$
90 mil não é popular”.
Nos últimos
dias, representantes de ministérios e do setor discutiram possíveis alternativas
para reduzir os preços.
Os
executivos frisaram para o governo que as montadoras já têm muita pouca margem
de lucro nos carros populares e que, por isso, seria difícil reduzir os preços
nas fábricas. A margem, segundo as empresas, são maiores no carros mais caros.
Representante
da indústria automobilística
Nesta
quarta-feira (24), o presidente da Stellantis, Antonio Filosa, se encontrou com
o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e afirmou, após a reunião, que o setor
automobilístico está claramente sofrendo com os juros altos.
A empresa
controla a Fiat, a Jeep e a Citroen, entre outras, com participação de 33% no
mercado doméstico.
Atualmente,
a taxa básica de juros da economia, fixada pelo Banco Central para tentar
conter a inflação, está em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos e meio.
Os juros
cobrados no financiamento de carros, porém, são mais altos. De acordo com o BC,
a taxa média dos bancos nessa linha de crédito foi de 28,6% ao ano em março.
“O juro
é difícil de resolver de um dia para o outro. Mas é possível pensar em
mecanismos de acesso ao crédito que possam facilitar. Por exemplo, melhorando o
nível de garantias reais, por exemplo usando alguns ativos que o governo tem, e
assim por diante”, declarou o executivo da Stellantis, na quarta-feira.
Questionado
por jornalistas, ele avaliou também que “algum tipo de isenção fiscal
sempre é bem-vindo”. “Uma isenção fiscal baratearia o carro.
Claramente, existe um sacrifício que as montadoras devem fazer para gerar mais
eficiências”, afirmou.
Filosa disse ainda que o preço do aço subiu muito nos últimos anos, impactando o custo das montadoras.