Governo anuncia R$ 15 bilhões para empresas do Rio Grande do Sul
Governo anuncia R$ 15 bilhões para empresas do Rio Grande do Sul
Foram anunciadas três linhas de financiamento.
Publicado por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil – Brasília
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta quarta-feira (29), em Brasília, medida
provisória (MP) para ampliar o escopo do Fundo Social e disponibilizar recursos
para abertura de crédito em locais atingidos por calamidades públicas.
Com isso,
até R$ 15 bilhões poderão ser utilizados em financiamentos para empresas de
todos os portes do Rio Grande do Sul, que enfrenta a maior tragédia climática
de sua história com chuvas, alagamentos e mortes.
A MP
autoriza a utilização do superávit financeiro do Fundo Social para
disponibilização de linhas de financiamento a pessoas físicas e jurídicas
localizadas em entes federativos em estado de calamidades públicas. O fundo
reúne recursos gerados pela exploração de petróleo no pré-sal. A
operacionalização do crédito será feita em parceria com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Nós mudamos
o paradigma de tratar de problemas climáticos nesse país a partir de agora. Não
apenas o Rio Grande do Sul, mas qualquer região que tiver um problema climático
ela terá que ter uma ação especial. E é por isso que nós estamos trabalhando a
construção de um plano antecipado para que a gente tente evitar que as coisas
aconteçam nesse país”, disse Lula, em evento no Palácio do Planalto, para
anúncio de novas medidas de auxílio aos gaúchos.
“Nós temos
consciência de que muitas vezes, em muitos outros momentos históricos, o
governo anunciou medidas, foi cheio de boa vontade, mas depois, passa o tempo,
as medidas não acontecem rapidamente, o dinheiro não chega, as obras não
acontecem. Então, a nossa preocupação nesse momento é fazer com que não haja
qualquer empecilho burocrático que atrapalhe as decisões do governo de
acontecerem na ponta”, acrescentou o presidente.
Fundo
Social
Os R$ 15
bilhões do Fundo Social poderão ser utilizados em três linhas de financiamento.
A primeira é para compra de máquinas, equipamentos e serviços, com juros de 1%
ao ano mais o spread bancário [diferença entre taxa de captação do dinheiro
pelos bancos e a cobrada dos clientes], com prazo de até 60 meses e 12 meses de
carência.
A segunda
linha deverá financiar projetos customizados, incluindo obras de construção
civil, com a mesma taxa de juros e spread e prazo de pagamento de até 120 meses
com carência de 24 meses. O limite por operação desses créditos é de R$ 300
milhões.
A terceira
linha será para ajudar no capital de giro emergencial das empresas, com custo
base de 4% ao ano para micro, pequenas e médias empresas (MPME) e de 6% ao ano
para grandes empresas mais spread bancário. O prazo será de até 60 meses com
carência de 12 meses. O limite por operação é de R$ 50 milhões MPME e R$ 400
milhões para empresa de grande porte.
O presidente
Lula parabenizou o trabalho dos bancos e do presidente do BNDES, Aloízio
Mercadante, em fazer com que o dinheiro “chegue na ponta”. Ele cobrou, ainda, a
colaboração do Banco Central para a redução da taxa Selic, que são os juros
básicos da economia.
“Eu espero
que o presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] veja a nossa disposição
de reduzir a taxa de juros e ele, quem sabe, colabore conosco reduzindo a taxa
Selic para a gente poder emprestar a taxa de juro ainda mais barata, spread
mais barato”, disse Lula.
O
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, destacou que as
empresas beneficiadas com as novas linhas de financiamento deverão manter o
compromisso com o nível de emprego.
“Estamos
fazendo um esforço conjunto aqui. É preciso envolver o estado, as empresas e os
trabalhadores dessas empresas para que a gente tenha uma redução ao máximo do
impacto no Rio Grande do Sul”, disse durante o evento com o presidente Lula.
“Nós estamos falando de uma linha [de crédito], de fato, muito barata”,
destacou.
Segundo
Durigan, foi convocada para semana que vem uma reunião extraordinária do
Conselho Monetário Nacional (CMN) para detalhamento e aprovação da medida,
“para que essa linha esteja disponível o mais breve possível para as empresas e
para os agricultores do Rio Grande do Sul”.
Acesso a
crédito
Além das
novas linhas de financiamento, Durigan anunciou que as cooperativas de crédito
passarão a operar no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte (Pronampe) para oferta de crédito subvencionado a pequenas e
médias empresas urbanas dos setores industrial, comércio e serviços. Até então,
as cooperativas estavam operando apenas o crédito rural.
“Estamos
fazendo um ajuste, também via medida provisória, para que as cooperativas que
tenham relacionamento capilarizado no Rio Grande do Sul com as empresas também
possam operar o Pronampe para as empresas médias e pequenas das cidades dos
vários setores. Isso garante que o nosso objetivo central seja alcançado,
disponibilizando ajuda e crédito de imediato”, disse o secretário-executivo.
A terceira
medida anunciada pelo Ministério da Fazenda é um aporte adicional de R$ 600
milhões no Fundo de Garantia de Operações (FGO) para garantia de operações de
crédito rural para pequenos e médios agricultores.
Segundo
Durigan, agricultores familiares gaúchos atingidos mais de uma vez por eventos
extremos das mudanças climáticas estão com dificuldade de acessar as linhas já
subsidiadas e “muito baratas” do Pronampe Rural e do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
“Com esse
aporte adicional no FGO, que é esse fundo de garantia, além do recurso
disponibilizado para os agricultores, para setor rural, o governo também se
compromete com as garantias. Portanto, fazendo reduzir o risco para os bancos
que estão operando e fazendo chegar crédito barato mesmo para o agricultor que
está sofrendo por reiteradas vezes com as mudanças climáticas”, explicou.
Pesquisa
e inovação
Durante o
evento com o presidente Lula, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação,
Luciana Santos, também anunciou uma linha de crédito, via Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep), para empresas de inovação que foram financiadas por
projeto da Embrapii, BNDES, Lei do Bem ou da própria Finep nos últimos 10 anos.
Serão
disponibilizados até R$ 1,5 bilhão, com cobrança da taxa TR+5%, via operadores,
como as cooperativas de crédito, Banrisul e Banco Regional de Desenvolvimento
do Extremo Sul (BRDE). Metade dos recursos será para micro, pequenas e médias
empresas e até 40% do empréstimo poderão ser utilizados em capital de giro
associado aos investimentos em infraestrutura de pesquisa, desenvolvimento e
inovação.
Além disso,
a Finep também lançará edital de R$ 50 milhões para reparos emergenciais de
equipamentos de centros de pesquisa que foram danificados com as enchentes e
edital de R$ 15 milhões para equipamentos pessoais de pesquisadores.
Edição:
Kleber Sampaio