Governo brasileiro critica Israel por ataque a integrantes de ONG; ajuda para de chegar no norte de Gaza
Governo brasileiro critica Israel por ataque a integrantes de ONG; ajuda para de chegar no norte de Gaza
Itamaraty também exige que Israel cumpra resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo cessar-fogo. Ataque na segunda-feira (1º) matou sete membros da ONG World Central Kitchen em carro identificado.
Por g1
O Itamaraty
divulgou nesta quinta-feira (4) um comunicado expressando “profunda
consternação” com o ataque de Israel ao comboio da ONG World Central
Kitchen, que matou sete integrantes do grupo na segunda-feira (1º).
“O
governo brasileiro reitera o firme repúdio a toda e qualquer ação militar
contra alvos civis, sobretudo aqueles ligados à prestação de ajuda humanitária
e de assistência médica”, diz a nota. “(O governo brasileiro) Deplora
também as mortes de civis e trabalhadores de saúde palestinos e os danos
causados por ação militar das últimas semanas, que resultou na destruição do
hospital Al-Shifa, em contexto no qual a assistência médica à população de Gaza
é fundamental”.
O ataque,
que Israel chamou de acidental, atingiu dois veículos da ONG, uma das mais
atuantes na Faixa de Gaza desde o início da guerra, quando os carros passavam
por uma estrada sem conflitos. A equipe voltava do norte de Gaza, onde havia
entregado um carregamento de alimentos levados a Gaza por um barco na semana
anterior, quando foi atingida por um bombardeio.
Após o caso,
a World Central Kitchen e várias outras organizações que atuam em Gaza
suspenderam, por segurança, as entregas de ajuda humanitária.
Desde o
ataque, nenhum alimento chegou ao norte da Faixa de Gaza, de acordo com o
correspondente da rede britânica BBC na região, onde um quarto da população
está passando fome, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Os
integrantes da ONG vestiam coletes com a devida identificação, e o teto dos
veículos tinha o logotipo e o nome da World Central Kitchen impressos (veja
imagem acima). A organização foi criada pelo chef espanhol José Andrés, muito
famoso nos Estados Unidos por aparecer em diversos programas de TV e por já ter
sido condecorado pelo ex-presidente Barack Obama.
Na
quarta-feira (3), Andrés acusou Israel de atacar “de propósito” o
comboio.
No dia
seguinte ao ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu,
reconheceu que o bombardeio havia partido de Israel, mas disse não ter sido um
ato intencional e afirmou que episódios como esse “acontecem em
guerras”.
No entanto,
o ataque gerou críticas generalizadas de líderes mundiais e aumentou as
pressões sobre Netanyahu por um cessar-fogo. No comunicado desta quinta, o
Itamaraty também pede que o governo israelense cumpra a resolução que o
Conselho de Segurança da ONU aprovou na semana passada, na qual exige uma pausa
nos bombardeios.
“(O
governo brasileiro) reitera a importância do cumprimento da demanda de um
cessar-fogo imediato contida na resolução 2728 do Conselho de Segurança da ONU,
aprovada em 25 de março”, diz a nota do Itamaraty.
Em
fevereiro, Lula também criticou as ações de Israel em Gaza e as comparou com o
extermínio de judeus na Segunda Guerra. Tel Aviv reagiu fortemente à fala,
convocando o embaixador brasileiro em Israel e declarando o presidente
brasileiro persona non grata no país do Oriente Médio.
Investigação
Também nesta
quinta, o governo de Israel anunciou que o Exército do país está conduzindo uma
investigação própria sobre o erro que levou ao bombardeio à equipe de ajuda
humanitária.
No entanto,
o resultado da investigação só deve sair “nas próximas semanas”,
segundo a porta-voz do governo Raquela Karamson.
Pressão
sobre aliados
O ataque aos
integrantes da World Central Kitchen também fizeram crescer a pressão sobre
aliados de Israel e países que fazem operações comerciais no ramo bélico. Nesta
quinta, três ex-juízes da Suprema Corte do Reino Unido, em carta com outros 600
juristas britânicos, exigiram que o governo de seu país deixe de vender armas a
Israel.