Governo elabora Orçamento de 2024 contando com R$ 30 bilhões adicionais do marco fiscal, diz Tebet
Governo elabora Orçamento de 2024 contando com R$ 30 bilhões adicionais do marco fiscal, diz Tebet
Por Valdo Cruz, Camila Bomfim e Mateus Rodrigues - 12/07/2023 10h19 - Atualizado há uma hora
A ministra
de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta quarta-feira (12) em
entrevista à GloboNews que o governo se baseia na versão do marco fiscal
aprovada pelo Senado e devolvida à Câmara para elaborar a proposta de orçamento
para 2024.
No Senado, o
marco fiscal recebeu uma emenda que autoriza o governo a considerar, nos
cálculos do orçamento do ano seguinte, a inflação realizada entre julho e
dezembro do ano anterior.
Como a
inflação do segundo semestre deste ano deve ser maior que a registrada até
aqui, esse cálculo deve permitir um gasto extra de R$ 30 bilhões a R$ 40
bilhões para o orçamento federal em 2024.
“Sabemos
que a inflação no segundo semestre tende a ser um pouquinho maior. O que
significa uma possibilidade de a gente, por conta do próprio teto de gastos
atual, a gente colocar um pouco mais de investimentos no orçamento
brasileiro”, declarou Tebet.
“Por
conta disso, estamos trabalhando com a lei do arcabouço fiscal conforme saiu do
Senado”, prosseguiu.
Ainda nesta
semana, segundo Tebet, o governo reunirá a Junta de Execução Orçamentária para
definir qual será a “cota orçamentária” de cada ministério no
orçamento de 2024.
“Se nós não tivéssemos tido essa emenda no Senado, aí, teríamos um problema. Eu teria que colocar à disposição dos ministérios mais ou menos R$ 30 bilhões a menos”, disse Tebet.
Em razão das
mudanças aprovadas pelos senadores, o texto do novo marco fiscal voltou à
análise da Câmara. O governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL),
chegaram a se mobilizar para uma nova votação na semana passada, mas o tema
ficou para o segundo semestre.
A Câmara tem
a palavra final sobre o projeto de lei – e, por isso, pode inclusive excluir a
emenda que garante os R$ 30 bilhões adicionais ao governo. Tebet diz que há
esforços para convencer os deputados sobre a importância desses recursos.
“Estamos
conversando com a Câmara que nós não vamos gastar recursos sem ter a
confirmação da inflação no fim do ano. Acreditamos que a Câmara dos Deputados
vai entender a razão dessa emenda, e não precisaremos fazer ajustes”,
disse Tebet.
“Se por
acaso a Câmara decidir, na primeira ou segunda semana [de agosto], que vai
rever o texto do Senado, aí obviamente a gente faz as alterações. Vai dar um
pouquinho mais de trabalho, mas estamos aqui para isso também”, disse
Tebet.
O arcabouço
O eixo central
da nova regra é:
– meta
fiscal com objetivo de estabilizar a diferença entre a dívida do governo e o
crescimento econômico;
– faixa de
tolerância para cumprimento da meta, calculada a partir de uma pequena parcela
do Produto Interno Bruto (PIB), para mais ou para menos. Se o resultado do
saldo do ano anterior for positivo, acima do esperado, o governo vai poder usar
esse excesso para investimentos. A proposta limita o uso deste montante a 70%
do crescimento registrado, até 0,25% do PIB;
– se o contrário ocorrer, e o resultado for inferior ao limite da tolerância, punições, conhecidas como “gatilhos”, serão aplicadas.
Já no
primeiro ano de descumprimento da meta fiscal, o governo não poderá criar
cargos nem realizar concurso público.
Se a meta
continuar abaixo do previsto depois do segundo ano de vigência do arcabouço, as
sanções ficam mais rígidas. O Executivo não conseguirá criar novos auxílios e
benefícios fiscais nem despesa obrigatória.
Segundo o
projeto, as despesas vão ter um crescimento real (descontada a inflação) de, no
mínimo, 0,6%. Os deputados fixaram, e o Senado confirmou que o aumento real da
despesa terá o limite de 2,5%. O piso para garantir investimentos públicos será
equivalente a 0,6% do PIB.
Caso o novo
arcabouço seja aprovado e implementado, o governo prevê:
– zerar o
déficit público da União no próximo ano;
– superávit
de 0,5% do PIB em 2025;
– superávit
de 1% do PIB em 2026;
e
estabilizar a dívida pública da União em 2026, último ano do mandato do
presidente Lula.