Governo emitirá títulos verdes na Bolsa de Nova York
Governo emitirá títulos verdes na Bolsa de Nova York
Valor ainda será definido pelo Tesouro.
Publicado por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O governo
brasileiro emitirá títulos verdes, com o objetivo de captar US$ 2 bilhões –
cerca de R$ 10 bilhões, na cotação atual – na Bolsa de Nova York. Segundo o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o valor ainda não está definido, uma vez
que a palavra final será do Tesouro Nacional, dependendo, também, do interesse
a ser despertado nos investidores estrangeiros. A ideia é a de usar esses
recursos no financiamento de projetos ambientalmente sustentáveis.
Haddad
encontra-se em Nova York, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que participa da abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas.
Lula e
alguns de seus ministros têm se reunido com empresários e com autoridades do
governo norte-americano. Nesses encontros, o governo brasileiro tem buscado
atrair o interesse do investimento estrangeiro para projetos sustentáveis.
Haddad disse ter concluído um road show em 36 eventos diferenciados.
“Já
atendemos mais de 60 fundos de investimento. A receptividade é a melhor
possível, sobretudo porque esse recurso fica carimbado para financiar projetos
sustentáveis, com taxas de juros mais convidativas do que nós temos hoje”,
informou o ministro.
Sobre o
valor dos títulos verdes, estimado em R$ 10 bilhões, segundo a ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, Haddad disse que esse é o “começo de um processo”.
“Estamos em período de silêncio agora. Portanto, o Tesouro vai julgar a conveniência do quanto [valor] e do quando colocar esses títulos. Mas eu queria dizer que esse recurso é um recurso inicial, muito pequeno, porque o Brasil tem condição de captar muitos recursos no exterior, uma vez que temos a melhor matriz energética do mundo. É uma das mais limpas do mundo. Temos condição de dobrar a produção de energia limpa num prazo inferior a 10 anos, sendo que especialistas dizem que isso pode ser feito em 5 anos”, explicou o ministro.
Ele
acrescentou que a produção de energia limpa pode ser exportada na forma de
hidrogênio verde, mas que a prioridade será a de utilizá-la internamente,
ajudando a indústria a agregar valor às matérias-primas e, em especial, para a
neoindustrialização do país.
“Você pode
exportar no produto manufaturado. Daí a razão pela qual a energia verde pode se
complementar com a questão da neoindustrialização do país”, disse.
“Estamos
começando a discutir a questão da industrialização do Brasil, a partir dessa
matriz. Mas entendemos que não precisamos nos resignar à condição de
exportadores de energia limpa, que é o que o mundo gostaria que fizéssemos. O
Brasil vai produzir e exportar energia limpa, mas nós entendemos que uma boa
parte dessa energia limpa tem que ser consumida no Brasil para manufaturar
produtos verdes. Esse é o nosso objetivo último”, acrescentou.
Taxação dos super-ricos
Sobre as
polêmicas envolvendo a tributação de offshores e de fundos exclusivos, proposta
pelo governo com o intuito de tributar os chamados “super-ricos”, Haddad disse
ver com naturalidade o fato de a proposta gerar inquietação, mas que confia na
forma como o Congresso Nacional tratará a questão.
“Às vezes,
toda medida que você toma gera alguma inquietação. Mas vamos rever isso. A
verdade é que o Congresso está debruçado sobre todas as ações que a gente do
Ministério da Fazenda [enviamos], com um grau de abertura bastante
significativo. Às vezes sugere alguma emenda, o que é natural em um processo
democrático”, disse.
“Mas o clima
é favorável a tudo. Estamos aqui com o presidente da Câmara [Arthur Lira], com
o presidente do Senado [Rodrigo Pacheco] e com o presidente da República em um
evento de projeção da imagem do Brasil no mundo. Temos de aproveitar esse
momento de harmonização dos poderes para fazer a agenda avançar. Quanto mais
cedo nós colhermos os frutos dessa agenda, mais facilmente a economia
brasileira vai decolar para patamares de crescimento compatíveis com o nosso
potencial”, complementou.
Edição:
Fernando Fraga