Governo propõe negociar reajuste com cada categoria de servidores
Governo propõe negociar reajuste com cada categoria de servidores
Acordo prevê ainda aumento de auxílios, como de alimentação.
Publicado por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Representantes
do Ministério da Gestão e de Inovação em Serviços Públicos (MGI) propuseram a
abertura de 60 mesas setoriais de negociação com diferentes categorias de
servidores públicos federais. Elas se somariam a outras negociações específicas
já em curso desde o ano passado. O objetivo é discutir, ao mesmo tempo,
recomposição salarial e reestruturação com cada carreira individualmente, uma
demanda dos servidores.
O assunto
foi debatido durante reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP),
que ocorreu na tarde desta quarta-feira (10), em Brasília, entre integrantes do
governo e de diferentes sindicatos e associações de servidores públicos do
Poder Executivo Federal.
Além disso,
após pressão das entidades, foi retirada a cláusula de um termo de compromisso
apresentado pelo governo que determinava a suspensão das negociações em caso de
paralisações ou greves no serviço público, como divulgou o Fórum Nacional
Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate).
“O
secretário de Relações do Trabalho (SRT), José Lopez Feijóo, ligou para o
presidente do Fonacate, Rudinei Marques, no começo da noite desta quarta-feira
e disse que governo atendeu a reivindicação das entidades para tirar o
parágrafo 2º da cláusula II do Termo de Compromisso da Campanha Salarial de
2024. A cláusula dizia que ‘durante o processo de negociação, interrupções
(total ou parcial) de serviços públicos implicarão na suspensão das negociações
em curso com a categoria específica'”, informou a entidade, em postagem
nas rede sociais.
Em nota, Fonacate afirmou que a medida seria uma violação dos direitos dos trabalhadores.
“Ninguém
tolerou restrição às greves. E as manifestações, durante o anúncio desta
cláusula, foram assertivas por parte das entidades do Fonacate”, afirmou
Rudinei Marques, presidente do fórum.
Proposta
Da parte do
governo federal, foi reafirmada a proposta de reajuste dos auxílios e
benefícios já a partir de maio, mas sem reajuste salarial este ano,
diferentemente do que ocorreu no ano passado, quando houve aumento linear de 9%
para os servidores federais.
Em relação
aos benefícios, o auxílio-alimentação, a partir do mês que vem, passaria de R$
658 para R$ 1 mil; o auxílio-saúde, de R$ 144 para R$ 215 (por dependente); o
auxílio-creche, de R$ 321 para R$ 484,90.
Com as mesas
setoriais, o governo também anunciou que vai desistir de reajuste nominal, que
passará a uma discussão individualizada com as categorias, pondo fim, assim, à
Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP), que havia sido retomada no ano
passado. A decisão não foi bem recebida pelo Sindicato Nacional dos Docentes
das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN).
“A
questão da agenda setorial, por certo, é fundamental, mas não podemos colocar
isso como elemento excludente da nossa negociação de remuneração ou abordá-la
de forma fragmentada, enfraquecendo a posição das categorias”, argumentou
Gustavo Seferian, presidente da entidade.
Nesse
cenário, os reajustes salariais de 4,5% em 2025, e mais 4,5% em 2026, que
seriam pagos a todas as categorias, de forma linear, agora será negociado por
setor.
Sobre a
tentativa do governo suspender a negociação de categorias em greve, Seferian
também fez críticas. “Foi uma postura antissindical e afrontosa, violenta
ao exercício do direito de greve”, protestou o presidente do Andes-SN.
Segundo ele, ainda não houve um comunicado oficial de que a cláusula seria
revogada da proposta de termo de negociação.
A
mobilização nacional dos professores das universidades e instituições federais
terá uma semana decisiva a partir do próximo dia 15 de abril. Das 67 seções
sindicais do Andes-SN, duas já estão em greve e outras 16 entram a partir da
semana que vem. Há pelo menos outras três universidades que entrarão em greve
ao longo do mês e 11 em estado de mobilização.
Governo
Procurado, o Ministério da Gestão e de Inovação em Serviços Públicos confirmou, por meio da assessoria, a proposta de reajuste de benefícios e o compromisso de abrir as mesas setoriais demandadas pelos servidores, mas não manifestou-se sobre a cláusula que condicionava as negociações à não deflagração de greves ou paralisações.
A
expectativa do governo é que as categorias de servidores respondam à proposta
de negociação com aumento dos benefícios até o dia 15 de abril, para que seja
editada uma portaria com os reajustes. No entanto, se a resposta vier depois, o
MGI se comprometeu a pagar de forma retroativa os auxílios a partir de maio.
Edição:
Carolina Pimentel