Guerra na Ucrânia: o papel de celulares na morte de dezenas de soldados russos
Guerra na Ucrânia: o papel de celulares na morte de dezenas de soldados russos
Rússia diz que 89 soldados foram mortos em um ataque com mísseis em Makiivka, na região ocupada de Donetsk.
Por BBC - 04/01/2023 11h05 - Atualizado há 24 minutos
A Rússia
afirma que um ataque com mísseis no domingo (01) que matou pelo menos 89
soldados russos atingiu o alvo porque eles estavam usando seus telefones
celulares.
O uso de
telefones proibidos permitiu que o inimigo localizasse seu alvo, disseram as
autoridades.
A Ucrânia
diz que 400 soldados foram mortos — e outros 300 feridos — no ataque a uma
escola para recrutas em Makiivka, na área ocupada de Donetsk.
Esse foi o
maior número de mortes em um ataque que a Rússia reconheceu desde o começo da
guerra.
A Rússia
disse que às 00h01, horário local, no dia de Ano Novo, seis foguetes foram
disparados de um sistema de foguetes Himars, fabricado nos Estados Unidos,
contra uma escola. Dois foguetes foram interceptados, segundo os russos.
O
vice-comandante do regimento, tenente-coronel Bachurin, está entre os mortos, informou
o Ministério da Defesa em comunicado nesta quarta-feira (04).
Uma comissão
está investigando as circunstâncias do incidente, disse o comunicado.
Mas, segundo
o governo russo, seria “óbvio” que a principal causa do ataque foi a
presença e “uso em massa” de telefones celulares por soldados ao
alcance das armas ucranianas, apesar de o uso de celulares ter sido proibido.
“Esse fator permitiu ao inimigo determinar as coordenadas da localização de militares para um ataque com míssil.”
Os militares
que forem responsabilizados na investigação serão processados, acrescentou o
comunicado. A Rússia está tomando medidas para evitar episódios semelhantes no
futuro.
Na nota de
quarta-feira, a Rússia subiu — para 89 — o número divulgado anteriormente de
soldados russos mortos no ataque — 63. Não é possível verificar esse dado de
forma independente. É extremamente raro para Moscou confirmar baixas no campo
de batalha.
A escola
alvo do atentado estava lotada de recrutas. Em setembro, o presidente russo
Vladimir Putin havia anunciado a convocação de 300 mil homens. O ataque também
destruiu munição que estava sendo armazenada próximo ao local.
Alguns
analistas e políticos russos acusaram os militares de incompetência, dizendo
que as tropas não poderiam ter sido colocadas em locais tão vulneráveis.
Pavel Gubarev,
um ex-alto funcionário da Rússia em Donetsk, chamou de “negligência
criminosa” a decisão de abrigar um grande número de soldados em um só
prédio.
“Se
ninguém for punido por isso, só vai piorar”, alertou.
O
vice-presidente do Parlamento municipal de Moscou, Andrei Medvedev, disse ser
provável que os soldados sejam culpados pelo incidente, e não o comandante que
tomou a decisão de colocar tantas pessoas em um só lugar.
O presidente
Vladimir Putin assinou um decreto na terça-feira para que as famílias dos
soldados da Guarda Nacional mortos em serviço recebam 5 milhões de rublos
(cerca de R$ 380 mil) cada.
Texto
originalmente publicado em
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64162285