Haddad afirma que ainda não sabe como vai conseguir chegar à faixa de isenção de IR em R$ 5 mil
Haddad afirma que ainda não sabe como vai conseguir chegar à faixa de isenção de IR em R$ 5 mil
Ministro diz que essa foi uma tarefa desafiadora determinada pelo governo do presidente Lula, e que agora sua tarefa é viabilizar.
Por Bruna Miato, g1 05/05/2023 08h24 - Atualizado há uma hora
O ministro
da Fazenda Fernando Haddad afirmou, em entrevista cedida à CBN nesta
sexta-feira (5), que ainda não tem as resposta sobre como conseguirá chegar à
faixa de isenção do Imposto de Renda em R$ 5 mil.
Segundo ele,
essa foi “uma determinação do governo” e, agora, o trabalho do
Ministério da Fazenda é viabilizar o que foi pedido, mas que essa é uma
“tarefa desafiadora”.
O ministro
estima que somente elevar a faixa de isenção ao patamar dos R$ 5 mil custaria
cerca de R$ 100 bilhões aos cofres públicos.
Para reduzir
esses gastos, Haddad diz que pode propor uma medida que siga os mesmo moldes da
isenção anunciada recentemente, que subiu para o patamar dos R$ 2.640. Entenda
como funcionou:
o governo
elevou a faixa de isenção de R$ 1.903,98 para R$ 2.112;
já quem
ganha entre R$ 2.112 e R$ 2.640 terá um desconto mensal do governo direto na
fonte, ou seja, sobre o imposto que seria devido pelo empregado;
somando os
dois mecanismos, quem ganha até dois salários mínimos não pagará imposto de
renda nem na fonte, nem na declaração de ajuste anual;
com essa
medida, o governo perde menos na arrecadação – o custo estimado da medida é de
R$ 3,2 bilhões em 2023 e R$ 6 bilhões em 2024.
Assim, a
ideia do ministro é que o governo consiga diminuir a carga tributária de pessoas
com salários de até R$ 5 mil com outros tipos de descontos, para além da
própria elevação da faixa de isenção.
Haddad
destaca que, para o ano que vem, provavelmente conseguirá subir a faixa de
isenção para pouco mais de R$ 3 mil, o que seria mais um passo para chegar até
o valor determinado pelo presidente Lula.
Manobras
fiscais de empresas
Também no
tema da carga tributária brasileira, Fernando Haddad disse que “colocou o
melhor advogado público do Brasil na Receita Federal” e alertou às
empresas para que não tentem driblar o pagamento de impostos.
A afirmação
foi feita ao comentar a revogação da suspensão que o ministro André Mendonça,
do Supremo Tribunal Federal (STF), havia colocado sobre um julgamento do
Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu que as empresas não podem mais
abater do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL)
os benefícios dados pelos estados.
De acordo
com o ministro, essa medida, que é uma vitória do governo, pode render cerca de
R$ 90 bilhões aos cofres públicos.
“O
gasto tributário no Brasil chegou a um nível absurdo, isso está inviabilizando
as finanças públicas e está impedindo o país de crescer”, ressalta Haddad.
O ministro
pontua ainda que “o Brasil só vai crescer com geração de emprego, não com
manobras fiscais das empresas”.
Ele destaca
que analistas do Senado Federal o alertaram de que as empresas podem partir
para outras manobras fiscais para tentar driblar o pagamento de impostos, agora
que não poderão mais abater os benefícios estaduais do Imposto de Renda e da
CSLL.
No entanto,
Haddad afirma que a Receita Federal estará atenta para cobrar as contas de
possíveis sonegações.
Votação
de arcabouço fiscal e reforma tributária
O ministro
afirmou que a intenção do Ministério é que o novo arcabouço fiscal e a reforma
tributária sejam votadas pelo Congresso ainda no primeiro semestre.
Segundo ele,
“o ministério da Fazenda nunca recebeu tanto político”.
“Minha
agenda está aberta para o Congresso porque gosto de conversar com deputado e
senador para mostrar a importância (das políticas), que a importância não é
para o governo, mas para o país”, aponta Haddad, dizendo que “tem
sentido receptividade” dos políticos.