Haddad anuncia pacote de R$ 242,7 bi para melhorar contas públicas
Haddad anuncia pacote de R$ 242,7 bi para melhorar contas públicas
Medidas envolvem reversão de desonerações e mudanças no Carf.
Publicado em 12/01/2023 - 16:42 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
Atualizado em 12/01/2023 - 17:27
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou há pouco uma série de medidas ficais para
fazer o governo registrar superávit primário em 2023. As medidas envolvem
reversão de desonerações, mudanças no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf) e uma nova renegociação especial de dívidas chamada Programa
Litígio Zero.
De acordo
com o Ministério da Economia, as mudanças poderão fazer o Governo Central
(Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar, no cenário
mais otimista, superávit primário de R$ 11,13 bilhões em 2023, contra previsão
de déficit de R$ 231,55 bilhões estabelecido no Orçamento Geral da União deste
ano.
De acordo
com o ministro, a previsão, no cenário mais realista, é que o déficit primário
feche o ano em pouco menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), entre R$ 90
bilhões e R$ 100 bilhões. O pacote inclui envolvem medidas e reestimativas de
receitas que elevarão a arrecadação em até R$ 196,68 bilhões e reduzirão as
despesas em até R$ 50 bilhões.
Elevação
de receitas
Do lado das
receitas, o governo prevê que entrarão R$ 36,4 bilhões a mais no caixa em
relação ao originalmente previsto no Orçamento de 2023. Além disso, haverá R$
73 bilhões em receitas extraordinárias, como as mudanças que pretendem acelerar
processos no Carf e desempatar votos em favor do governo (R$ 35 bilhões),
incentivo para denúncias espontâneas de sonegação (R$ 15 bilhões) e a utilização
de recursos parados em um antigo fundo do PIS/Pasep (R$ 23 bilhões), que havia
sido autorizada pela Emenda Constitucional da Transição.
O governo
também promoverá uma série de medidas para aumentar a arrecadação de forma
permanente, que deverá render R$ 83,28 bilhões somente neste ano. Entre as
medidas, estão o fim de desonerações no Programa de Integração Social (PIS) e
na Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), além da
mudança no aproveitamento dos créditos do Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), que era incorporado no PIS/Cofins.
Em relação
ao fim das desonerações, o governo prevê que entrarão nos cofres públicos R$
28,88 bilhões do fim da alíquota zero do PIS/Cofins sobre a gasolina e o etanol
a partir de março. Entrarão ainda R$ 4,4 bilhões da reversão da desoneração de
PIS/Cofins sobre receitas financeiras de grandes empresas, decidida pelo
ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão no fim do ano passado. A partir
de abril, os tributos voltarão às alíquotas antigas.
Créditos
do ICMS
Sobre o
ICMS, em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia excluído o imposto da
base de cálculo do PIS/Cofins, mas definiu o alcance da medida só no fim de
2021. No entanto, perdurou uma polêmica sobre se o cálculo dos créditos
tributários de PIS/Cofins deveria incluir ou retirar o ICMS.
Os créditos
tributários representam tributos pagos a mais ao longo da cadeia produtiva que
podem ser devolvidos às empresas ou usados para abater o pagamento de outros
tributos. O governo definiu que os créditos de PIS/Cofins não serão calculados
sobre o ICMS, apenas sobre a base de cálculo determinada pelo STF. Isso
resultará em mais arrecadação para a União.
Redução
de gastos
Do lado das
despesas, a medida prevê a redução de gastos em R$ 50 bilhões. Desse total, R$
25 bilhões virão da revisão permanente de contratos e programas, que será
executada pelo Ministério do Planejamento, e R$ 25 bilhões virão de empenhos
(autorização de execução) abaixo do autorizado no Orçamento de 2023.
Carf
Em relação
ao Carf, órgão que julga recursos administrativos de contribuintes que devem à
Receita Federal, a mudança mais importante ocorrerá no sistema de votação. O
governo retomará o voto de desempate da Fazenda, já recomendada pelo Tribunal de
Contas da União (TCU), no julgamento de conflitos tributários. Com a medida, as
chances de a Receita ganhar os processos aumentam, melhorando o caixa do
governo.
O governo
também introduzirá o Programa Litígio Zero, que funcionará no molde dos
tradicionais Refis e prevê a renegociação em condições especiais de dívidas com
a União. As pessoas físicas, micro e pequenas empresas com dívidas abaixo de 60
salários mínimos poderão obter descontos de 40% a 50% sobre o valor total do
débito, com prazo de até 12 meses para pagar.
Para
empresas que devem mais de 60 salários mínimos, haverá um desconto de 100%
sobre multas e os juros e a possibilidade de usar prejuízos de anos anteriores
para abater de 52% a 70% do débito. Segundo o Ministério da Fazenda, isso incidirá
apenas sobre dívidas consideradas irrecuperáveis e de difícil recuperação.
Também
haverá o fim dos recursos de ofício dentro do Carf para valores abaixo de R$ 15
milhões. Nesses casos, quando o contribuinte vencer em primeira instância, a
Receita Federal deixará de recorrer, encerrando o litígio. De acordo com o
Ministério da Fazenda, a medida extinguirá quase 1 mil processos no Carf, no
valor total de R$ 6 bilhões, e ajudará a desafogar o órgão para o julgamento de
grandes dívidas.
Matéria
atualizada às 17h27 para esclarecimento de informação.