Haddad nega ter ficado bravo, mas não responde novamente se meta fiscal de 2024 pode ser alterada
Haddad nega ter ficado bravo, mas não responde novamente se meta fiscal de 2024 pode ser alterada
Na última sexta-feira (27), presidente Lula declarou que governo 'dificilmente' alcançará meta de déficit zero nas contas do ano que vem.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, evitou responder novamente nesta terça-feira (31)
se a meta fiscal de 2024 pode ser alterada. Ele também negou ter ficado bravo
ao tratar sobre o tema em entrevista coletiva na segunda (30).
“Eu não
fiquei bravo, é que a jornalista me fez uma pergunta muito dura assim, de uma
maneira que eu não esperava. Se me perguntam com educação, eu respondo com
educação. Nunca desrespeitei vocês”, disse o ministro a jornalistas.
Na última
sexta-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou (PT), durante
café da manhã com jornalistas, que “dificilmente” o governo alcançará
a meta de déficit zero em suas contas em 2024.
Desde então, o ministro Haddad, que tem defendido a adoção de medidas para o alcance da meta, vem sendo alvo de questionamentos sobre o tema. A ala política do governo defende a alteração da meta, por temer o impacto das restrições nas contas públicas nas despesas do próximo ano.
Nesta
segunda-feira (30), apesar de insistentemente questionado pela imprensa sobre
uma possível mudança na meta do ano que vem, o ministro já tinha se esquivado.
Exaltado, ele evitou dar uma resposta direta.
Lei de Diretrizes Orçamentárias
A meta de
zerar o rombo nas contas públicas em 2024 está no Projeto de Lei de Diretrizes
Orçamentárias (PLDO) – enviado pelo governo ao Congresso Nacional em abril – e
também no projeto de orçamento deste ano, encaminhado no fim de agosto.
O projeto
com as diretrizes orçamentárias para 2024 ainda precisa ser votado pela
Comissão Mista de Orçamento (CMO), formada por deputados e senadores. O
calendário inicial da comissão previa que a votação do relatório final do projeto
acontecesse até 5 de julho.
A meta de
déficit zero para o próximo ano pode ser alterada pelos parlamentares durante a
tramitação do projeto no Congresso Nacional, mas o governo também pode propor
uma eventual alteração.
Em entrevista
ao Jornal Nacional na última sexta-feira (27), o relator do texto, deputado
Danilo Forte (União/Ceará), justificou que o atraso na votação da LDO ocorreu
“para dar a oportunidade para o governo federal realizar o convencimento
acerca das propostas da equipe econômica”.
Já nesta
segunda, à GloboNews, Forte disse que não há tempo hábil para a revisão da
meta. Veja no vídeo abaixo:
Meta zero
Para atingir
o objetivo de tentar zerar o rombo nas contas públicas no ano que vem, a equipe
econômica tem informado que buscará implementar medidas que aumentem a
arrecadação federal em R$ 168 bilhões.
O próprio
ministro da Economia, Fernando Haddad, já havia admitido, no final de agosto,
que será difícil atingir a meta de déficit fiscal zero no próximo ano.
O presidente
do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou em setembro que é importante o
governo federal persistir no esforço de zerar o déficit fiscal no ano que vem,
mesmo que o objetivo não seja cumprido.
Arcabouço fiscal
A meta de
déficit fiscal zero no ano que vem está contemplada, também, no chamado
arcabouço fiscal, a nova regra para as contas públicas proposta pelo governo e
aprovada pelo Congresso Nacional em agosto deste ano.
Pelas normas do arcabouço, há uma banda para o resultado das contas públicas. Em 2024, a meta central é de um déficit zero, mas o governo pode registrar um déficit primário (sem contar os juros da dívida pública) de até 0,25% do PIB no próximo ano (cerca de R$ 28,5 bilhões), sem que a meta seja descumprida.
Mas se esse
resultado ficar abaixo do intervalo de tolerância, o governo federal sofrerá
algumas punições:
– Crescimento
menor das despesas no próximo ano: em linhas gerais, pelas regras do arcabouço,
as despesas públicas vão poder crescer acima da inflação, mas respeitando uma
margem de 0,6% a 2,5% de crescimento real ao ano. Se as contas estiverem dentro
da meta, o crescimento de gastos terá um limite de 70% do crescimento das
receitas primárias. Caso o resultado primário fique abaixo da meta, o limite
para os gastos cai para 50% do crescimento da receita.
– Vedação a
novas despesas: o governo ficará proibido de criar novas despesas obrigatórias,
como novos auxílios, benefícios fiscais e novos cargos. Caso o resultado fique
abaixo da banda de tolerância pelo segundo ano consecutivo, governo também
ficará proibido de realizar concurso público.