Haddad quer atrelar desoneração da folha à reforma tributária
Haddad quer atrelar desoneração da folha à reforma tributária
Ministro pede parcimônia em alterações no arcabouço fiscal.
Publicado em 14/06/2023 - 08:26 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, tentará convencer o Senado a atrelar as discussões
sobre a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia à segunda
fase da reforma tributária, prevista para tramitar no segundo semestre no
Congresso Nacional. Segundo ele, faz mais sentido deixar o tema para o momento
em que os tributos sobre a renda forem redesenhados.
Sem entrar em detalhes, o ministro disse que a proposta aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira (13) é inconstitucional. “O próprio Congresso aprovou uma emenda constitucional dizendo que esse benefício [a desoneração da folha] tinha data para acabar. Então estamos sensibilizando os senadores. Vamos insistir que a oportunidade para a discussão não é agora, é para depois da [primeira fase da] reforma tributária, para que a gente possa se debruçar sobre isso”, comentou.
Em primeira
votação, a CAE aprovou a extensão até 2027 da desoneração da folha de pagamento
para os setores que teriam o benefício até o fim do ano. A proposta ainda
precisa ser votada em segundo turno pela comissão. Caso não haja recurso para
votação no Plenário do Senado, o texto irá direto para a Câmara dos Deputados.
Haddad
afirmou que a equipe econômica trabalha em uma proposta alternativa sobre o
tema, que pode ser inserida na segunda fase da reforma tributária. “Estamos
procurando ser respeitosos com o Congresso. Estou pedindo a confiança de que,
depois da [primeira fase] da reforma tributária, vamos entrar na segunda fase
em que outros tributos serão redesenhados. Os benefícios previstos têm vigência
até fim do ano, não consigo entender a pressa”, declarou.
Fundos
regionais
Em relação à
primeira fase da reforma tributária, que simplificará a tributação sobre o
consumo, Haddad defendeu a existência de um fundo de desenvolvimento regional
para compensar eventuais perdas dos estados com as mudanças no Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o fim de incentivos fiscais. No
entanto, disse que esse fundo precisa ter um teto e ser adotado gradualmente.
“Limite, tem que ter um, lógico, e tem que ter um escalonamento. Isso tem que
ter”, comentou, sem entrar em detalhes.
O ministro
disse estar aberto a uma eventual ampliação do prazo para a migração do atual
regime tributário para o novo previsto na nova reforma tributária. “Essa é uma
ideia que nos foi apresentada. Nós estamos analisando, mas o texto, de maneira
condicional, vai ser apresentado nos próximos dias eu acho”, afirmou.
Ontem,
Haddad reuniu-se com o relator da proposta da primeira fase da reforma
tributária na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Segundo o ministro, a
mudança do sistema de tributação alavancará o crescimento do país, ao criar um
regime “mais robusto e transparente”.
Arcabouço
No início da
noite desta terça-feira, Haddad reuniu-se com o senador Omar Aziz (PSD-AM),
relator do projeto do novo arcabouço fiscal no Senado. O ministro pediu
“parcimônia” ao Congresso para não alterar o texto aprovado pelos deputados. “O
que concordamos com Aziz é fazer algo com parcimônia, e [apenas] se for o
caso”, disse Haddad após o encontro.
O ministro
lembrou que, em caso de emendas que mudem o mérito de algum artigo, o texto
terá de ser votado novamente pelos deputados. Haddad, porém, disse que qualquer
alteração precisa ser acordada com o presidente da Câmara, Arthur Lira. “O que
pactuamos primeiro é respeitar o trabalho da Câmara”, declarou.
Alegando
educação com o relator no Senado, o ministro disse que não pode dizer que o
governo esteja totalmente fechado a mudanças na proposta. “Não posso dizer que
não estamos abertos a nada. O senador não vai carimbar o projeto, ele tem a
reflexão dele, as circunstâncias dele. Então, eu penso que, quanto mais
respeitosos formos em relação ao trabalho do Senado, mais próximo o resultado
do Senado vai ser do da Câmara, que é o que a gente quer”, comentou Haddad.
Edição: Denise Griesinge