Hamilton celebra condenação de Piquet por racismo e homofobia
Hamilton celebra condenação de Piquet por racismo e homofobia
Heptacampeão comemorou decisão da 20ª Vara Cível de Brasília, que acatou processo do Ministério Público do Distrito Federal: "Não há lugar para isso em nossa sociedade"
Por Redação ge — Melbourne, Austrália 31/03/2023 09h00 - Atualizado há uma hora
Nove meses
após falas racistas e homofóbicas sobre Lewis Hamilton proferidas por Nelson Piquet
se tornarem conhecidas, o tricampeão da F1 foi condenado na última sexta-feira
a pagar R$ 5 milhões destinados a entidades de promoção da igualdade racial e
combate à LGBTQIA+fobia. Questionado sobre o processo, o heptacampeão da
Mercedes comemorou a decisão da Justiça.
– Logo que
isso aconteceu, eu comentei sobre isso e ainda acredito que não devemos dar
atenção para essas pessoas cheias de ódio. Mas eu gostaria de reconhecer o que
o governo do Brasil fez, é impressionante que tenham responsabilizado alguém e
mostrado às pessoas que isso não é tolerado. Racismo e homofobia não são
aceitáveis, não há lugar para isso em nossa sociedade. Por isso, amo que tenham
mostrado que eles se posicionam – comentou Hamilton, no GP da Austrália.
As falas de
Piquet foram retiradas de uma entrevista de 2021, que viralizou na internet
apenas em junho passado. Nela, o ex-piloto brasileiro, tricampeão mundial,
chama Hamilton duas vezes de “neguinho”, ao opinar sobre a batida do
heptacampeão com seu genro, o bicampeão Max Verstappen, no GP da Inglaterra de
2021.
– O
“neguinho” meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não
fez isso. Ele foi, assim, “aqui eu arranco ele de qualquer maneira”.
O “neguinho” deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma
curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de
passar do lado. Ele fez de sacanagem – disse Piquet na entrevista.
As reações
foram quase imediatas. Hamilton debochou do ex-piloto ao compartilhar um tweet
que questiona quem é Piquet, mas cobrou por mudança de mentalidade e combate
efetivo ao racismo. F1, Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e rivais
do britânico e da Mercedes se posicionaram.
Dias depois,
outro fragmento do vídeo tomou a internet: nele, Piquet ofende o antigo rival
Keke Rosberg (campeão da F1 em 1982 e pai de Nico Rosberg, colega e adversário
de Hamilton de 2013 a 2016) e tem uma fala homofóbica, sugerindo que Hamilton
foi derrotado por Nico no campeonato de 2016 por “estar dando mais
c…”.
Piquet
diz não ver “nada errado” em fala racista a Hamilton
Entidades de
promoção da diversidade racial e da comunidade LGBTQIA+ processaram Piquet,
ação acatada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MP-DTF). No começo de
março, o órgão pediu pela condenação do ex-piloto, confirmada por sentença do
juiz Pedro Matos de Arruda.
“Esta
ofensa é intolerável. Mais ainda quando se considera a projeção que é dada
quando é uma pessoa tão reconhecida e tão admirada como o réu. Assim, tenho que
o dano moral coletivo está caracterizado, porque houve ofensa grave aos valores
fundamentais da sociedade. Desta forma, considerando que o réu se propôs a
pagar mais de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para ajudar na campanha
eleitoral de um candidato à presidência da república (Jair Bolsonaro),
objetivando certamente a melhoria do país segundo as suas ideologias, nada mais
justo que fixar a quantia de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) – que é o
valor mínimo de sua renda bruta anual – para auxiliar o país a se desenvolver
como nação e para estimular a mais rápida expurgação de atos
discriminatórios”, declara o magistrado na sentença.
Hamilton,
que se posicionou na última semana contra a aprovação de uma lei que
criminaliza a homossexualidade em Uganda, país do Leste da África, disse ainda
que outras nações deveriam seguir o exemplo da Justiça brasileira.
– Gostaria
que outros governos fizessem isso, como você viu na Uganda. Ainda há mais uns
30 países na África e Oriente Médio (que criminalizam homossexualidade), há
muito o que se pode aprender disso – reforçou o heptacampeão.