Implosão do submarino Titan: veja 6 respostas sobre o colapso do veículo
Implosão do submarino Titan: veja 6 respostas sobre o colapso do veículo
Professor de engenharia naval diz que a pressão exercida em um submersível a 3,8 mil metros de profundidade é equivalente a um elefante apoiado a cada pedaço de 5 x 5 centímetros (25 centímetros quadrados) do casco.
Por g1 23/06/2023 08h13 - Atualizado há 10 minutos
Os escombros
encontrados no fundo do oceano levaram autoridades a afirmar que o submarino
Titan implodiu, causando a morte dos cinco passageiros que iriam até o local do
naufrágio do Titanic.
Um som
compatível com o da implosão foi captado no domingo (18), poucas horas após o
submarino mergulhar no Atlântico Norte.
Abaixo, veja
perguntas e respostas sobre o que é a implosão e suas consequências:
1 – O que
é implosão?
É o que
ocorre quando um objeto, uma estrutura ou um edifício colapsa ou desmorona em
direção ao seu centro. É o oposto da explosão, na qual a força que leva à
destruição é liberada para fora a partir do centro do objeto.
No caso do
ambiente aquático, a implosão ocorreu em razão da pressão externa do mar ter
superado a de dentro do submarino.
2 – 100
anos antes, por que o Titanic não implodiu?
Primeiro,
por causa da própria estrutura do navio, aberta e não hermeticamente fechada
como a de um submarino. O Titanic teve sua estrutura progressivamente invadida
pela água. Não houve desequilíbrio da pressão externa com a do seu casco.
3 – Qual
a diferença entre o caso atual e o do submarino argentino?
O submarino
argentino ARA San Juan manteve seu casco relativamente íntegro após a implosão.
À época, a Marinha da Argentina disse que o casco permaneceu bastante intacto,
apenas com algumas deformações, e que todas as outras partes se desprenderam.
No caso do
Titan, que não era feito integralmente de aço, a implosão terminou com sua
fragmentação em escombros.
4 – Como
os materiais do Titan influenciaram na implosão?
Segundo
Thiago Pontin Tancredi, professor do curso de engenharia naval da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e supervisor do laboratório de simulação
naval, o Titan era feito de fibra de carbono e titânio, dois materiais sobre os
quais há pouco estudo acerca de como se comportam quando sujeitos a várias
pressões diferentes.
Como é feito
de fibra de carbono, a implosão deve ter causado um efeito similar ao vidro
estilhaçado, se partindo em muitos pedaços. Já as partes em titânio devem se
comportar como metal, ficando retorcidas, segundo a avaliação de Pontin.
5 – Qual
o peso que a água exerceu sobre o veículo?
No caso do
ambiente submarino, a medida de pressão é a mais exata para nos referirmos às
forças que atuam sobre um objeto e ela não pode ser não pode ser diretamente
convertida em uma medida de peso, pois a pressão é uma força por unidade de
área, enquanto o peso é uma força devido à gravidade sobre um objeto.
Mas é
possível fazer estimativas em quilos-força por centímetro quadrado (kgf/cm²).
Considerando
o formato do objeto, que não era plano e se assemelhava vagamente a uma gota, o
professor de engenharia naval afirma que a pressão exercida em um submersível a
3,8 mil metros de profundidade é equivalente a um elefante apoiado a cada
pedaço de 5 x 5 centímetros (25 centímetros quadrados) do casco.
6 – O que
pode ter contribuído para a implosão?
Segundo o
professor Tancredi, um dano na estrutura do casco é uma das causas possíveis da
implosão.
“Quando submerge e emerge, [o submarino] vai acumulando danos. Não é porque fez a missão uma vez que é seguro. Fazer a missão uma vez significa que ele estava bem dimensionado, mas vai acumulando amassados e trincas, o que pode levar a uma falha estrutural”, afirma Thiago.
A implosão
ocorre justamente quando a pressão da água esmaga o casco do submarino,
comprimindo-o para dentro.
Ainda de
acordo com o professor e engenheiro naval Thiago Pontin, um pequeno amassado no
casco, ainda que represente algo em torno de 2% de toda a sua superfície, já é
suficiente para reduzir a profundidade máxima de operação de um submarino em
50%.
Além de
fissuras ou rupturas no casco, outra possibilidade para a implosão de um
submarino é justamente a extrapolação do limite de profundidade para o qual foi
projetado. Em um caso como esse, mesmo com casco íntegro e sem qualquer
problema a bordo, a estrutura pode entrar em colapso se for submetida a
pressões maiores do que aquelas para as quais foi projetada.
Ainda no
caso de um submarino de guerra, uma implosão poderia ter relação com a
detonação de um dos armamentos por ele é transportado.