Inflação de janeiro fica em 0,42%, pressionada pela alta dos alimentos
Inflação de janeiro fica em 0,42%, pressionada pela alta dos alimentos
IPCA acumula 4,51% em 12 meses.
Publicado por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A inflação
oficial no mês de janeiro ficou em 0,42%, puxada principalmente pela alta no
preço dos alimentos. Esse patamar fica abaixo do 0,56% apurado pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês anterior, dezembro.
Em 12 meses,
o índice soma 4,51%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (8) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em janeiro,
o grupo alimentação e bebidas, que tem maior peso na cesta de consumo das
famílias (21,12%), subiu 1,38%. Isso significa um peso de 0,29 ponto percentual
(p.p.) no IPCA do mês. É a maior alta de alimentação e bebidas para o mês desde
2016, quando o grupo alcançou elevação de 2,28%.
O IBGE
explica que fatores climáticos foram os principais motivos que causaram o
aumento no preço dos alimentos no começo de 2024.
“O aumento
nos preços dos alimentos é relacionado, principalmente, à temperatura alta e às
chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país”, explica o gerente
da pesquisa, André Almeida.
Custos da alimentação
Entre os
alimentos que mais pesaram no bolso do brasileiro estão a cenoura (43,85%),
batata-inglesa (29,45%), feijão-carioca (9,70%), arroz (6,39%) e frutas
(5,07%).
“Historicamente, há uma alta dos alimentos nos meses de verão, em razão dos fatores climáticos, que afetam a produção, em especial, dos alimentos in natura, como os tubérculos, as raízes, as hortaliças e as frutas. Neste ano, isso foi intensificado pela presença do El Niño”, destaca Almeida.
O
pesquisador contextualiza ainda que no caso do arroz, a Índia, maior produtor
mundial, enfrentou questões climáticas que atingiram a produção e cortou as
exportações no segundo semestre de 2023. O resultado é menos produto à venda e,
consequentemente, maior o preço.
Transportes
O grupo
transportes – o segundo que mais pesa na cesta mensal das famílias (20,93%) –
ajudou a frear a inflação em janeiro. Houve deflação, ou seja, recuo nos
preços, de 0,65%. O alívio veio de um vilão dos últimos meses, o preço das
passagens aéreas. Depois de terem subido 82,03% no acumulado de setembro,
outubro, novembro e dezembro do ano passado, os bilhetes vendidos pelas
companhias aéreas caíram, em média, 15,22% em janeiro de 2024. Esse foi o item
que teve o maior impacto negativo em todo o IPCA.
Ainda no
grupo dos transportes, houve queda nos preços dos combustíveis (-0,39%), com os
recuos do etanol (-1,55%), óleo diesel (-1,00%) e gasolina (-0,31%).
“Como a
gasolina é o subitem de maior peso individual no IPCA, essa queda de preços em
janeiro ajudou a conter o resultado geral do índice”, analisa o gerente do
IBGE.
O gás
veicular, com aumento de 5,86%, foi o único dos combustíveis pesquisados a ter
alta no mês.
Terceiro
grupo com maior peso no orçamento familiar (15,31%), a habitação teve alta de
0,25%.
12 meses
O IPCA é
considerado a inflação oficial do país, pois é o índice utilizado pelo Banco
Central para perseguir a meta oficial de inflação (3% no acumulado de 12 meses,
com tolerância de 1,5 p.p para mais ou para menos). O índice calcula o custo de
vida de famílias que ganham entre um e 40 salários mínimos.
Com o
resultado de janeiro, o acumulado de 12 meses diminuiu de 4,62% para 4,51%. É o
quarto mês seguido com redução nesse acumulado. No mesmo mês do ano passado, o
IPCA tinha sido de 0,53%.
INPC
O IBGE
também divulgou nesta quinta-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC). A principal diferença dele para o IPCA é que apura a inflação para
famílias com renda de um a cinco salários mínimos. O resultado do INPC em
janeiro, 0,55%, ficou acima do IPCA por conta do maior peso que o grupo
alimentação e bebidas tem para as pessoas dessa faixa de renda, ou seja, quanto
menor a renda, maior o gasto proporcional com comida. O índice acumula alta de
3,82% em 12 meses.
Edição:
Maria Claudia