Inundações na República Democrática do Congo deixam quase 400 mortos
Inundações na República Democrática do Congo deixam quase 400 mortos
Chuvas intensas atingem desde quinta-feira na região de fronteira do país com Ruanda.
Por g1 08/05/2023 11h33 - Atualizado há 5 minutos
As
inundações e deslizamentos de terra provocados pelas fortes chuvas que
atingiram o leste da República Democrática do Congo deixaram mais de 400
mortos, segundo um balanço divulgado nesta segunda-feira (8). O número ainda
pode aumentar, à medida que mais corpos são encontrados.
Os trabalhadores
passaram dias recuperando corpos cobertos de lama nas aldeias de Bushushu e
Nyamukubi, ambas na província de Kivu do Sul, onde dias de chuva torrencial
causaram deslizamentos de terra e transbordaram rios na quinta-feira.
“Deixamos
tudo para trás”, disse Bahati Kabanga, 32, morador de Bushushu, que
conseguiu resgatar seu único filho, mas perdeu uma tia, sobrinhos e uma irmã.
As intensas
chuvas atingem a região desde quinta-feira o que provocou a cheia dos rios e
deslizamentos de terra que destruíram as aldeias Bushushu e Nyamukubi.
“Parece
o fim do mundo. Procuro os meus pais e os meus filhos”, lamentou-se
chorando Gentille Ndagijima, de 27 anos.
A jovem
perdeu os dois filhos, suas duas irmãs e seus pais. Seu marido ficou ferido e
está hospitalizado. “Não tenho família e não tenho casa. Agora tenho que
buscar onde dormir”, relatou.
A República
Democrática do Congo é um dos maiores países da África e um dos mais pobres do
mundo, assolado pela corrupção e pela violência na parte oriental.
Luto
Nacional
Os desabrigados
precisam de tudo. Bakenga disse que “o governo provincial enviou um barco
repleto de alimentos, lonas e medicamentos”.
O panorama,
porém, segue sendo desolador. Há povoados inteiros submersos, casas destruídas
e campos devastados.
O governo
central decretou um dia de luto nacional na segunda-feira (8).
“Sou
motorista. Havia voltado do trabalho, estacionei minha moto em casa e saí para
ver os meus amigos. Quando voltei, minha casa, minha moto, e os membros da
minha família haviam desaparecido” relatou Roger Bahavu, outro dos
afetados em Nyamukubi.
Isaac
Habamungu, membro da Cruz Vermelha local, disse que há muitos corpos.
“Estamos atolados”, advertiu.
“Acreditamos
que muitos corpos terminaram no lago (…) Nos perguntamos como vamos cuidar
disso”, acrescentou, explicando que não tem sacos para cadáveres nem
financiamento para suas atividades.
A catástrofe
aconteceu dois dias depois das inundações que deixaram pelo menos 131 mortos e
destruíram milhares de casas na vizinha Ruanda.
No sábado, o
secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em visita ao Burundi que as
tragédias são uma nova “mostra da aceleração da mudança climática e suas
consequências dramáticas para países que não são responsáveis pelo aquecimento
do planeta”.
Os especialistas afirmam que os fenômenos meteorológicos extremos ocorrem com maior frequência e intensidade devido à mudança climática.