IPCA: preços sobem 0,56% em outubro, com conta de luz e carnes mais caras
IPCA: preços sobem 0,56% em outubro, com conta de luz e carnes mais caras
Com o resultado, o IPCA acumula uma alta de 4,76% em 12 meses e ultrapassa o teto da meta de inflação para 2024. A meta é de 3% e será considerada cumprida se ficar em um intervalo entre 1,5% e 4,5%. De janeiro a outubro, o IPCA já tem alta de 3,88%.
Por Bruna Miato, g1
O Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial
do país, mostra que os preços subiram 0,56% em outubro, segundo dados
divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
A alta foi,
mais uma vez, impulsionada pela forte alta na energia elétrica residencial, que
avançou 4,74%. Em outubro, os preços das carnes também pesaram na inflação, com
uma alta de 5,81%.
Com o
resultado, o IPCA acumula uma alta de 3,88% em 2024 até aqui, se aproximando do
teto da meta de inflação para este ano. A meta é de 3,0% e será considerada
formalmente cumprida se a inflação ficar dentro de um intervalo de 1,5% a 4,5%.
Já em 12
meses, o índice acumula alta de 4,76%, acima do limite da meta. Em outubro de
2023, o índice de preços registrou alta menos expressiva, de 0,24%.
Com a alta nos preços da conta de luz e das carnes, os grupos com maiores avanços no IPCA do mês foram Habitação, que subiu 1,49%, e Alimentação e bebidas, com alta de 1,06%. Além de registrarem as maiores altas, os dois grupos também tiveram a maior influência para a inflação em outubro, com impacto de 0,23 ponto percentual cada.
No mês
anterior, em setembro, a inflação já havia registrado uma alta de 0,44%, também
puxada pelo forte avanço do valor da conta de luz e da alimentação no país.
A inflação
veio um pouco acima da média das expectativas de especialistas do mercado
financeiro, que previam um avanço de 0,53% nos preços.
Veja o resultado dos grupos do IPCA:
Alimentação
e bebidas: 1,06%;
Habitação:
1,49%;
Artigos de
residência: 0,43%;
Vestuário:
0,37%;
Transportes:
-0,38%;
Saúde e
cuidados pessoais: 0,38%;
Despesas
pessoais: 0,70%;
Educação:
0,04%;
Comunicação:
0,52%.
Energia elétrica e alimentação
continuam pesando na inflação
Mais uma
vez, a energia elétrica residencial foi uma grande vilã para a inflação, com
uma alta de 4,74% e um impacto de 0,20 ponto percentual sobre o IPCA cheio — o
maior impacto de um subitem em outubro.
A conta de
luz também foi o principal contribuinte para a alta do grupo de Habitação, que
avançou 1,49%. A alta foi causada pela mudança da bandeira tarifária, que foi
para o patamar vermelho 2, gerando uma cobrança de R$ 7,877 para cada 100
quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Além da
energia, as carnes também tiveram um grande impacto no IPCA de outubro, de 0,14
ponto percentual, o segundo maior do mês. Em outubro, os preços das carnes
avançaram, em média, 5,81%, depois de avançar 2,97% em setembro. No acumulado
em apenas dois meses, as carnes já apresentam alta de 8,95%.
Segundo
André Almeida, gerente da pesquisa do IPCA, o avanço expressivo das carnes é
consequência de três principais fatores: mudanças climáticas, menor número de
animais para abate e um aumento das exportações, que reduziram a oferta no
mercado interno.
As carnes
também foram o item com o maior peso no grupo de Alimentação e bebidas, que
avançou 1,06%. A alimentação dentro do domicílio acelerou para uma alta de
1,22% em outubro, enquanto a alimentação fora do domicílio subiu 0,65%.
Olhando para cada corte, as maiores
variações vieram:
do acém, com
alta de 9,09%;
da costela,
com alta de 7,40%;
do
contrafilé, com alta de 6,07%
e do
alcatra, com alta de 5,79%.
Outros
subitens importantes na mesa do brasileiro também tiveram altas relevantes, com
destaque para o tomate (9,28%) e o café moído (4,01%).
Serviços e monitorados
A inflação
de serviços voltou a acelerar em outubro, passando de uma alta de 0,15% em setembro
para alta de 0,35% em outubro.
No entanto,
em 12 meses, a alta acumulada foi de 4,57% em outubro, contra 4,82% no mês
anterior. Essa foi a primeira vez que a inflação de serviços ficou abaixo da
inflação geral em 12 meses desde julho de 2022, no meio da pandemia e com
medidas de isolamento social em vigor.
A principal
contribuição para essa desaceleração veio do subitem de passagens aéreas que
teve uma forte redução de 11,50%. Os pesquisadores do IBGE atribuem essa queda,
principalmente, à semana de promoções para os clientes de cinemas, que pagaram
menos pela entrada.
Outros
itens, como transporte por aplicativo (1,52%) e tratamento de animais (-0,36%),
também recuaram e contribuíram para a desaceleração.
Já os
monitorados, itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por
contratos, avançaram 0,71% em outubro, contra uma alta de 0,71% em setembro. A
alta foi puxada pela energia elétrica residencial e gás de botijão.
Com a
disparada da conta de luz, o acumulado em 12 meses dos monitorados teve uma
forte aceleração de 5,48% em setembro para 6,27% em outubro.
INPC tem alta de 0,61% em outubro
Por fim, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — usado como referência para
reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda
mais baixa — teve alta de 0,61% em setembro. Em agosto, teve queda de 0,48%.
Assim, o INPC acumula alta de 3,92% no ano e de 4,60% nos últimos 12 meses. Em outubro de 2023, a taxa foi de 0,12%.