Israel está próximo de acordo de cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano, diz porta-voz
Israel está próximo de acordo de cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano, diz porta-voz
Uma reunião marcada para esta terça-feira (26) pode definir os acordos. Segundo embaixador israelense nos EUA, "ainda há pontos a serem finalizados". No domingo (24), bombardeios israelenses mataram pelo menos 29 pessoas em Beirute.
Por Redação g1
Um acordo de
cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista libanês Hezbollah pode ser
concluído nos próximos dias, mas ainda há pontos a serem ajustados, segundo o
embaixador israelense nos Estados Unidos, Michael Herzog. A proposta em
discussão prevê a interrupção dos ataques por dois meses e a retirada das
forças israelenses da fronteira sul do Líbano. Uma reunião do Conselho de
Segurança israelense marcada para esta terça-feira (26) pode definir os acordos
de cessar-fogo.
Israel aceitou a mediação dos EUA e a ONU também pediu que “as duas partes aceitem o cessar-fogo”.
Segundo a
agência Reuters, o anúncio do acordo de cessar-fogo deve ser anunciado pelos
presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron nas
próximas horas.
Em
entrevista à rádio militar de Israel, Herzog disse que “embora ainda haja
pontos a serem finalizados, o acordo poderia ser concluído nos próximos
dias”. O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse que o país está
“fazendo progressos no front”, afirmando que a reunião poderá
acontecer na terça-feira.
Entre os
pontos que estão sendo acertados está a possibilidade do exército israelense de
poder realizar ataques na fronteira sul do Líbano caso ocorra algum tipo de
ameaça.
O porta-voz
do parlamento libanês, Elias Bou Saab, disse nesta segunda-feira (25) que
“não há grandes obstáculos” impedindo a trégua.
Diplomatas e
autoridades afirmam, contudo, que há diversos obstáculos nas negociações para
encerrar o conflito, que começou em setembro com bombardeios e uma invasão
terrestre de Israel no Líbano. Mais de 3.500 libaneses morreram em decorrência
dos ataques. Em Israel, mais de 70 pessoas morreram, incluindo mais de 40 civis
e 30 soldados.
A proposta
em negociação entre Israel e o Hezbollah prevê, além de um cessar-fogo inicial
de dois meses, durante o qual as forças israelenses se retirariam do Líbano, o
fim das operações do Hezbollah ao sul do rio Litani. Esse processo seria
acompanhado pela chegada de milhares de tropas do exército libanês para
patrulhar a área, junto com a força de paz da ONU já presente na região.
Há também a
previsão da criação de um comitê internacional para monitorar a implementação
do acordo e da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em
2006, que encerrou a guerra entre Israel e Hezbollah naquele ano. A resolução,
contudo, nunca foi totalmente implementada.
Entre as
divergências que ainda impedem o acordo de ser finalizado, segundo diplomatas
ocidentais informaram à agência AP, estão:
– O pedido
de Israel para que se tenha garantia da remoção de armas do Hezbollah da área
de fronteira;
– A
liberdade do exército israelense de continuar os ataques ao Líbano caso julgue
que o grupo extremista viole o acordo de cessar-fogo;
– A falta de
consenso entre Israel e Líbano sobre a composição do comitê internacional para
monitorar a implementação do cessar-fogo. O governo israelense, inicialmente,
se opôs à inclusão da França, mas cedeu. Já o governo libanês rejeita a
participação do Reino Unido, aliado próximo de Israel.
Segundo a
AP, analistas apontam que, enquanto o Hezbollah insiste na proteção da
soberania libanesa, Israel reluta em discutir 13 pontos de fronteira disputados
no âmbito do acordo.
Há alguns
dias, o mediador norte-americano Amos Hochstein sinalizou “avanços
significativos” sobre um possível cessar-fogo após conversas em Beirute.
Ele também se reuniu com líderes israelenses antes de retornar a Washington.
Um
cessar-fogo entre Israel e Hezbollah poderia reduzir as tensões regionais e
evitar um confronto direto entre Israel e Irã. Especialistas alertam que, sem
um acordo, o conflito pode se expandir para Síria e Iraque, onde Israel já
realizou ataques contra grupos aliados ao Irã. A ONU destacou a necessidade de
cessar-fogo para evitar que a Síria seja ainda mais envolvida no conflito.
O ministro
de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, por outro lado, defendeu a
continuidade da guerra até a “vitória absoluta”. Em uma publicação na
rede social X, dirigida ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu,
Ben-Gvir disse: “Ainda dá tempo de impedir este acordo!”
O chefe do
Hezbollah, Naim Qassem, disse na semana passada que o grupo revisou a proposta
de cessar-fogo mediada pelos EUA e que agora a decisão está nas mãos de Israel.
Apesar do
movimento diplomático, os conflitos intensificaram-se: no domingo (24), ataques
aéreos israelenses mataram pelo menos 29 pessoas no centro de Beirute, enquanto
o Hezbollah, apoiado pelo Irã, lançou cerca de 250 foguetes contra Israel.
Bombardeio
israelense no centro de Beirute
O conflito
começou quando o Hezbollah abriu fogo em solidariedade ao seu aliado palestino
Hamas, após o ataque de 7 de outubro de 2023, ao sul de Israel.
Enquanto Israel busca garantir o retorno seguro de parte da população que teve que deixar a região da fronteira e que pressiona o governo para poder retornar, no Líbano, um quarto da população foi forçada a deixar suas casas, com vastas áreas destruídas.
O fracasso
nas negociações durante a visita do mediador Amos Hochstein gerou pessimismo,
com muitos acreditando que um acordo só será possível após a posse de Donald
Trump, em janeiro de 2025.