Julgamento de anestesista filmado estuprando mulher durante cesárea começa nesta segunda

Julgamento de anestesista filmado estuprando mulher durante cesárea começa nesta segunda

Giovanni Quintella Bezerra começa a ser julgado nesta segunda-feira (12) no Fórum de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A audiência de instrução e julgamento pode durar até 60 dias.

Por Luana Alves, Bom Dia Rio 12/12/2022 08h20  Atualizado há 25 minutos

O julgamento de Giovanni Quintella Bezerra, o médico gravado estuprando uma grávida na sala de parto em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, começa nesta segunda-feira (12), cinco meses depois da prisão em flagrante dele no Hospital da Mulher, na Baixada Fluminense. A audiência está prevista para às 11h no Fórum de São João de Meriti.

Giovanni responde por estupro de vulnerável. Giovanni está preso em uma cela individual do pavilhão 8 de Bangu, destinado a detentos com curso superior. E isolado por causa de ameaças. O médico virou réu em julho. Além do estupro durante o parto filmado, a polícia investigou outros casos.

A audiência de instrução e julgamento pode durar no máximo 60 dias. Primeiro serão ouvidas a vítima e seu marido, depois as 8 testemunhas de acusação e em seguida as oito testemunhas de defesa.

Então, abre-se espaço para esclarecimentos da perícia e, por último, o depoimento de Giovanni, que vai ser ouvido por videoconferência, para evitar que sua presença intimide a vítima ou as testemunhas e também por questões de segurança.

“A gente espera que ele seja condenado a pena máxima, de 15 anos de prisão”, diz um dos advogados da vítima, Francisco Valdeir da Silva. “Foi contra a mulher, na sala de parto. É uma violência contra a mulher, ele violou um dever de profissão dele, então, só aí temos 3 agravantes. E por se tratar de um crime hediondo, quando se junto tudo isso, vai se acrescer mais da metade da pena dele”, diz outro advogado, Francisco Bandeira de Lima.

“Eu quero que ele não possa tocar em mulher nenhuma dessa forma”, diz a vítima do estupro.

 

Prisão em flagrante

A prisão de Giovanni foi possível graças a uma filmagem feita pela equipe de enfermagem, que tinha desconfiado que o anestesista tinha cometido outros estupros no mesmo dia. Há cerca de uma semana, o Fantástico exibiu novos trechos do vídeo, que mostra o anestesista desligando o aviso sonoro de monitoramento da grávida.

Esses alarmes soaram durante o estupro, que durou cerca de 10 minutos. De acordo com a perícia, os alarmes são do monitor multiparâmetro, que podem corresponder à queda de saturação de oxigênio da paciente, já que as vias aéreas da mulher foram obstruídas durante o estupro.

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O Fantástico teve acesso com exclusividade ao vídeo de uma hora e trinta e seis minutos de duração e acesso exclusivo a informações do laudo da perícia.

As cenas mostram que Giovanni colocou em risco a vida da paciente para ter a oportunidade de abusar dela. As imagens do estupro foram registradas por um celular, estrategicamente escondido em um armário dentro da sala de parto. Mas a Defensoria Pública questionou.

A defesa do médico alega que a captação de vídeo foi ilegal, porque foi produzida sem conhecimento dos envolvidos e sem autorização da Polícia ou do Ministério Público.

A Justiça não aceitou o argumento. E afirmou que crimes dessa natureza quase sempre são cometidos às escondidas, tendo, geralmente, como única prova a palavra da vítima, que, naquele caso, se encontrava sedada, sem qualquer possibilidade de reação ou de prestar depoimento sobre o ocorrido. E reforçou que a captação foi feita por profissionais de saúde, que, naquela circunstância, tinham o dever de proteger a gestante.

De acordo com o inquérito, Giovanni fez sete aplicações de sedativos na vítima. Os peritos dizem que a quantidade de anestésicos extrapolou o que é habitualmente utilizado em uma cesariana.

A defesa pediu à Justiça que o médico aguardasse o julgamento em liberdade, o que foi negado pela Justiça. A defesa também pediu um teste de sanidade argumentando que o médico tem quadro de transtorno psicológico na família e estava tomando medicamento para aumentar a libido e talvez por isso não estivesse respondendo por seus atos. A Justiça também negou esse pedido, dizendo que a defesa não apresentou qualquer prova contra a sanidade mental do médico. 

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