Justiça proíbe apreensão sem motivo de crianças e adolescentes no Rio
Justiça proíbe apreensão sem motivo de crianças e adolescentes no Rio
Pedido foi feito pelo MPRJ para impedir abusos na Operação Verão.
Publicado por Agência Brasil - Rio de Janeiro
A Justiça do
Rio de Janeiro proibiu que a prefeitura e o estado apreendam crianças e
adolescentes ou os conduzam à delegacia, apenas para verificação. O juízo da 1ª
Vara da Infância, da Juventude e do Idoso determina que a apreensão seja feita
apenas em situações de flagrante de ato infracional ou por ordem de autoridade
judicial competente.
A decisão
também impede que as crianças e jovens sejam levados a centrais de acolhimento,
sem decisão judicial ou necessidade de medida protetiva de urgência.
O pedido foi
feito pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em ação civil pública
em que denuncia a condução desmotivada de adolescentes a uma central de
acolhimento, por agentes da Operação Verão.
A operação
tem o objetivo de aumentar a segurança na orla carioca durante o período de
primavera e verão. Mas, segundo o MPRJ, dos mais de 80 adolescentes
encaminhados à central de acolhimento, em apenas um caso os agentes apresentaram
motivo para a apreensão.
“Importante que o estado e o município do Rio de Janeiro se mobilizem para garantir a segurança de todos na praia e no acesso a ela, mas sem violar direitos sem incentivar mais violência. Os moradores das periferias pardos e negros, crianças e adolescentes, devem ter garantido o seu direito de desfrutar das praias como todos os outros, cabendo ao estado e município assegurar o ir e vir seguro a todos”, escreveu a juíza Lysia Maria Mesquita, em seu despacho de 11 de dezembro.
A juíza
também determinou que duas centrais de acolhimento encaminhem à Justiça
relatórios sobre os adolescentes levados à força durante a Operação Verão.
Estado e prefeitura também terão que informar, em dez dias, seus planos de
segurança e abordagem social para o período de verão, que não violem os
direitos das crianças e dos adolescentes.
Por meio de
suas redes sociais, o governador fluminense, Cláudio Castro, criticou a decisão
judicial e afirmou que irá recorrer. “Acato e respeito a decisão da Justiça que
proibiu as polícias de trabalharem de forma preventiva na Operação Verão – orla
das praias. Vamos recorrer porque a decisão está errada. O princípio
fundamental da segurança pública é a prevenção, que foi sequestrada nesta
decisão”, escreveu Castro.
Edição: Graça Adjuto