Lucro dos bancos bate recorde e soma R$ 145 bilhões em 2023, aponta Banco Central
Lucro dos bancos bate recorde e soma R$ 145 bilhões em 2023, aponta Banco Central
Informações constam do Relatório de Economia Bancária de 2023. Recorde foi registrado em ano de juros básicos em alto patamar. Governo pressiona pela redução da Selic.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O lucro
líquido dos bancos subiu 5% em 2023, para R$ 145 bilhões, e bateu novo recorde
histórico, informou nesta quinta-feira (6) o Banco Central. A instituição não
informou qual o valor ajustado exato do lucro de 2022.
O aumento do
lucro das instituições financeiras aconteceu em um ano no qual a taxa básica de
juros da economia, fixada pelo Banco Central para conter a inflação, ficou em
13,75% ao ano até meados junho do ano passado – um patamar elevado, em termos
reais, na comparação internacional.
A taxa Selic
começou a cair somente em agosto de 2023, terminando o último ano em 11,75% ao
ano, nível ainda alto na comparação internacional.
“Ao
longo de 2023, o retorno do crédito aumentou, influenciado pelo peso das safras
recentes nas receitas de crédito contratadas a taxas mais altas. O custo de
captação também se elevou no período, mas apresentou redução no quarto
trimestre em decorrência da queda da taxa Selic a partir de agosto”,
informou o BC.
O patamar da
taxa básica de juros da economia brasileira tem sido criticada recorrentemente
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O BC goza de
autonomia em sua atuação, sendo que a atual diretoria, inclusive Roberto Campos
Neto, presidente da instituição, foi indicada, em sua maioria, pelo
ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Banco
Central tem argumentado que sua atuação, na fixação da taxa de juros, é
técnica, e busca conter a inflação.
Em seus
documentos, a instituição informa que um patamar mais alto de inflação
prejudica, principalmente, a população de baixa renda.
Segundo o
Banco Central, a elevação da margem bruta de lucro das instituições financeiras
“tende a continuar à medida que os efeitos da queda da taxa Selic
permaneçam reduzindo o custo de captação de forma mais rápida que o retorno do
crédito”.
Racha no
Copom
A última
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em maio, registrou
divisão na diretoria do Banco Central sobre o ritmo de corte da taxa de juros –
o que gerou nervosismo no mercado financeiro.
À ocasião, o
Copom decidiu reduzir o ritmo de corte da taxa Selic – que caiu 0,25 ponto
percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano.
Entenda o
que ocorreu:
– Quatro
diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votaram por
um corte maior nos juros, de 0,5 ponto percentual, para 10,25% ao ano, mas
foram voto vencido.
– Quatro
diretores mais antigos e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, formando uma
maioria, optaram por uma redução menor na taxa Selic.
– O
“racha” no Copom teve efeito negativo no mercado financeiro no dia
seguinte. A bolsa de valores caiu, enquanto o dólar e os juros futuros
avançaram.
O temor do
mercado é que a diretoria do BC indicada pelo presidente Lula – com maioria no
Copom a partir de 2026 –, possa ser mais leniente com a inflação, em busca de
um ritmo maior de crescimento da economia.