Lula demite Jean Paul Prates, presidente da Petrobras
Lula demite Jean Paul Prates, presidente da Petrobras
Magda Chambriard foi convidada e aceitou assumir o cargo. Demissão ocorreu na presença do presidente, do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Por g1
O presidente
Lula (PT) demitiu Jean Paul Prates da presidência da Petrobras nesta
terça-feira (14).
Magda
Chambriard foi convidada para ser a substituta de Prates e já aceitou assumir o
cargo.
Prates foi
demitido pessoalmente por Lula. O ministro de Minas e Energia, Alexandre
Silveira, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, estavam presente.
A avaliação
do governo é que a situação de Prates ficou insustentável. A polêmica sobre o
pagamento dos dividendos aos acionistas da Petrobras, quando Prates foi contra
a orientação do governo e se absteve na votação, foi um fato que não foi muito
bem recebido no Palácio do Planalto (leia mais abaixo).
A informação
foi inicialmente publicada pela coluna da Malu Gaspar, do jornal “O Globo”,
e foi confirmada pelo blog.
Segundo
fontes, Lula decidiu pela demissão de Prates já há algum tempo após uma
sequência de desentendimentos com o governo. O agora ex-presidente da Petrobras
não se entendia com Silveira há muito tempo.
De acordo com o blog da Andréia Sadi, Prates citou “intrigas palacianas’ após ser demitido. O argumento usado é o de que Jean Paul não estaria entregando resultados da Petrobras na velocidade em que o governo esperava. Ao blog, Jean disse que respeita a decisão, mas afirmou que não pode deixar de dizer que presidente foi levado a adotar a medida por uma intriga palaciana.
A Petrobras
publicou fato relevante na noite desta terça-feira, anunciando o
“encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de
forma negociada”. “Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e
uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente
apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da
Petrobras.”
A próxima
presidente da Petrobras, Magda Chambriard, foi diretora-geral da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma
Rousseff (PT). Ela também é consultora na área de óleo, gás e biocombustíveis e
trabalhou na Petrobras por mais de 20 anos.
Indicação de Prates
Prates foi
indicado para o cargo antes mesmo de Lula tomar posse, em dezembro de 2022. O
então presidente eleito comunicou a indicação por meio de uma postagem em rede
social.
“Gostaria
de anunciar a indicação do Jean Paul Prates para a presidência da Petrobras.
Advogado, economista e um especialista no setor de energia, para conduzir a
empresa para um grande futuro”, dizia a mensagem.
Advogado e
economista, Prates também atuou como empresário e dirigente sindical. Na década
de 80, participou da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro)
e trabalhou na regulação dos setores de petróleo, energia renovável,
biocombustíveis e infraestrutura nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.
Ele também
foi secretário de Estado de Energia e Assuntos Internacionais do Rio Grande do
Norte e, em 2014, foi suplente na chapa de Fátima Bezerra (PT), eleita ao
Senado. Em 2019, após a senadora ser eleita governadora do Rio Grande do Norte,
Prates assumiu o mandato como titular até 2022, quando foi indicado para o
cargo.
Polêmica dos dividendos
Em 7 março,
o Conselho de Administração da Petrobras decidiu reter o pagamento de todos os
dividendos extraordinários. A decisão ocorreu após a divulgação do resultado do
quarto trimestre de 2023 da empresa.
Os
dividendos são uma parcela do lucro da empresa que é repartida entre os
acionistas. Não pagar os dividendos é interpretado pelo mercado como um sinal
de menor rentabilidade da estatal. Os dividendos extraordinários são aqueles
pagos além do mínimo obrigatório. Ou seja, a empresa não tem que pagá-los
necessariamente.
Foram
anunciados R$ 14,2 bilhões em dividendos para o trimestre, dentro do modelo de
pagamento mínimo da companhia, o que gerou polêmica.
A diretoria da Petrobras chegou a propor o pagamento de metade dos dividendos extraordinários, mas, na época, os representantes do governo no Conselho de Administração votaram contra a proposta, que acabou rejeitada.
Jean Paul
Prates foi contra a orientação do governo e se absteve na votação, o que não
foi muito bem recebido no Palácio do Planalto.
A União tem
a maioria do conselho. Dos 11 conselheiros, o governo tem seis deles.
A estratégia
do governo ao não pagar os extraordinários foi fortalecer o cofre. Essa verba
não pode ser usada para investimento, mas fica numa caixa de contingência.
Dessa forma,
o governo entendeu que passaria para o mercado uma imagem de robustez, ainda
mais num momento em que a Petrobras busca financiamentos para investimentos.
Mas, por
outro lado, o mercado interpreta o não pagamento dos dividendos extraordinários
como uma menor atratividade dos papeis da empresa, o que fez os preços das
ações despencarem.
Aprovação do pagamento
Em 25 de
abril, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a distribuição de 50%
dos dividendos extraordinários da estatal. Com a decisão, a União, que tem a
maioria das ações da empresa, deve receber cerca de R$ 6 bilhões.
Foram
liberados cerca de R$ 21,95 bilhões em dividendos extraordinários, de um total
de R$ 43,5 bilhões.
Em
comunicado ao mercado, a Petrobras informou que a remuneração total aos
acionistas referente a 2023 será de R$ 94,3 bilhões. Esse valor inclui as
antecipações aprovadas ao longo do ano passado e pagas até março de 2024 (R$
58,2 bilhões) mais a proposta de dividendos complementares.