Lula diz que vai ‘continuar batendo’ no Banco Central para reduzir taxa básica de juros da economia
Lula diz que vai 'continuar batendo' no Banco Central para reduzir taxa básica de juros da economia
Em entrevista, presidente voltou a criticar taxa Selic a 13,75%. Nesta terça-feira (21), Copom volta a se reunir para definir índice.
Por Guilherme Mazui, g1 21/03/2023 10h33 - Atualizado há 47 minutos
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (21), que vai
continuar pressionando o Banco Central pela redução da taxa Selic, a taxa
básica de juros da economia brasileira, que hoje é de 13,75% ao ano. A
declaração foi dada em entrevista transmitida pela internet.
“Eu vou
continuar batendo, eu vou continuar tentando brigar para que a gente possa
reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento”,
disse.
“Uma
coisa que eu acho absurda é a taxa de juros estar a 13,75%, num momento em que
a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise
de demanda, não existe excesso de demanda”, afirmou.
A fala do
presidente ocorreu no dia em que tem início uma nova reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central para definir a taxa Selic. O grupo
costuma se encontrar a cada 45 dias para determinar o índice.
O último encontro, o primeiro durante o terceiro mandato de Lula, ocorreu em 1º de fevereiro. À ocasião, o comitê manteve a mesma taxa, pela quinta vez consecutiva. É o maior patamar desde novembro de 2016, quando o índice estava em 14% ao ano.
Críticas
ao BC
Na
entrevista, ao site “Brasil 247”, Lula voltou a criticar o presidente
do Banco Central, Roberto Campos Neto. E disse que não considera importante a
autonomia do BC.
“A
gente só vai poder mudar o [presidente do] Banco Central daqui dois anos,
porque ele tem autonomia. Eu, sinceramente, nunca me importei com a autonomia
do Banco Central. Eu nunca achei que era importante. Eu não sei porque as
pessoas acham que é importante autonomia.”
“Eu
sinceramente acho que o presidente do Banco Central não tem compromisso com a
lei que foi aprovada de autonomia do Banco Central. A lei diz que é preciso
cuidar da responsabilidade da política monetária, mas é preciso cuidar da
inflação também, é preciso cuidar do crescimento do emprego, coisa que ele não
se importa”, continuou.
Novo
arcabouço fiscal
Durante a
entrevista, Lula também disse que a nova regra fiscal será divulgada após
viagem à China, marcada para o fim deste mês. A proposta foi entregue pelo
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada.
Lula disse
ser contra a “pressa” do sistema financeiro sobre essas novas regras
– que, se aprovadas pelo Congresso, vão substituir o atual teto de gastos como
nova baliza para as despesas públicas.
“Por
que eu decidi [não validar a proposta]? Porque é preciso discutir um pouco
mais. A gente não tem que ter a pressa que algumas pessoas do setor financeiro
querem. Eu vou fazer o marco fiscal, eu quero mostrar ao mundo que tenho
responsabilidade”, disse.
Consignado
de aposentados
Durante a
entrevista, o presidente também comentou sobre a taxa de juros para crédito
consignado a aposentados. Na semana passada, o Conselho Nacional da Previdência
Social (CNPS) reduziu a taxa máxima, de 2,14% para 1,7%.
A medida,
proposta pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, provocou reação dos
bancos, que passaram a suspender essas linhas de crédito, sob alegação de que
os custos eram maiores que o retorno.
Após a repercussão negativa, ministros da área econômica se reuniram na segunda-feira (20) e decidiram elevar a taxa. O novo patamar não foi anunciado, no entanto, deve permanecer inferior aos 2,14% anteriores.
“Uma
coisa que poderia ser 100% boa, favorável, criou um clima de insatisfação nos
bancos, que precisava ter avisado isso e se preparado, sabe, porque não pode
baixar com a facilidade que a gente quer que eles baixem”, disse.
“Mas de
qualquer forma, a tese é boa. Nós agora vamos tentar ver como que é que gente
consegue fazer com que os juros baixem de verdade”, continuou.