Lula embarca com destino ao Japão para reunião de cúpula do G7
Lula embarca com destino ao Japão para reunião de cúpula do G7
Avião com comitiva do presidente deixou base aérea na manhã desta quarta-feira (17). Lula só deve chegar a Hiroshima na manhã de sexta (19); viagem tem escalas no México e nos EUA.
Por Guilherme Mazui e Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília 17/05/2023 09h09 - Atualizado há uma hora
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) embarcou na manhã desta quarta-feira (17) em viagem com destino a
Hiroshima, no Japão, para participar da reunião de cúpula do G7. O avião com a
comitiva presidencial decolou da base aérea de Brasília por volta das 9h.
A chegada ao destino, no entanto, só
deve ocorrer na manhã de sexta (19). O avião fará duas escalas:
– uma no México, onde está previsto
pouso nesta quarta às 14h35, no horário local (17h35 no horário de Brasília);
– outra em Alasca, nos Estados Unidos,
onde o avião deve chegar às 21h30, no horário local (2h30 no horário de
Brasília).
A partida do Alasca para Hiroshima está prevista para 23h desta quarta, no horário local (4h, no horário de Brasília).
A viagem ao Japão marca o retorno,
após 14 anos de ausência, de um presidente do Brasil no encontro com líderes
dos países mais ricos do mundo.
Segundo o Ministério das Relações
Exteriores, desde 2009, quando o próprio Lula esteve na cúpula realizada na
Itália, o chefe de Estado brasileiro não participa de uma reunião do G7.
Lula foi convidado pelo
primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida. O Japão ocupa a presidência rotativa
do bloco, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e
Reino Unido. A União Europeia também está no grupo.
O Brasil participa na condição de
convidado, assim como a Austrália, as Ilhas Comores, Ilhas Cook, Índia,
Indonésia, República da Coreia e o Vietnã, além de representantes das Nações
Unidas, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Agência Internacional de
Energia, União Europeia entre outras organizações.
Temas em debate
Entre os assuntos que serão discutidos
na cúpula, estão as prioridades colocadas pela presidência japonesa, como a
guerra na Ucrânia, o acompanhamento da inflação nas economias do mundo e temas
como:
– Enfrentamento das vulnerabilidades
dos países de média e baixa renda por conta da crise da dívida
– Aceleração de ações voltada à
mudança do clima e da transição energética
– Ajuda internacional para obtenção do
equilíbrio energético
– Fortalecimento da arquitetura
internacional no campo da saúde pública
Além destes assuntos, o Itamaraty
informou que Lula abordará temas que têm defendido em reuniões internacionais,
como a questão do desenvolvimento econômico, social e sustentável dos países em
desenvolvimento e a necessidade de pensar em formas para alcançar a paz para
superar conflitos existentes.
Reuniões
bilaterais
O primeiro dia de Lula no Japão será
dedicado aos encontros bilaterais com Índia, Indonésia e Japão.
Segundo o Itamaraty, outros países
também pediram reuniões reservadas com Lula, mas os encontros ainda dependem de
conciliação de agendas.
O governo tenta fechar as agendas para
uma reunião entre Lula e o presidente da França, Emmanuel Macron.
Segurança
alimentar
Um dos documentos que deve ser
divulgado como resultado da cúpula diz respeito à segurança alimentar no planeta.
A guerra na Ucrânia deve ser abordada
neste contexto, já que o conflito desencadeou uma crise alimentar.
O Itamaraty informou que o Brasil quer
que o texto final do documento foque na insegurança alimentar e negocia uma
“linguagem compatível” com a posição do país em relação ao conflito
na Ucrânia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
já disse que a Ucrânia – que foi atacada e invadida pela Rússia – tem
responsabilidade pelo início do conflito.
Lula também afirmou que União Europeia
e Estados Unidos prolongam o conflito, o que foi interpretado por autoridades
internacionais como a reprodução da visão russa sobre a guerra.
Depois da repercussão negativa, o
presidente negou que tivesse igualado Rússia e Ucrânia e disse que “todos
nós achamos que a Rússia errou”.
Lula há meses tenta se apresentar como
um possível mediador para um acordo de paz, o que ainda não se efetivou. O
assessor-especial do petista, Celso Amorim, já discutiu o tema com os
presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia).
Agenda no G7
O presidente Lula vai participar das
três sessões de trabalho em Hiroshima, programadas para os dias 20 e 21 de
maio.
No sábado (20), Lula participará do
encontro intitulado “Trabalhando para enfrentar crises múltiplas,
incluindo alimentação, saúde, desenvolvimento e gênero”.
No mesmo dia, estará na sessão
denominada “Esforço comum em prol de um planeta sustentável e resiliente,
incluindo, clima, energia e meio ambiente”.
Entre as duas sessões, será realizada
uma fotografia oficial dos chefes de estado que participam da cúpula.
No domingo (21), o presidente
participará da última sessão de trabalho intitulada “Na direção de um
mundo próspero, estável e pacífico”.
Também está programado para o domingo
uma cerimônia de depósito de flores no Memorial da Paz de Hiroshima.
Agenda
internacional
Esta é a sua sexta viagem
internacional de Lula, a segunda à Ásia, desde o início do terceiro mandato
como presidente. O petista já viajou para:
– Argentina e Uruguai
– Estados Unidos
– China e Emirados Árabes
– Portugal e Espanha
– Reino Unido
Lula, que já visitou os três
principais parceiros comerciais do Brasil (China, EUA e Argentina), investe em
discursos sobre a necessidade de fortalecer a democracia, de combater à fome e
à desigualdade, de mediar a paz na Ucrânia e de encontrar um modelo de
desenvolvimento para Amazônia que preserve a floresta e gere emprego e renda
aos moradores da região.
O presidente tem repetido que essas
viagens integram o processo de retomada das relações do Brasil com países e
organismos internacionais após os quatro anos de isolamento da gestão de Jair
Bolsonaro.
Neste contexto, o convite para
participar da cúpula do G7 foi visto no governo como sinal de prestígio de
Lula.
Também pesou o fato de que o Brasil
assumirá neste ano a presidência do G20, fórum que reúne as principais
economias do mundo. Temas debatidos no encontro do G7 devem ser tratados também
no G20.
O Brasil em
cúpulas do g7
Esta é a sétima participação de Lula
em uma cúpula do G7. As demais foram nos primeiro e segundo mandatos:
– 2003: Cúpula de Évian-les-Bains, a
convite da França;
– 2005: Cúpula de Gleneagles, a
convite do Reino Unido;
– 2006: Cúpula de São Petersburgo, a
convite da Rússia (então membro do G8);
– 2007: Cúpula de Heiligendamm, a
convite da Alemanha;
– 2008: Cúpula de Hokkaido, a convite
do Japão;
– 2009: Cúpula de L’Aquila, a convite
da Itália;
– 2023: Cúpula de Hiroshima, a convite
do Japão.