Lula: Equador deve desculpas ao México por invasão de embaixada
Lula: Equador deve desculpas ao México por invasão de embaixada
Reunião da Celac discutiu crise envolvendo países latino-americanos.
Publicado por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira (16), de uma cúpula
virtual de chefes de Estado e de governo da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Convocada de forma extraordinária pela
líder pro-tempore do bloco, a presidenta de Honduras, Xiomara Castro, a reunião
discutiu o episódio de invasão da embaixada do México em Quito, capital
Equador, em uma operação policial para prender o ex-vice-presidente equatoriano
Jorge Glas, que havia ganhado asilo político do governo mexicano e estava
abrigado na sede diplomática. A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas,
de 1961, define embaixadas como territórios estrangeiros e, em tese, são
invioláveis a ação de agentes locais do país onde a representação está abrigada.
Glas, que
foi vice-presidente durante o mandato de Rafael Correa, entre 2013 e 2017, foi
condenado duas vezes pela Justiça equatoriana por corrupção. O incidente na
embaixada ocorreu na noite do dia dia 5 de abril, levando à uma crise
diplomática entre os dois países. O governo mexicano rompeu relações com o
Equador e retirou seus diplomatas do país.
“Medida
dessa natureza nunca havia ocorrido, nem nos piores momentos de desunião e
desentendimento registrados na América Latina e no Caribe. Nem mesmo nos
sombrios tempos das ditaduras militares em nosso continente. O que aconteceu em
Quito, no último dia 5, é simplesmente inaceitável e não afeta só o México. Diz
respeitos a todos nós. Um pedido formal de desculpas por parte do Equador é um
primeiro passo na direção correta”, afirmou Lula durante a reunião. O
presidente também defendeu uma proposta da Bolívia de formar uma comissão,
integrada por países da Celac, para acompanhar a evolução da situação e da
saúde do ex-vice-presidente Jorge Glas. O político equatoriano chegou a ficar
internado após a invasão da embaixada, mas já retornou à prisão. Ele foi condenado
a 6 anos de detenção.
“A
gravidade da situação nos impõe o dever de expressar claramente o inequívoco
repúdio da região ao ocorrido. A inviolabilidade absoluta das missões e do
pessoal diplomático, conforme estabelecido pela Convenção de Viena sobre
Relações Diplomáticas de 1961, é um desses pilares do direito internacional que
não admite exceções, seja qual for a justificativa. A América Latina possui
tradição humanitária pioneira em defesa do direito de asilo diplomático”,
prosseguiu Lula, na cúpula da Celac.
Na semana
passada, o México apresentou uma queixa contra o Equador na Corte Internacional
de Justiça (CIJ) das Nações Unidas, em Haia, na Holanda. No pedido, o México
pede que o país seja suspenso da Organização das Nações Unidas (ONU) até que
emita um pedido público de desculpas.
Lula ainda
defendeu esforços de reaproximação entre os dois países. “Somos uma região
plural. Continuaremos a ter diferenças de visões e opiniões, mas temos,
sobretudo, o compromisso de resolvê-las com base no diálogo e na diplomacia.
Nesse sentido, vejo como positivo o recurso do México à Corte Internacional de
Justiça. Também é fundamental que a CELAC siga trabalhando para o
restabelecimento do diálogo e da normalização das relações entre o Equador e o
México, dois importantes parceiros do Brasil, fundamentais para a consolidação
da integração regional”, afirmou.
Edição:
Valéria Aguiar