Lula sanciona mudanças na Lei de Cotas que incluem quilombolas e reduzem renda máxima
Lula sanciona mudanças na Lei de Cotas que incluem quilombolas e reduzem renda máxima
Proposta aprovada pelo Congresso reduziu renda máxima familiar do estudante de um salário mínimo e meio para um salário mínimo. Texto prevê política de inclusão na pós-graduação.
Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta segunda-feira (13), sem vetos,
uma série de mudanças na Lei de Cotas para universidades e institutos federais
de ensino superior.
A nova lei
atualiza a legislação de 2012, criada para reservar vagas em instituições de
ensino superior a ex-alunos da rede pública de ensino. À época, a lei instituiu
outras duas subcotas: estudantes de baixa renda; e pretos, pardos, indígenas e
pessoas com deficiência.
A revisão da
legislação estava prevista para ser realizada em 2022, mas Câmara e Senado só
aprovaram o novo texto neste ano. O texto determina, entre outros pontos:
– reserva de
50% das vagas de ingresso nos cursos de graduação para estudantes com renda
familiar igual ou menor a um salário mínimo – R$ 1.320 (valor anterior era de
um salário mínimo e meio – R$ 1.980);
– inclusão
de quilombolas na reserva de vagas;
– políticas
de inclusão em programas de pós-graduação de pretos, pardos, indígenas e
quilombolas e pessoas com deficiência; e avaliação do programa a cada 10 anos,
com ciclos anuais de monitoramento
“Essa
lei só faz a gente descobrir que, quando você governa, quanto mais você faz,
mais descobre que tem coisas novas para fazer. E isso só é possível em uma
sociedade democrática, que tenha condições de se organizar livremente e tenha o
direito de cobrar. Porque nem sempre, aqui no Brasil, a gente teve o direito de
cobrar”, declarou Lula após assinar a lei.
“Esses
jovens estão demolindo um mito propagado pelas elites […] de que a chegada
dos cotistas ao ensino superior faria cair a qualidade da educação […] O que
aconteceu foi exatamente o contrário. A realidade é que os jovens das classes
menos favorecidas são tão inteligentes quantos jovens ricos e agarram com unhas
e dentes a oportunidade de mostrar a capacidade de estar onde estão”,
prosseguiu.
“O que
faz cair a qualidade acadêmica é o ódio que algumas pessoas deste país têm
contra a democratização do conhecimento.”
Mudanças
Além da
mudança na renda máxima para participação nas vagas reservadas, outros pontos
do sistema de cota foram alterados.
Segundo o
governo, as regras já serão aplicadas na próxima edição do Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), que ocorrerá em janeiro de 2024 com base nas notas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) realizadas neste mês.
Ampla concorrência
No ingresso,
os candidatos vão concorrer às vagas de ampla concorrência — disputadas por
todos. Caso não alcancem as notas nesta modalidade, passam então a concorrer às
vagas reservadas pela Lei de Cotas.
Inclusão de quilombolas na reserva
O projeto
inclui quilombolas entre os perfis que têm direito ao preenchimento de vagas na
mesma proporção que ocupam na população de cada estado.
A legislação
já previa esse direito a autodeclarados pretos, pardos e indígenas e a pessoas
com deficiência.
Vagas remanescentes
O texto
aprovado pelo Congresso prevê que, caso as vagas estabelecidas nas subcotas não
sejam preenchidas, a prioridade será de outras subcotas — e só depois para
estudantes de escolas públicas, de modo geral.
A legislação
dizia que, em caso de não preenchimento das vagas de subcotas, as reservas
iriam diretamente para outros estudantes de escolas públicas.
Avaliações
Segundo o
projeto, serão realizadas avaliações da Lei de Cotas a cada 10 anos — e não
mais uma revisão, como prevê a lei atual.
A proposta
estabelece ainda que o Ministério da Educação divulgue, anualmente, um
relatório com informações sobre a política, como dados sobre acesso,
permanência e conclusão dos alunos
Auxílio estudantil
Os cotistas
terão prioridade no recebimento de auxílio estudantil.
Cálculo de proporção
De acordo
com a proposta, após três anos da divulgação do resultado do Censo, o Poder
Executivo deve adotar metodologia para atualizar anualmente a proporção de
pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência em cada
estado.
Pós-graduação
Nos programas de pós-graduação, a proposta prevê que as instituições federais de ensino superior promoverão políticas para inclusão de pretos, pardos, indígenas e quilombolas, além de pessoas com deficiência.