Mais de 1,45 mi de famílias passaram a ter dívidas nos últimos anos
Mais de 1,45 mi de famílias passaram a ter dívidas nos últimos anos
29% das famílias ouvidas relataram ter contas em atraso.
Guilherme Jeronymo - Repórter da Agência Brasil
Estudo feito
pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP) aponta que 77% das famílias têm alguma dívida, como conta sem
pagar e financiamento imobiliário, o que significa que 1,45 milhão de famílias
a mais assumiram dívidas nos últimos dois anos. Segundo a pesquisa, 29% das
famílias têm contas em atraso e 13% disseram não ter condições ou perspectivas
de quitar os débitos.
A pesquisa
ouviu 18 mil famílias em 27 capitais em julho. Mais da metade das famílias endividadas
(52%) vivem nos estados do Sudeste.
As capitais
com maior quantidade de famílias endividadas são: São Paulo (2.888.081), Rio de
Janeiro (2.028.143), Distrito Federal (765.823), Belo Horizonte (744.993) e
Fortaleza (712.465).
Em termos de
porcentagem Porto Alegre e Vitória, tem registro de 91% das famílias nessa
situação. Em Belo Horizonte, Boa Vista e Curitiba, o percentual é de 90% e em
Fortaleza, 88%. Já Campo Grande e Salvador (66%), Goiânia e Macapá (68%) e
Belém (69%) apresentam percentuais menores.
O percentual
de famílias endividadas cresceu em quatro capitais em 2024 na comparação com
2022. O aumento ocorreu em Teresina (de 61% para 86%), João Pessoa (78% para
87%), Porto Velho (72% para 84%) e Fortaleza (71% para 88%). Houve queda em Rio
Branco (89% para 77%), São Paulo (75% para 68%) e Curitiba (95% para 90%) no
mesmo período analisado.
Em nota, a FecomercioSP explica que as diferenças entre as capitais estão relacionadas às “condições macroeconômicas de cada estado e região, em que indicadores como inflação, juros e renda familiar criam circunstâncias distintas pelo país, e quanto maior o número de famílias convivendo com dívidas mais caro fica o crédito no mercado, elevando, como consequência, o risco de inadimplência, principalmente em um cenário de juros altos ou inflação pressionando o consumo”.
Na nota
técnica, a Fecomercio afirma “mesmo que esse endividamento represente mais
acesso da população ao crédito e aumento do consumo, também traz riscos: se mal
gerido, pode levar à inadimplência e à exclusão no mercado. Por isso, é
fundamental equilibrar o incentivo ao consumo com medidas que protejam o
orçamento das famílias, especialmente as mais vulneráveis”.
Para o
economista Fábio Pina, assessor da FecomercioSP, o grau de endividamento está
um pouco acima da média histórica, porém aponta que os dados de emprego indicam
boas condições de renda e um mercado de trabalho aquecido, o que pode permitir
às famílias reorganizarem as contas. “Eu não antevejo um solavanco, eu
antevejo uma desaceleração da economia gradual no ano que vem. Isso dá tempo em
tese de você fazer vários ajustes, você faz no mercado privado e dá tempo para
o governo fazer ajustes onde ele precisa fazer”, explica.