Mais de 20 mil vítimas e R$ 1 bi em contas no exterior: golpe do falso investimento é ‘gigantesco e atinge o Brasil inteiro’, diz polícia
Mais de 20 mil vítimas e R$ 1 bi em contas no exterior: golpe do falso investimento é 'gigantesco e atinge o Brasil inteiro', diz polícia
Crime cometido em falsos grupos de investimentos em aplicativos gerou nove prisões nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo na semana passada.
Por Gustavo Foster, g1 RS 19/07/2023 05h03 - Atualizado há 2 horas
O golpe
aplicado em falsos grupos de investimentos em aplicativos de troca de mensagem,
que gerou nove prisões nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
Paulo na semana passada, é “um esquema gigantesco que atinge o Brasil
inteiro”, aponta o delegado responsável pelo caso.
Nesta
segunda-feira (17), a Justiça prorrogou por mais cinco dias a prisão temporária
dos suspeitos.
De acordo
com Heleno dos Santos, titular da delegacia de polícia de São Luiz Gonzaga, a
polícia calcula que há mais de 20 mil pessoas em todo o país que depositaram
dinheiro na conta dos supostos golpistas. Ao cair no golpe, as vítimas achavam
que estavam investindo no mercado de ações com a promessa de ganhos altos.
Diversas
contas em paraísos fiscais foram identificadas pela polícia, com valores que
ultrapassam R$ 1 bilhão.
“Em um pequena célula do golpe no RS, identificamos 28 grupos, cada um com 1 mil pessoas ou mais. Soma outros estados, e o número vai subindo”, diz o delegado.
As polícias
de Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins já investigam ramificações do golpe
nesses estados, aponta o delegado.
Operação
O esquema
começou a ser desarticulado pela polícia na quarta-feira da semana passada
(12), quando 79 ordens judiciais foram cumpridas nos três estados.
Pelo menos
11 suspeitos de integrar o grupo criminoso já foram identificados. Nove foram
presos e dois seguem foragidos. Houve a apreensão de dinheiro, documentos e
carros de luxo.
Na semana passada, foram cumpridos:
11 mandados
de prisão temporária;
21 mandados
de busca e apreensão residencial;
19 mandados
de busca e apreensão de veículos;
bloqueio em
contas bancárias de 11 pessoas físicas e três pessoas jurídicas;
bloqueio de
imóveis de 11 pessoas físicas e três pessoas jurídicas.
Em Santa
Catarina, local onde a maior parte do grupo criminoso reside, cinco pessoas
foram presas, em diligências nas cidades de Tijucas, Porto Belo, Balneário
Camboriú, São Lourenço do Oeste e Itapema.
No Rio
Grande do Sul, os mandados se concentraram na cidade de Santo Antônio das
Missões, no Norte do estado, onde o grupo criminoso centralizou as suas
atividades por alguns meses.
Ainda houve
mandados para serem cumpridos em três endereços na cidade de São Paulo, onde um
dos integrantes do grupo criminoso reside, de acordo com a Polícia Civil.
Entenda o golpe
Segundo o
delegado Santos, vítimas dos estelionatários procuraram a Polícia Civil
reclamando de uma empresa que prometia investimentos no mercado de ações com a
promessa de ganhos altos.
“As
vítimas foram atraídas a integrarem grupos virtuais de ‘investimentos
financeiros’ muito lucrativos, geridos a partir de uma duvidosa plataforma
digital de investimentos online denominada ‘gênesis.net’, nome ‘copiado’, em
parte, de uma empresa do ramo financeiro denominada ‘Gênesis Investimentos’, que
não tem relação nenhuma com a investigação, sendo uma empresa regular no ramo
de investimentos”, explica o delegado Santos.
A vítima do
golpe era incentivada a instalar o aplicativo “genesis.net” no seu
telefone celular, cadastrando, em seguida, os seus dados pessoais.
Depois, a
pessoa recebia um link para entrar em grupos de WhatsApp. Lá era orientada
sobre como investir e era pressionada a fazer aplicações rapidamente, assim que
os falsos consultores diziam ter recebido “informações privilegiadas”
de momentos ideais, e geralmente curtos, para “investimentos altamente
rentáveis”.
O dinheiro
que seria destinado para investimentos caía em contas de criminosos,
principalmente no exterior. Os bandidos faziam com que as transações parecessem
ser feitas por meio de sites e aplicativos seguros. Há suspeita de que eles
criaram pelo menos três empresas de fachada para o desvio do dinheiro obtido
das vítimas.
Os suspeitos de envolvimento nos golpes foram identificados após ostentarem seus ganhos em perfis de redes sociais. Era por meio delas que eles convenciam outras pessoas a “investir” no esquema fraudulento.