Mais de 30 migrantes são sequestrados em ônibus no norte do México
Mais de 30 migrantes são sequestrados em ônibus no norte do México
Grupo seguia em direção a uma cidade na fronteira com os Estados Unidos quando foi sequestrado por homens armados.
Por France Presse, g1
Ao menos 31
migrantes que viajavam de ônibus no norte do México em direção a uma cidade na
fronteira com os Estados Unidos foram sequestrados no sábado (30) por homens
armados, informaram autoridades locais nesta terça-feira (2).
“Recebemos
o relato do motorista de um ônibus do Grupo Senda, que nos indicou que foi
interceptado por cinco veículos” conduzidos por homens armados, e “31
dos 36” passageiros foram levados, disse à Milenio TV Jorge Cuéllar,
porta-voz de segurança do estado fronteiriço de Tamaulipas.
Cuéllar
acrescentou que os sequestrados “são estrangeiros”. Mais tarde, o
presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse na rede social X (Twitter) que
quatro dos sequestrados são do seu país.
“A
embaixada colombiana no México está coordenando com o estado mexicano o
resgate”, disse.
O ônibus
partiu de Monterrey, no estado vizinho de Nuevo León, e tinha como destino
final a cidade fronteiriça de Matamoros, Tamaulipas, de onde os migrantes
tentam entrar nos Estados Unidos. Eles foram interceptados quando estavam na
altura do município de Reynosa, outra cidade fronteiriça.
Os cinco passageiros que não foram levados são de nacionalidade mexicana, e, junto com os motoristas, foram escoltados até Matamoros, continuou o funcionário.
O presidente
do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que a busca pelos migrantes
começou no mesmo sábado. “A investigação já está em andamento”,
afirmou.
Cuéllar
disse que “já há avanços” na investigação. “Não podemos adiantar
informações parciais porque poderíamos prejudicar a investigação”,
acrescentou.
A rota migratória mais perigosa
A fronteira
entre os Estados Unidos e o México foi a “rota migratória terrestre mais
perigosa do mundo” em 2022, com 686 mortos ou desaparecidos, de acordo com
um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) publicado em
setembro.
A migração
aos Estados Unidos atingiu um número recorde no ano passado. Segundo a patrulha
de fronteiras americana, entre outubro de 2022 e setembro de 2023 foram
registradas 2,4 milhões de entradas de migrantes pela fronteira sul dos Estados
Unidos.
Na
quarta-feira passada, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony
Blinken, fez uma visita à Cidade do México para se reunir com o presidente
mexicano sobre a questão migratória.
López
Obrador escreveu na rede social X após a reunião que “importantes acordos
foram alcançados”, enfatizando que “agora mais do que nunca é
indispensável a política de boa vizinhança”, sem fornecer mais detalhes.
Com mais de
3.000 km de fronteira com os Estados Unidos, o México é um país de trânsito e
de retenção para migrantes estrangeiros irregulares que se chocam com as
políticas migratórias restritivas americanas.
Os migrantes
estrangeiros que atravessam o México de sul a norte vêm principalmente dos três
países da América Central assolados pela violência e a pobreza (Honduras, Guatemala,
El Salvador), do Caribe (Haiti, Cuba) e da Venezuela.
Milhares
deles ficam bloqueados na fronteira com os Estados Unidos, em cidades como Tijuana,
Ciudad Juárez e Matamoros.
Cerca de 40
migrantes, em sua maioria venezuelanos, morreram em um incêndio em um centro de
detenção do Instituto Nacional de Migração (INM) em Ciudad Juárez em março do
ano passado.
Os migrantes
que atravessam o México também são vítimas de acidentes rodoviários, o que
ocorreu em dezembro de 2021 em Chiapas, quando 55 deles morreram depois que o
veículo superlotado onde viajavam irregularmente capotou.
Além disso,
eles sofrem com a violência dos “coyotes” (traficantes de pessoas) e
das próprias autoridades.
Em agosto de
2010, 72 migrantes de diferentes países foram assassinados pelo extinto cartel
Los Zeta em San Fernando, em Tamaulipas. Outros 17 centro-americanos foram
baleados e incinerados em Camargo, no mesmo estado, em 21 de janeiro de 2021,
um crime pelo qual 12 policiais foram declarados culpados.