Mais um anestesista é preso em flagrante no RJ por estuprar mulheres em cirurgias; homem se gravou abusando delas
Mais um anestesista é preso em flagrante no RJ por estuprar mulheres em cirurgias; homem se gravou abusando delas
Médico colombiano é suspeito de abusar de duas pacientes sedadas. Detido na Barra da Tijuca, ele também é investigado por produzir e armazenar pornografia infantil.
Por Bruno Grubertt e Felipe Freire, Bom Dia Rio - 16/01/2023 06h25 Atualizado há 7 minutos
A Delegacia
da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) prendeu, nesta segunda-feira (16), o
anestesista colombiano Andres Eduardo Onate Carrillo, de 32 anos, por estuprar
pelo menos duas pacientes sedadas durante cirurgias — caso semelhante ao de
Giovanni Quintella Bezerra, cujo julgamento já começou.
Andres
Eduardo se gravou abusando das vítimas. Em uma delas, ele esfregou e introduziu
o pênis na boca da mulher e guardou o registro.
A Justiça expediu o mandado de prisão e busca e apreensão contra Andres por estupro de vulnerável. O anestesista ainda é investigado por produzir e armazenar pornografia infantil em um inquérito remetido para a Vara Especializada em Crimes contra Criança e Adolescentes — a partir do qual a polícia descobriu os abusos.
Andres
Eduardo estava legal no país e com a documentação em dia — ele atuava tanto em
hospitais públicos quanto particulares.
O médico foi
preso na Barra da Tijuca, em casa — a mulher dele abriu a porta para os
policiais, que acordaram Andres ao lhe dar voz de prisão.
Até a última
atualização desta reportagem, a polícia não informou o que Andres disse em sua
defesa ao ser preso.
Como a
polícia descobriu os crimes
As
investigações da Dcav, que contou com apoio da inteligência da Polícia Civil,
tiveram início em dezembro, a partir do compartilhamento de informações do
Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da Polícia Federal
(PF).
À época, a PF
identificou a possibilidade de vasta movimentação de arquivos pornográficos em
posse de Andres e encaminhou o caso à Polícia Civil.
Diante das
suspeitas, foi autorizada a quebra de dados em compartimentos do celular do
suspeito, onde foram encontrados, de fato, mais de 20 mil mídias de abusos
infantis.
Mas três
arquivos feitos pelo próprio médico chamaram a atenção dos investigadores.
“Quando
vimos, logo de início, tratamos como casos de estupro, partindo do princípio de
que ele mesmo teria produzido. Mas precisávamos avançar na identificação das
vítimas e materializar os crimes. Pelos metadados dos vídeos, certificamos a
localização do suspeito no ato da gravação, identificando os hospitais e
descobrindo os dias. Aí partimos para a tentativa de descobrir as mulheres ali
sedadas. Com as listas de pacientes operados nos dias, fomos buscando
características físicas e eliminado possibilidades até chegar às pacientes”,
explicou o delegado titular da Dcav, Luiz Henrique Marques.
Os vídeos
que Andres gravou foram mostrados às vítimas, que se reconheceram, mas não
tinham ciência de que haviam sido estupradas.
O primeiro
crime aconteceu no dia 15 de dezembro de 2020 no Hospital Estadual dos Lagos
Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, Região dos Lagos, durante a realização
de uma cirurgia de laqueadura.
O segundo
foi em 5 de fevereiro de 2021 em uma das salas de cirurgia do Complexo
Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, da UFRJ,
durante um procedimento para retirada de útero.
Sedação
muito forte
Uma delas
contou que a sedação foi tão intensa que era semelhante à de um parto de
cesárea, tendo ela ficado totalmente desacordada por mais de duas horas.
Outro fato
que chamou a atenção dos investigadores é que em uma das cirurgias, por
exemplo, Andrés sequer estava escalado. De acordo com informações repassadas
pelo hospital, uma outra anestesista era a responsável pelo procedimento.
Contudo, a unidade ponderou aos policiais que é comum a substituição dos
profissionais durante o procedimento e que o médico poderia ter participado da
operação.
Além dos
estupros, o suspeito praticou os crimes previstos nos artigos 241-B do Estatuto
da Criança e do Adolescente (aquisição/posse/armazenamento de pornografia
infantojuvenil) e 240 (produção de pornografia infantojuvenil).
Para esses
fatos, a Dcav instaurou um outro inquérito que foi remetido para a Vara
Especializada em Crimes contra Criança e Adolescentes.
O que
dizem as autoridades
A Polícia
Civil espera avançar nas investigações, detalhando todas as unidades nas quais
o médico trabalhava, e encontrar novas possíveis vítimas.
A direção do
Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth informou que colaborou
com a Polícia Civil na investigação que levou à prisão do médico anestesista.
“Todas as informações solicitadas pela polícia foram levantadas e repassadas. O
médico deixou de atuar na unidade em setembro de 2021”, disse.
O g1 pediu
um posicionamento à UFRJ e aguarda resposta.