Marina Silva se reúne com Ibama, Minas e Energia e Petrobras nesta terça para tratar da bacia de petróleo na foz do Amazonas
Marina Silva se reúne com Ibama, Minas e Energia e Petrobras nesta terça para tratar da bacia de petróleo na foz do Amazonas
Ibama negou licença para Petrobras pesquisar extração na costa do Amapá; parecer indica risco a indígenas e à fauna local. Tema divide governo; na segunda, Lula não descartou exploração.
Por TV Globo e g1 — Brasília 23/05/2023 07h58 - Atualizado há 3 horas
A ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, se
reúnem nesta terça-feira (23) em Brasília com representantes da Petrobras e do
Ministério de Minas e Energia.
O encontro
deve tratar das tratativas, agora interrompidas, para a Petrobras pesquisar a
possibilidade de exploração de petróleo no litoral do Amapá, na área da foz do
Rio Amazonas. O Ibama negou licença ambiental à empreitada, indicando risco à
fauna local e a populações originárias.
A reunião deve acontecer na Casa Civil da Presidência da República, que funciona no Palácio do Planalto. Até o início da manhã, o compromisso não constava nas agendas dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Ao deixar o
Japão, na segunda-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela
primeira vez sobre o tema. Disse que o governo não dará licença ambiental à
Petrobras se isso gerar problemas à região, mas afirmou achar
“difícil” que esse tipo de dano ambiental aconteça.
“Se
explorar esse petróleo tiver problemas para a Amazônia, certamente não será
explorado. Mas eu acho difícil, porque é 530 km de distância da Amazônia. Mas
eu só posso saber quando eu chegar lá [no Brasil]”, declarou Lula.
O presidente
desembarcou em Brasília já na madrugada de segunda para terça. A agenda oficial
não prevê compromissos ao longo do dia.
Pesquisa
negada
Nas últimas
semanas, o Ibama negou autorização para a Petrobras perfurar um poço de
petróleo no litoral do Amapá, área considerada a foz do Rio Amazonas. A estatal
aguardava esse aval para fazer uma perfuração de teste a cerca de 175
quilômetros da costa.
Um parecer
contra a perfuração já havia sido divulgado pela área técnica do Ibama. Agora o
presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, acompanhou o parecer.
O documento
técnico apontou que o plano da Petrobras para a área não apresenta garantias
para atendimentos à fauna em possíveis acidentes com o derramamento de óleo.
Outro ponto destacado seriam lacunas quanto à previsão de impactos da atividade
em três terras indígenas em Oiapoque.
A decisão do
Ibama gerou atritos entre integrantes do governo e entre parlamentares da
região amazônica.
A exploração
de petróleo na região poderia gerar emprego e renda para os estados, assim como
já acontece em estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Defensores
do projeto, mesmo dentro do governo, afirmam que o pedido de perfuração negado
pelos órgãos ambientais seria apenas de prospecção (pesquisa) – ou seja, ainda
não levaria à exploração propriamente dita.
O líder do
governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (AP), anunciou na última sexta
sua saída do partido Rede Sustentabilidade – fundado pela atual ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva. A disputa sobre a exploração de petróleo na região
é apontada com um dos fatores para o desgaste.