Mauro Cid diz que ‘recebimento de presentes’ estava entre suas funções

Mauro Cid diz que 'recebimento de presentes' estava entre suas funções

Declaração foi feita durante discurso inicial na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF. Tenente-coronel disse que não vai responder perguntas de parlamentares.


Por Walder Galvão e Iana Caramori, g1 DF

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que uma de suas funções era receber e entregar presentes para ao chefe do Executivo. A declaração foi feita durante seu discurso inicial na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta quinta-feira (24).

Cid disse ainda que fazia “um serviço de secretariado executivo” ao ex-presidente, o que incluia funções como:

 

– Execução da agenda;

– Recepção e encaminhamento de pessoas para reuniões;

– Atendimento de ligações e recebimento de correspondências;

– Impressão de documentos;

– Auxiliar nas atividades particulares do ex-presidente (almoços, viagens, finanças pessoais, etc).

 

O discurso feito por Mauro Cid, no início da sessão, foi similar ao do CPI dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional, em julho passado. Apesar das falas iniciais, o tenente-coronel não respondeu nenhuma pergunta dos parlamentares do DF até a última atualização desta reportagem.

“O ajudante de ordens é a única função de assessoria próxima ao presidente que não é objeto de sua própria escolha, sendo de responsabilidade das Forças Armadas selecionar e designar os militares que a desempenharão”, disse Mauro Cid.

O militar afirmou ainda que ficava do lado de fora das salas de reunião e que não questionava o que era tratado nos encontros. “Não estava na minha atribuição analisar propostas, projetos trazidos por autoridades”, completou Cid.

 

O caso das joias

Mauro Cid foi escalado para a função de ajudante de ordens de Bolsonaro pouco antes da posse, em 2018, quando estava pronto para assumir uma função nos EUA.

Nos quatro anos de mandato, o “faz tudo de Bolsonaro” tinha funções que iam de ajudar em lives e filmar o “cercadinho” onde Bolsonaro falava com apoiadores na saída do Palácio do Alvorada até a encaminhar pagamento de demandas particulares da família do ex-presidente.

Em 2021, o governo Bolsonaro tentou trazer ao Brasil, de forma irregular, joias com diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões que eram presentes do governo da Arábia Saudita. Sem terem sido declaradas, as joias ficaram retidas na Recita no aeroporto de Guarulhos desde então.

Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, a tentativa frustrada de recuperação das joias, por parte do governo federal, começou com um pedido de Bolsonaro, de acordo com depoimento prestado à Polícia Federal por Mauro Cid. 

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