Messi “Maradoniano”: provocador e líder, craque mira título inédito por aceitação total na Argentina
Messi "Maradoniano": provocador e líder, craque mira título inédito por aceitação total na Argentina
Camisa 10 é candidato a melhor jogador da Copa do Mundo pela segunda vez, em torneio no qual se aproximou (dentro e fora) da postura de Diego Maradona
Por José Edgar de Matos — São Paulo 12/12/2022 04h00 Atualizado há 5 horas
Encaradas, comemorações provocativas e
proximidade com o público são alguns aspectos que tornam a Copa do Mundo de
2022 a mais “Maradoniana” da carreira de Lionel Messi. Na despedida do torneio
em sua quinta participação, o craque da camisa 10 e capitão da Argentina está a
dois jogos de alcançar um título inédito e a aceitação completa no país natal.
Nesta terça-feira, a partir das 16h
(de Brasília), no estádio Lusail, a Argentina encara a Croácia por uma vaga na
final do Mundial do Catar. Messi chega para o confronto não só como o craque
reconhecido de toda uma geração, mas também como um líder que compra as brigas
e responde a declarações consideradas ofensivas.
Messi hoje é um líder próximo do que Maradona era na década de 1980, especialmente quando capitaneou a seleção argentina na Copa de 1986, justamente o ano do último título alviceleste. De jogador calado e recluso, o atual camisa 10 se tornou um capitão mais participativo também sem a bola nos pés.
O auge deste “maradonismo” de Messi na
Copa ocorreu no confronto de quartas de final contra a Holanda. Ao anotar um
gol de pênalti, o camisa 10 comemorou diante de Louis Van Gaal, a quem depois
da classificação cobrou por declarações pré-jogo.
Durante o jogo, o craque trocou
provocações com adversários e se irritou principalmente com Weghorst, alvo
inclusive da icônica frase “que foi, bobo?”, já um dos momentos mais marcantes
da campanha. Messi se incomodou com o fato de o holandês encará-lo depois do
duelo de sexta-feira.
Esposa de Messi, Antonella Roccuzzo
reage ao “Qué mira, bobo?”
A postura tem despertado elogios.
Jorge Valdano, campeão da Copa de 1986, quando Maradona “maradoneou”, fez uma
comparação direta de Messi com o maior craque da história do futebol argentino,
falecido há pouco mais de dois anos.
– Messi está maradoneando neste
Mundial. Ele está mostrando a essência do futebol. É fascinante vê-lo nestes
momentos. Não sobra energia e tem que explorar até a última gota de talento.
Quem não ama Messi, não ama futebol – disse em entrevista à “TyC
Sports”.
O Messi “Maradoniano” também entra em
campo. O craque é o grande protagonista da campanha da Argentina até a semifinal,
participando de seis dos nove gols da equipe no Mundial. São quatro gols e duas
assistências para o capitão.
Os seis gols diretos com o toque da
“Pulga” superam os cinco em que o atacante esteve diretamente ligado na Copa de
2014. Há oito anos, a Argentina terminou com o vice-campeonato, mas Messi
terminou eleito o melhor jogador do torneio.
Despertar no
Brasil
A postura “Maradoniana” de Messi se tornou algo comum há pelo menos três anos e nasceu no Brasil. Se anteriormente a postura mais fria e 100% baseada no talento incomodava na Argentina, o craque expôs uma veia mais intensa em gramados brasileiros.
Um cartão vermelho na disputa de
terceiro lugar da Copa América contra o Chile, que terminou com vitória
argentina na Neo Química Arena, gerou revolta de Messi.
Fora a encarada e “peitada” com Medel,
que geraram a expulsão, Messi aproveitou as entrevistas pós-jogo para desabafar
e adotar um tom muito acima do comum até então. O craque chegou a sugerir um
favorecimento da Conmebol para o Brasil, que terminou campeão passando pelos
argentinos na semi.
As declarações fortes de três anos
atrás seguiram como o tom de um Messi cada vez mais líder. O craque é defendido
e blindado como Maradona era, tanto em campo quanto fora.
Mais duas vitórias, portanto, bastam
para Messi minimamente se aproximar do que Maradona foi. “Deus”
(Maradona) pode ganhar um concorrente (ou parceiro) em breve nos corações de
mais de 45 milhões de pessoas na Argentina.