Ministério da Saúde quer salas de amamentação em UBSs de todo o país
Ministério da Saúde quer salas de amamentação em UBSs de todo o país
Projeto experimental já está em quatro estados e no DF.
Publicado em 31/07/2023 - 13:53 Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O Ministério
da Saúde anunciou, nesta segunda-feira (31), que pretende instalar salas de
amamentação em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país. Segundo a pasta,
a iniciativa visa apoiar mães que trabalham fora de casa, principalmente as que
não têm vínculo empregatício formal e, portanto, não contam com amparo legal.
A proposta
ministerial é que os projetos arquitetônicos para a construção de novas
unidades com mais de quatro equipes de saúde prevejam um espaço apropriado para
que mulheres possam amamentar seus filhos ou coletar leite para doar à Rede de
Bancos de Leite.
Além disso,
um projeto experimental está sendo implementado em cinco unidades da federação
(Distrito Federal; Pará; Paraíba; Paraná e São Paulo) para testar a viabilidade
de instalar as salas também em unidades básicas já em funcionamento.
“Essa é uma
grande inovação que vai favorecer a amamentação, especialmente se pensarmos nas
trabalhadoras informais”, comentou a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança
e do Adolescente do ministério, Sônia Venâncio, ao anunciar a medida, durante
evento de lançamento da campanha nacional de incentivo à amamentação.
Segundo o
ministério, com as salas de amamentação, as mulheres contarão com um local
apropriado, perto de seus locais de residência e trabalho, para retirar e
armazenar o leite. A iniciativa será implementada em conjunto com os governos
estaduais e municipais.
Apoio
Com o tema
“Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”, a
campanha nacional deste ano busca destacar o peso que as atividades laborais e
as normas trabalhistas exercem sobre os cuidados parentais destinados aos
recém-nascidos.
Embora os
benefícios da amamentação para a saúde do bebê e da mãe sejam conhecidos, e que
os indicadores brasileiros venham melhorando ao longo das últimas décadas, as
taxas de amamentação ainda seguem abaixo das recomendadas por organizações
internacionais especialistas no tema.
Segundo o
mais recente Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), em
2019, apenas 45,8% das crianças menores de seis meses de todo o país eram
alimentadas exclusivamente com leite materno. A meta estabelecida pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, até 2025, ao menos 50% das crianças
de até seis meses de vida sejam amamentadas exclusivamente. E que, até 2030,
esse índice chegue a 70%.
Além disso, de
acordo com Sônia Venâncio, o mesmo estudo apontou que o percentual de
aleitamento exclusivo cai para apenas 23% quando analisadas apenas as crianças
entre quatro e seis meses de vida.
“Este é um
período que tem forte influência da volta [da mãe] ao trabalho”, explicou a
coordenadora, reforçando que a amamentação é, isoladamente, a forma de proteção
mais econômica e eficaz para a redução da mortalidade infantil, protegendo as
crianças contra infecções respiratórias, diarreias e alergias, ao mesmo tempo em
que promove o desenvolvimento infantil saudável, reduzindo as chances de obesidade
e diabetes.
“Isso nos
coloca dois grandes desafios: além do aleitamento materno exclusivo, também o
da continuidade da amamentação”, acrescentou Sônia, destacando a importância de
leis que assegurem o direito das crianças à amamentação, como, por exemplo, a
ampliação das licenças maternidade e paternidade.
“Temos que
pensar ações específicas para as mulheres, mas também para os homens, para que
vivam a experiência dos primeiros cuidados da amamentação de seus filhos”,
acrescentou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, defendendo as ações pensadas a
partir de um recorte de gênero, raça e geográfico.
Paternidade
A
possibilidade de ampliação também foi mencionada pelo coordenador de Atenção à
Saúde do Homem, Celmário Brandão. Para ele, a medida beneficiaria toda a
família, permitindo aos trabalhadores passar mais tempo com seus filhos,
participando mais ativamente dos primeiros cuidados dedicados aos
recém-nascidos e apoiando as mães.
“É
importante colocarmos esse debate para a sociedade, para o governo e para o
empresariado, para que possamos reformular, aperfeiçoar as normas que
fortaleçam esse direito”, comentou Brandão ao se referir aos atuais cinco dias
de licença paternidade que a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) assegura
aos trabalhadores com carteira assinada.
“Precisamos
fazer um movimento para estimular os homens a aderirem à licença paternidade
porque, por incrível que pareça, uma parcela deles ainda não sabe que tem esse
direito. E pouquíssimas empresas aderiram ao programa Empresa Cidadã, ampliando
a licença paternidade para 20 dias. Na nossa avaliação, porque as empresas
também tem pouco conhecimento sobre o programa.”
Para a
ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, estimular a vinculação paterna aos
cuidados familiares é um “desafio” para a sociedade brasileira e passa pela
questão da paternidade responsável e da distribuição igualitária das tarefas
executadas por homens e mulheres. “É importante os homens saberem que a
paternidade responsável é fundamental para as crianças e para eles mesmos.”
Edição:
Denise Griesinger