Ministro pede vista em ação sobre pagamento de precatórios até 2026
Ministro pede vista em ação sobre pagamento de precatórios até 2026
Julgamento no STF é interrompido.
Publicado por Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O ministro
André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), (foto) pediu vista (mais
tempo para análise) e interrompeu o julgamento sobre o atual regime para o
pagamento de precatórios. Pelo regimento interno, o caso deve ser devolvido em
até 90 dias para a continuidade da análise.
O desfecho
do julgamento era aguardado de perto pela equipe econômica do governo federal
devido ao seu potencial de impactar as contas públicas atuais e futuras.
Caso o
regime atual de pagamento de precatórios seja mantido, a dívida judicial
acumulada pode chegar a R$ 250 bilhões em 2027, segundo a Advocacia-Geral da
União. Somente o acumulado entre 2022 e 2024 pode atingir R$ 95 bilhões.
O tema era
julgado no plenário virtual do STF, em que os votos são depositados de forma
remota, e já havia quatro votos favoráveis à visão do governo – Luiz Fux, Luís
Roberto Barroso, Edson Fachin e Carmen Lúcia. Uma sessão de 24 horas havia sido
marcada somente para o julgamento da questão, indicando o reconhecimento da
urgência do tema pelo Supremo.
Voto do relator
Relator, Fux
votou por autorizar a abertura de crédito extraordinário para que o governo
federal regularize, até 2026, o pagamento de precatórios – dívidas do poder
público reconhecidas em definitivo pela Justiça.
O ministro votou por declarar a inconstitucionalidade do teto para o pagamento de precatórios, que foi proposto em 2021 pelo governo de Jair Bolsonaro e aprovado pelo Congresso Nacional. À época, a medida foi justificada como sendo um esforço para cumprir as metas fiscais então vigentes.
O teto foi
questionado no Supremo ainda em 2021 pelo PDT e pela Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB). Um dos principais pontos questionados é a suspensão da obrigação
do governo de pagar precatórios acima do teto entre os anos 2022 e 2026.
Por meio da
Advocacia-Geral da União (AGU), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva se manifestou por antecipar o pagamento de precatórios que ficariam
atrasados para 2027. O objetivo principal é evitar o acúmulo das dívidas
judiciais a um nível impagável no futuro.
Crédito extraordinário
Pelo voto do
relator, o governo fica autorizado a abrir crédito extraordinário para o
pagamento do estoque de dívidas judiciais entre 2022 e 2024 e entre 2025 e
2026. Dessa maneira, tais pagamentos não entram no cálculo para o cumprimento
de metas fiscais.
Fux recusou,
contudo, o pedido para que os precatórios pudessem ser classificados como
despesa financeiras pelo governo, o que tornaria mais fácil contornar regras do
novo arcabouço fiscal, aprovado neste ano pelo Congresso.
Matéria
alterada às 12h53 para acréscimo do voto da ministra Cármen Lúcia.
Edição:
Kleber Sampaio