Ministro quer acabar com saque aniversário do FGTS, estimular consignado e devolver recursos não dados em garantia aos bancos
Ministro quer acabar com saque aniversário do FGTS, estimular consignado e devolver recursos não dados em garantia aos bancos
Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que já tem sinal verde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei, ou Medida Provisória, tratando do assunto.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O ministro
do Trabalho, Luiz Marinho, reafirmou nesta terça-feira (27) a intenção de
acabar com o saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS).
O
saque-aniversário, instituído em 2020 pelo governo Bolsonaro, permite ao
trabalhador sacar parte do saldo da conta do FGTS anualmente, no mês do seu
aniversário. Por outro lado, caso o trabalhador seja demitido, pode sacar
apenas o valor referente à multa rescisória, não podendo sacar o valor integral
da conta. Este é um dos pontos criticados por Luiz Marinho.
Para acabar
com o saque-aniversário do FGTS, Marinho disse que está sendo finalizado um
projeto de lei — que também pode ser uma medida provisória — para ser enviado
ao Congresso Nacional. Marinho afirmou que já tem autorização do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para levar adiante a proposta, dependendo apenas do
encaminhamento de outros ministérios.
Segundo o
ministro, há reclamações de trabalhadores que aderiram ao saque aniversário do
FGTS e que não conseguem mais sacar os recursos quando são demitidos.
“Se o
FGTS tem na sua essência, entre as funções, trazer a proteção no futuro do
desemprego, o cidadão que aderiu o saque aniversário não pode sacar o seu
saldo. Sendo que o FGTS foi pensado no caso de desemprego”, criticou o
ministro do Trabalho.
Para liberar
mais dinheiro aos trabalhadores, o ministro do Trabalho informou que o projeto
vai tratar de mudanças no formato do consignado ao setor privado e liberar
recursos não dados como garantia aos empréstimos bancários.
Mudanças no consignado
Para que o
trabalhador possa contar com mais recursos, Marinho afirmou que será proposta
uma ferramenta, por meio do FGTS Digital, lançado nesta terça-feira (veja mais
abaixo), que possibilitará a concessão de empréstimos consignado (com desconto
em folha) pelos bancos, sem intermediação das empresas contratantes.
“Vai
criar o consignado do setor privado, que hoje inexiste. Hoje, o consignado
poderia estar existindo se as empresa tivessem feito convênio com os bancos.
Não fizeram, então não tem como fazer. Nós, a partir da ferramenta do eSocial e
do FGTS Digital, cria-se uma rubrica para possibilitar ao trabalhador que possa
tomar esse empréstimo sem intermediação do empregador. Não precisará consultar o
trabalhador, que não precisará fazer novo serviço”, explicou o ministro do
Trabalho.
De acordo
com ele, a nova ferramenta administrará toda relação com os bancos, com o
trabalhador e com o empregador. “Quando a empresa receber lá, você tem que
descontar X reais do fundo de garantia, terá uma rubrica. O FGTS não entra como
garantia”, acrescentou.
Apesar das
declarações do ministro, dados do Banco Central apontam que, em dezembro do ano
passado, o volume total de empréstimos consignados (com desconto em folha de
pagamentos) para trabalhadores do setor privado somou R$ 41,3 bilhões. Esse
estoque, entretanto, é bem menor do que o valor liberado a aposentados do INSS,
que somava R$ 238,9 bilhões no fim de 2023.
Liberação de recursos
Para que o
trabalhador possa ter dinheiro no momento de uma eventual demissão, ele
defendeu que os recursos não dados em garantia a empréstimos bancários também
possam ser liberados.
“O
cidadão tem um contrato com o banco. Se ele fez o contrato em dez anos, será
honrado em dez anos. Se ele fez em três anos, será honrado em três anos (…) O
cidadão que está reclamando o direito de sacar o seu saldo. Vamos imaginar que
ele tenha R$ 20 mil. Desses R$ 20 mil, consignou R$ 15 mil. Deve R$ 15 mil ao
banco. Ele vai sacar o que é seu, os R$ 5 mil. Os outros ficarão para honrar o
contrato”, explicou o ministro do Trabalho.
FGTS digital
O governo
federal também lançou nesta terça-feira uma nova forma de recolhimento do FGTS,
chamado de FGTS digital. Segundo o Ministério do Trabalho, o novo método vai
facilitar e simplificar a vida dos empregadores, utilizando informações do
eSocial como base de dados, interface 100% web e diversas opções para gerar
guias.
O novo
formato, segundo o governo, permitirá:
– Maior
facilidade para emissão e personalização de guias;
– Mais
agilidade no processo de individualização (depósitos dos valores recolhidos nas
contas vinculadas dos trabalhadores);
– Celeridade
no pagamento de FGTS em atraso, com a possibilidade de recolhimento de vários
meses em uma única guia;
– Cálculo
automático da multa do FGTS com base no histórico de remunerações do eSocial;
Ferramenta automática para recomposição de salários de períodos anteriores e pagamento da indenização compensatória.
“Além
disso, a utilização do Pix (mecanismo de pagamento instantâneo) como ferramenta
de pagamento do FGTS irá trazer ganhos de confiabilidade, agilidade e
facilidade, otimizando o processo de individualização na conta do
trabalhado”, informou o governo.