Moraes diz que origem de atentado está no “gabinete do ódio”
Moraes diz que origem de atentado está no "gabinete do ódio"
Ministro descartou anistia a criminosos.
Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil
O atentado
cometido na noite desta quarta-feira (13) nas proximidades do Supremo Tribunal
Federal (STF) teve como fonte de estímulo, segundo o ministro Alexandre de
Moraes, a polarização política instalada no país nos últimos anos e o
“gabinete do ódio”, montado durante o governo de Jair Bolsonaro.
“O que o
ocorreu ontem não é fato isolado do contexto. Queira Deus que seja um ato
isolado, mas, no contexto, é algo que se iniciou lá atrás, com o famoso
gabinete do ódio destilando discursos de ódio contra instituições, Judiciário
e, principalmente, o STF. Contra as pessoas dos ministros do STF e os
familiares de cada um dos seus ministros. Isso foi se avolumando, agigantando,
aumentando o descrédito nas instituições, resultando no 8 de janeiro”, disse o
ministro.
O
“gabinete do ódio” citado por Moraes é o nome dado ao núcleo de
auxiliares e assessores de Bolsonaro que, segundo as investigações da Polícia
Federal, teria o objetivo de espalhar notícias falsas e ataques a adversários
durante a gestão do ex-presidente.
De acordo com Moraes, o atentado a bomba cometido pelo ex-candidato pelo PL ao cargo de vereador do município de Rio do Sul (SC) Francisco Wanderley Luiz (Tiu França) reforça a necessidade de eliminar qualquer possibilidade de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes, bem como a necessidade de regulamentação das redes sociais.
As
afirmações foram feitas nesta quinta-feira (14) durante uma sessão ordinária do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo o
ministro, é também necessária a união de todas autoridades não apenas em defesa
da democracia, mas pela responsabilização total de todos aqueles que atentaram
contra a democracia.
“A
impunidade destes gera eventos como o de ontem. A impunidade vai gerar mais
impunidade”, disse.
Sem
anistia
Moraes
acrescentou que o atentado foi uma demonstração de que a pacificação do país só
será possível a partir da responsabilização de todos os criminosos e que,
portanto, não há possibilidade de pacificação com anistia.
“Todos sabem
que criminoso anistiado é criminoso impune e que a impunidade vai gerar mais
criminalidade, como ocorreu ontem com uma tentativa de explodir o STF. Várias
pessoas foram instigadas a agredir e atacar [as instituições], a tal ponto que
hoje se utilizam bombas para isso. Tirando o 8 de janeiro, talvez este seja o
atentado mais grave contra o STF”, acrescentou ao afirmar que a intenção
inicial de Francisco Wanderley Luiz era a de explodir o artefato no interior do
tribunal.
Regulamentação
das redes sociais
Moraes
defendeu também a regulamentação das redes sociais.
“Não se pode
ter esse envenenamento constante feito pelas redes sociais, para podermos
pacificar o país, sem criminosos atentando contra a democracia”.
O ministro
reiterou que muitas das pessoas manipuladas distorcem o conceito de liberdade
de expressão, estimuladas por motivações políticas, e que cometem crimes a
partir disso.
“Em nenhum
lugar do mundo ameaçar, coagir é liberdade de expressão”