Mortes de civis em Rafah podem ter acontecido devido a ‘explosões secundárias’ em depósito do Hamas, diz Israel

Mortes de civis em Rafah podem ter acontecido devido a 'explosões secundárias' em depósito do Hamas, diz Israel

Forças de Defesa de Israel disseram que incêndio que atingiu acampamento de refugiados no sul da Faixa de Gaza pode ter se iniciado em local onde o Hamas supostamente guardava munições.


Por g1

As Forças Armadas de Israel afirmaram, nesta terça-feira (28), que estão investigando a possibilidade de “explosões secundárias” decorrentes de um bombardeio contra líderes do Hamas terem atingido um acampamento de refugiados em Rafah, matando dezenas de civis.

A morte de crianças, mulheres e idosos levou a uma forte condenação de diversos países ao redor do mundo, incluindo tradicionais aliados de Israel, como a França.

“O ataque realizado em Rafah, a 1,7 km da área humanitária, usou munições de precisão carregando 34 kg de explosivos para eliminar dois líderes terroristas do Hamas”, dizem os militares israelenses, em nota, negando que o alvo seria o acampamento onde estavam os civis.

“Estamos examinando a possibilidade de explosões secundárias a partir de um depósito de munições do Hamas próximo ao local onde estavam os civis e a 100 metros de distância dos alvos —causando o incêndio que tragicamente tirou vidas civis”, afirma o comunicado.

“Estamos investigando a causa do incêndio e vamos continuar a operar de acordo com o direito internacional”, conclui a nota.

Na segunda-feira (27), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o ataque a um acampamento de refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza, foi um “erro trágico”.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, cerca de 45 pessoas morreram durante o ataque, na noite de domingo (26). Há relatos de mulheres, crianças e idosos entre as vítimas, muitas delas carbonizadas. Israel admitiu que pode ter havido um incêndio no acampamento em decorrência do bombardeio. Houve forte reação internacional.

Em um discurso ao Parlamento, Netanyahu afirmou que, “apesar dos nossos máximos esforços para não ferir civis inocentes, na noite passada, houve um erro trágico. Nós estamos investigando o incidente e vamos obter uma conclusão, pois essa é a nossa postura”.

A área atingida era um acampamento para onde parte da população de Rafah havia acabado de se mudar por conta do início da ofensiva de Israel na cidade, para onde cerca de 1,5 milhão de palestinos fugiram por ataque de Israel no resto do território palestino.

António Guterres, o secretário-geral da ONU, condenou as ações de Israel que mataram inocentes civis “que só buscavam abrigo contra esse conflito mortal”.

“Não há lugar seguro na Faixa de Gaza. Esse horror precisa parar”, afirmou ele na rede social X (antigo Twitter).

Martin Griffiths, chefe do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU, criticou o ataque de Israel:

“Outra atualização sombria de Gaza. O ataque aéreo de Israel em Rafah na noite passada matou dezenas de pessoas, muitas delas mulheres e crianças queimadas vivas (…) Tamanha impunidade não pode continuar”, escreveu na rede social X (ex-Twitter).

Ministros das Relações Exteriores de países europeus se reunirão para cobrar de Israel o cumprimento aos direitos humanos.

O ataque também deixou dezenas de feridos. Tendas de ajuda humanitária no local pegaram fogo após as explosões.

Inicialmente, Israel afirmou que o alvo do ataque aéreo era um complexo do Hamas em Rafah e que os locais atingidos “eram legítimos sob as leis internacionais”. Dois líderes do grupo terrorista foram mortos na operação, de acordo com o Exército do país.

Israel também disse que uma investigação inicial mostrou que as vítimas foram mortas por incêndios causados pelo bombardeio. O porta-voz do governo, Avi Hyman, afirmou que uma investigação maior sobre o caso está sendo feita.

O Exército israelense informou que está ciente sobre os civis feridos em decorrência do ataque e que analisa o caso.

O governo israelense afirmou ainda que os alvos foram “definidos com base em informações precisas”, que indicavam que a área era usada pelo grupo terrorista.

Os Estados Unidos pediram novamente nesta segunda que Israel tome mais cuidado para proteger os civis, mas não chegaram a pedir a interrupção da incursão em Rafah. Os EUA são os maiores aliados de Israel.

A organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras publicou mensagem informando que ao menos 15 mortos em decorrência do ataque foram levadas para um ponto de apoio da organização e que pede por um cessar-fogo imediato em Gaza.

Na sexta (24), a Corte Internacional de Justiça, o tribunal mais alto da Organização das Nações Unidas (ONU) para julgar disputas entre Estados, ordenou que Israel interrompesse todas as operações militares em Rafah. A decisão é obrigatória, mas o tribunal não dispõe de força policial para garantir que o país a cumpra.

A corte também determinou que o governo israelense permitisse a entrada de ajuda humanitária pela fronteira entre o sul de Gaza e o Egito, além de garantir o acesso de observadores externos para monitorar a situação.

Em resposta à ordem da Corte Internacional, o governo de Israel disse que alegações apresentadas são “falsas, ultrajantes e nojentas” e que a campanha militar “não levou e não vai levar à destruição da população palestina civil em Rafah”.

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