Mortes no terremoto da Turquia e da Síria passam de 22 mil, e sobreviventes são retirados com vida mais de cem horas sob escombros
Mortes no terremoto da Turquia e da Síria passam de 22 mil, e sobreviventes são retirados com vida mais de cem horas sob escombros
ONU estima que número de vítimas possa chegar a 40 mil. Equipes de resgate avançam nas buscas, enquanto moradores na Turquia se queixam da falta de estrutura dos edifícios, muitos deles novos.
Por g1 10/02/2023 07h14 - Atualizado há 18 minutos
Cem horas de angústia e desespero, centenas de toneladas de escombros, um número de vítimas cada vez maior, resgates emocionantes e a dificuldade para a chegada de ajuda.
É com este balanço que o sul da Turquia e o norte da Síria fecham uma das piores semanas na história na região, após o terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o local na segunda-feira (6).
O número oficial de mortos por conta do tremor passa de 22 mil – a contagem quadruplicou desde segunda-feira (6), e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pode chegar a 40 mil.
O avanço das mortes tornou este terremoto o pior e mais mortal dos últimos 80 anos – superando outro tremor em território turco em 1999, que teve 17 mil mortos – e o sétimo mais mortal do mundo (veja aqui a lista completa dos últimos 20 anos).
Até agora, estas são as principais informações sobre o terremoto:
– Há 22.588 mortes confirmadas – 19.388 na Turquia e mais de 3.200 na Síria – levando em conta os balanços fornecidos pelo governo nacional e por grupos de resgate que atuam no noroeste do país, controlado por jihadistas e rebeldes.
– O terremoto ocorreu na madrugada de segunda-feira (6) no povoado de Kahramanmaras, no sudoeste da Turquia, perto da fronteira com a Síria.
– Cerca de 1.500 réplicas foram registradas após o primeiro tremor.
– Milhares ainda estão desaparecidos, e mais de 50 mil ficaram feridos.
– Mais de 70 países enviaram ajuda humanitária e equipes de resgate, que já chegaram aos dois países – a primeira equipe do Brasil embarcou nesta quinta.
– O governo turco declarou estado de emergência por três meses em dez cidades.
– O tremor durou cerca de um minuto e meio e teve um raio de alcance de 250 quilômetros, atingindo centenas de municípios.
– O epicentro ocorreu a 10 quilômetros da superfície – profundidade considerada muito baixa e que explica, em parte, os efeitos devastadores.
– O tremor também foi sentido em Israel, no Iraque, no Chipre e no Líbano. Não há registro de vítimas nesses países.
– O raio de alcance do tremor foi de 250 quilômetros e, portanto, foi fortemente sentido em centenas de municípios e cidades dos dois países.
– Foi o pior terremoto desde 1939 na região, muito propensa ao fenômeno por ser uma área de encontro de placas tectônicas.
– Mais de 70 mil pessoas ficaram feridas, e milhares ainda estão desaparecidas.
Também nesta
sexta-feira (10), a ajuda humanitária começou a chegar na Síria – a região
afetada pelo terremoto nesse país é controlada por rebeldes, rivais ao
presidente do país, Bashar al-Assad, que é quem oficialmente recebe toda a
ajuda enviada por outros países.
Bashar
al-Assad, que visitou nesta sexta à região, é acusado de não estar distribuindo
a ajuda por conta da rivalidade.
Por
enquanto, o socorro na parte síria afetada pelo terremoto é feita quase toda
por cerca de 3.000 Capacetes Brancos, o grupo de voluntários que atuam no país
há anos.
Para
acelerar o socorro à Síria, a ONU abriu nesta sexta-feira um corredor
humanitário entre o sul da Turquia e o norte sírio. Ancara afirmou também estar
estudando abrir as fronteiras na região para facilitar a entrada de ajuda no país
vizinho. A OMS disse nesta sexta que os recursos de resgate e manutenção das
operações na Síria estão perto de terminar.
Essa ajuda é
crucial, também para sobreviventes e pessoas que tiveram suas casas destruídas
– a Turquia estima em mais de 70 mil esses afetados só na Turquia. Eles
passaram a noite sob temperaturas negativas e sem aquecimento, dependendo
apenas da alimentação e mantimentos da ajuda internacional.
Histórias
emocionantes do resgate
Apesar de
todas as dificuldades, as equipes de busca têm conseguido fazer resgates
bem-sucedidos e emocionantes, superando expectativas.
Nesta sexta,
uma mulher e seu bebê de apenas dez dias foram resgatados com vida após ficarem
mais de cem horas sob os escombros, segundo o governo turco.
Ao longo da
semana, o trabalho das equipes de resgate também gerou histórias de superação e
outras devastadoras, entre elas:
Um pai,
sentado em uma cadeira, segurando a mãe da filha adolescente, que não resistiu
aos ferimentos e morreu sob os escombros.
Uma família
inteira salva com vida diante dos aplausos e da vibração de quem acompanhava o
resgate.
Uma bebê
nascida sob os escombros, retirada com cordão umbilical de lá, ainda com vida
mas já sem sua mãe e seu pai, que morreram no local.
Tremor de
magnitude 7,8 deixou mais de 5 mil mortos na Turquia e na Síria, na madrugada
de 6 de fevereiro de 2023. No dia seguinte, milhares de pessoas ainda estavam
desaparecidas.
Frio
O frio
extremo e a quantidade de escombros – as áreas atingidas tinham muitos
edifícios – complicam os trabalhos.
O
vice-presidente turco, Fuat Oktay, reconheceu esta semana que as condições
climáticas severas dificultaram os resgates e o envio de ajuda às regiões
afetadas.
Oktay disse
que, diante das dificuldades, apenas veículos de resgate e ajuda estão
autorizados a entrar ou sair de Hatay, Kahramanmaras e Adiyaman, três das
províncias mais afetadas.
As operações
de resgate estão se concentrando nessas três províncias e em Malatya.
Conflitos
na Síria
Na Síria, os
tremores abalaram principalmente o noroeste do país, que é controlado por
jihadistas e rebeldes, o que dificulta o socorro às vítimas. Os países que não
têm relação com o governo sírio estão enviando doações diretamente a ONGs para
ajudar os impactados pelo terremoto.
Nesta sexta,
a Organização das Nações Unidas (ONU) disse ter conseguido enviar seis
funcionários à região, que coordenam trabalhos.
Os terremotos que atingiram a Síria e a Turquia nesta segunda-feira (6) deixaram brasileiros desabrigados em território turco, de acordo com o conselheiro da Embaixada do Brasil na Turquia Marcelo Viegas. Não há informações sobre brasileiros mortos ou feridos pelos tremores.
Os
brasileiros Lucas Saad e Gabriela Waked estavam em Alepo, na Síria, durante o
terremoto. Os dois são produtores de conteúdo e estão fazendo uma viagem longa
— Gabriela está viajando há dez meses, Lucas está dando uma volta ao mundo.
Eles
contaram que estavam dormindo no quarto de um hotel em Alepo quando foram
acordados pelo tremor.