Na Europa, Lula critica gastos com guerra na Ucrânia e diz que sanções econômicas servem para ‘penalizar’ vulneráveis
Na Europa, Lula critica gastos com guerra na Ucrânia e diz que sanções econômicas servem para 'penalizar' vulneráveis
Presidente discursou na Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica. Ele também defendeu desenvolvimento sustentável na Amazônia, e acrescentou que a floresta não é um 'santuário ecológico'.
Por Pedro Henrique Gomes, g1 — Brasília 17/07/2023 12h34 - Atualizado há 2 horas
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta segunda-feira (17) gastos com a
guerra entre Rússia e Ucrânia em detrimento de investimento em ações de combate
à fome. Ele também afirmou que as sanções impostas pelos países europeus, em
razão do conflito, penalizam as populações mais vulneráveis.
Lula deu as
declarações durante discurso na Cúpula da Comunidade dos Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, em Bruxelas, na
Bélgica.
“Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. O Brasil apoia as iniciativas promovidas por diferentes países e regiões em favor da cessação imediata de hostilidades e de uma paz negociada. Recorrer a sanções e bloqueios sem o amparo do direito internacional serve apenas para penalizar as populações mais vulneráveis”, afirmou o petista.
Após o início
do conflito, com a invasão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022, nações
europeias e os Estados Unidos impuseram uma série de sanções econômicas à
Rússia, como restrições de exportações e importações de produtos.
Os países
também fizeram aportes de recursos e armamentos para a Ucrânia utilizar no
conflito com os russos.
“A
guerra no coração da Europa veio para aumentar a fome e a desigualdade, ao
mesmo [tempo em] que elevou os gastos militares globais. Apenas em 2022, em vez
de matar a fome de milhões de seres humanos, o mundo gastou 2,24 trilhões de
dólares para alimentar a máquina de guerra, que só causa mortes, destruição e
ainda mais fome”, declarou Lula em Bruxelas.
Amazônia
No
pronunciamento, diante de chefes de Estado de diversos países, Lula defendeu a
proteção da Amazônia e voltou a dizer que o Brasil acabará com o desmatamento
ilegal no bioma até 2030. No entanto, Lula afirmou que a floresta “não
pode ser vista apenas como um santuário ecológico”.
“O
desenvolvimento sustentável possui três dimensões inseparáveis: a econômica, a
social e a ambiental. O mundo precisa se preocupar com o direito de viver bem
dos habitantes da Amazônia”, afirmou.
O presidente
brasileiro voltou a cobrar, das potências mundiais, a destinação de recursos
para o desenvolvimento sustentável, uma promessa feita há mais de dez anos.
“Em
2009, os países ricos se comprometeram a destinar 100 bilhões de dólares ao ano
para os países em desenvolvimento, como forma de compensação pelo mal que
causaram ao planeta desde a revolução industrial. Esse compromisso nunca foi
cumprido”, afirmou.
Plataformas digitais
O presidente
também defendeu a regulamentação de plataformas digitais, para o enfrentamento
a fake news e crimes cibernéticos.
“É
urgente regulamentarmos o uso das plataformas para combater ilícitos
cibernéticos e a desinformação. O que é crime na vida real, deve ser crime no
mundo digital.
O Congresso
Nacional discute um projeto que define regras para o funcionamento de redes
sociais no Brasil. Polêmica, a proposta que já foi aprovada pelo Senado, chegou
a ter o regime de urgência aprovado pela Câmara. O conteúdo do chamado “PL
das fake news”, no entanto, não foi votado, por falta de consenso.
No discurso, Lula também falou sobre os aplicativos de entrega de comida e de transporte. Ele disse que essas plataformas “não podem simplesmente abolir as leis trabalhistas” dos países.